Carlota Joaquina, Princesa do Brazil nos conta a história
de uma mimada princesa espanhola que foi dada em casamento a Dom João VI, um
principe bonachão e herdeiro do trono português, como filho de
Dona Maria Louca, uma rainha que ficou
com o juizo abalado após a morte do marido. O filme foi dirigido por Carla Camuratti, que também assinou o roteiro
juntamente com Merlanie Dimantas e Angus Mitchell, numa produção ambiciosa para
o mercado internacional, com diálogos em
português, espanhol e inglês, conta como
suporte principal um excelente desempenho de Marieta Severo (Carlota Joaquina)
e Marco Nanini (D.João VI), que
comandou a transferência da família real para o Brasil fugindo da ocupação do
exército de Napoleão ao reino de Portugal.
O filme mostra que com a morte do do rei D. José
I e a declaração de insanidade da sua
mulher Dona Maria I, o seu filho, D. João
acabou indicado como principe regente, o que o deixou atemorizado
trancando-se no palácio onde ficou isolado por vários dias. Ele era casado
com a infanta Carlota Joaquina de
Bourbon, que o mordeu quase arrancando uma das suas orelhas no encontro da
noite de núpcias e que se revela ao longo do tempo uma mulher irascível, insaciável
em sua sede de poder e de sexo, com muitos amantes e que teve nove filhos
muitos deles fora do casamento. Em 1807, na tentativa escapar das tropas napoleônicas que ocuparam Portugal, o casal e a corte transferem-se às pressas para o Brasil, passando por Salvador e fixando-se em seguida no Rio de Janeiro. onde a família real e representantes da nobreza portuguesa –cerca de 15 mil pessoas transportadas em 36 navios - viveram exilados por 13 anos, tempo em que piorou ainda mais o relacionamento do casal real, em função dos desentendimentos com a vaidosa e arrogante Carlota Joaquina, que havia declado que “jamais serei a princesa do Brasil” e tinha sonhos de comandar o reino lusitano.
Ao chegar no Brasil a princesa e as damas da corte usavam turbantes para esconder os cabelos curtos em função de uma epidemia de piolhos, mas isso passou a ser visto pelas suditas brasileiras como uma moda da corte lusitana. A mulher também castigava aos suditos que não se curvavam para a sua passagem na ruas do Rio de Janeiro e fez valer o seu estilo autoritário.
Considerado intelectualmente muito limitado, D. João se revelou um principe bonachão, que quando não sabia o que fazer preferia não fazer nada. Mesmo assim, ele passou 20 dias para responder a Napoleão sobre um possivel rompimento com os ingleses, seus aliados e inimigos dos franceses que declararam um bloquio marítimo à Inglaterra, ganhando tempo para preparar a transferência da familia real para o Brasil com apoio da marinha britânica. A proposta era questionada pela sua mulher que queria enfrentar os franceses a qualquer custo, subestimando a capacidade militar do exército francês, enquanto o marido preferia ser conisderado um principe fujão a um rei morto.
O filme que tem o sabor de uma comédia histórica, mostra o principe-regente como um homem indeciso, glutão, medroso, não afeito à higiene, que se pelava de medo durante as tempestades com trovoadas e relâmpagos, mas, mesmo assim era um habil articulador politico e que infligiu derrotas às tramas de bastidores da mulher, que no Brasil teve um caso torrido com um negro, Fernando Carneiro Leão, seu último e grande amor, a quem o principe nomeia depois diretor do Banco do Brasil.
Cabe
destacar que a chegada da familia real ao Brasil gerou problemas para a
população nativa, que teve suas casas ocupadas pelos nobres lusitanos, além de
provocar uma crise no abastecimento e inflacionar o preço dos alimentos. Na
área política, embora as cortes de Portugal e Espanha aceitem o direito de
Carlota Joaquina à coroa do reinado do Prata, que incluia o Uruguai, D. João VI
não dá recursos para este projeto, alegando que não tinha dinheiro para
expandir com a incorporação dos novos territórios.
Carlota
também chocou os nativos brasileiros tomando banho de mar, coisa de ínidios e
vendia favores reais para os nobres nativos. Ele resgata uma etapa da história
do Brasil colônia, mostrando que na volta para Portugal, ela descalça dos
sapatos ao enttar no navio lembrando que “desta terra eu não quero nem o pó.” Na corte lusitana, Carlota
investe no filho Miguel, para derrubar
D.João VI, que morre em circunstâncsias misteriosas, mas mostra que em história
quanto mais você lê, menos sabe, até porque cada um autor tem uma versão
diferente dos fatos.(Kleber Torres)