segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O que é felicidade ?







Felicidade é, de Andrew Shapter, é um documentário em forma de road-trip uma modalidade de filme muito comum nos Estados Unidos, que mostra uma viagem pelo país visando discutir  e fazer uma reflexão sobre os mitos e as verdades sobre a busca da felicidade (happiness pursuit), o que pressupõe o direito à vida, à liberdade e à segurança em termos de saúde, bem estar social e acesso aos bens e serviços. Tudo isso se soma à realização pessoal do indivíduo e sua inclusão na sociedade onde vive e atua.
O documentário realizado em 2008, foi exibido esta semana no Sundance Channel, reunindo uma série de entrevistas e depoimentos  enfocando aspectos da sociedade de consumo, da própria comparação entre as pessoas e as mudanças sociais na sociedade americana, onde as pessoas se mudam com freqüência e perdem suas raízes ou laços. Hoje, o americano médio tem apenas cerca de 1,2 amigos e revelam a fragilidade de uma sociedade pós-moderna e da modernidade líquida, com suas relações virtuais e impessoais.
O filme também nos leva  uma reflexão de que ser feliz não significa apenas acumular bens e  riquezas materiais, mas ter uma vida cultural e espiritual rica, uma vez que as adversidades também nos levam ao crescimento pessoal e à compreensão da complexidade e da finitude da vida. Também faz referências à importância da resiliência capacidade de se reconstruir para superar dificuldades e problemas.
Ele nos revela a necessidade de termos um objetivo na vida e que num país pobre, ter o direito a um prato de comida por dia já é um motivo de felicidade. Hoje, nos Estados Unidos 21% do jovens vivem em situação de pobreza, 1,2 milhão de crianças estão nas ruas e 40% dos homens moradores de rua são ex-veteranos de guerra e drogados. O filme também mostra a ação de entidades assistenciais, uma delas com 13 veículos operando em grandes cidades distribuindo mais de um milhão de lanches e refeições para pessoas carentes, em sua maioria homens.  

Andre Shapter dirigiu em 2006 o documentário  Before the Music Dies, produzido e escrito com Joel Rasmussen, que reuniu no elenco Erykah Badu, Dave Matthews, Eric Clapton, Branford Marsalis and Questlove. Depois ele dirigiu Happiness Is, produzido 2009, e que se propõe a discutir em termos psicológicos, sociais e econômicos a busca da felicidade, um sonho que persegue a todos nos que somos humanos e finitos. 

sábado, 27 de dezembro de 2014

Eu e Orson Welles


O roteiro é simples e conta a história de Richard Samuelson (Zac Efron), um adolescente de  17 anos, ainda está cursando o segundo grau, que faz a sua descoberta para a vida e busca uma vocação. Ao passar casualmente diante do Teatro Mercury, em Nova York, ele teve a oportunidade de participar de um teste para se integrar uma nova montagem de "Júlio César", um clássico de William Shakespeare, tendo Orson Welles (Christian McKay), com 22 anos, já uma celebridade consagrada no rádio e no teatro, como diretor e astro principal.
Richard terá apenas uma pequena participação na peça, graças à sua habilidade ao tocar ukelele, um instrumento de cordas e que lhe permite  contracenar com Welles. Nos bastidores da montagem, ele conhece Sonja Jones (Claire Danes), secretária do espetáculo, que tem ambições maiores para a carreira e por quem numa se apaixona.
Aos poucos ele se interessa por ela, mas ao mesmo tempo que precisa lidar com a personalidade egocêntrica, manipuladora e autoritária de Welles, que mesmo casado com uma mulher grávida é um conquistador incorrigível, sem admitir nenhum tipo de concorrência e nem de contestação. Como ator ele tem apenas uma participação no espetáculo de estréia e é despedido sumariamente pelo diretor ao encontrar o personagem substituto.
Welles também mostra no filme a sua genialidade ao improvisar nas novelas  de rádio em que participava e ao montar a peça de Shakespeare fora do cenário romano, tendo como personagens mafiosos e nazistas vestidos de preto, numa releitura contemporânea daquela tragédia para o seu tempo e para os anos 40.
O filme, que retrata uma semana da vida do famoso cineasta, circulou com sucesso através dos circuitos independentes e teve a direção competente de Richard Linklater, que sempre foi um grande fã de Orson Welles e assistiu todos os seus filmes. Ele também considerou um desafio a transposição do personagem controvertido e ao mesmo tão criativo e explosivo para o cinema.
O fato é que a maioria das pessoas conhece Orson Welles, que se tornou uma celebridade em 1938  com o programa de rádio "Guerra dos Mundos", onde deixou os Estados Unidos em pânico ao colocar através das ondas artesianas uma invasão de seres de outros planetas de H.G.Welles. Esta peformance lhe valeu o convite para o cinema onde se impôs pela linguagem inovadora ao dirigir o imortal Cidadão Kane e outros filmes. Welles também esteve no Brasil e foi retratado num filme nacional “Nem tudo é verdade”, de Rogério Sganzerla, que lhe presta uma homenagem póstuma, tendo como narrador Grande Otelo. (Kleber Torres) 


Ficha técnica
Título: Eu e Orson Welles
Direção: Richard Linklater
Elenco: Zac Efron, Claire Danes e Christian McKay
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA  e Reino Unido
Lançamento: 2009

Duração: 1h47min

Águia na Cabeça



Os bastidores políticos, econômicos, culturais e sociais do jogo do bicho, ainda uma das poucas instituições sérias deste país, ao lado do Carnaval e do futebol, são mostrados com nitidez e todos os seus contrastem em A Águia na Cabeça.  O filme de Paulo Thiago explora com  objetividade uma temática popular e conhecida por todos os brasileiros, revelando o poder dos banqueiros do bicho – que hoje perdem espaço para os traficantes e o crime organizado - , com sua influência na vida política, econômica e social.
Paulo Thiago usa a linguagem dos filmes de ação e de aventura, misturado naturalmente com um melodrama sentimental e de fundo místico  para mexer com os sentimentos, a emoção e o interesse do público. Estes ingredientes  fazem com que o filme seja aberto a diversas leituras e releituras, inclusive como metáfora da própria realidade brasileira, um país em que as pessoas se assumem autoridade através do jeitinho, do suborno ou mesmo  da carteirada com a tradicional pergunta sobre você sabe com quem está falando?
Tudo começa quando um senador que tem contato com o jogo e a contravenção é assassinado pelo seu braço-direito, Cesar (Nuno Leal Maia), tenta  de todos os modos ocupar, inclusive através do casamento com a sua filha, o seu posição através de uma rede de intrigas e mortes. Ele entra em confronto com o Turco interpretado por Hugo Carvana, que é dirigiente de uma escola de samba e que tem como símbolo a águia, que no mundo real é uma referência ao símbolo do império Serrano.
O filme também explora não apenas a questão do poder e do domínio dos bicheiros nas comunidades onde atuam, bem como a sua associação com políticos, jornalistas e banqueiros, formando um circulo vicioso e que tem a sua própria dialética .
Águia na Cabeça também tenta em termos de ficção e aventura, uma incursão na linha dos filmes policiais, mas o seu principal foco está na disputa pelo poder político e econômico, numa sociedade onde o dinheiro dos bicheiros acaba lavado e esquentado através de operações  bancárias de forma periférica e marginal.  O dinheiro também custeava as escolas de samba.
O elenco reúne nomes expressivos como os Nuno Leal Maia, Christiane Torloni, Zezé Mota, Jece Valadão, Tereza Rachel e Hugo Carvana, além do irrepreensível Wilson Grey, que tema  seu crédito a participação em mais de 200 filmes nacionais  e cuja imagem está indissoluvelmente associada à do cinema brasileiro desde as chanchadas da Atlântida. Jofre Soares e Nildo Parente completam o elenco também com excelente desempenho. Em tempo: o filme também mostra que o crime compensa. (Kleber Torres em Princípio das Ideias)



Ficha Técnica:
Direção : Paulo Thiago
Roteiro: Aguinaldo Silva e Doc Comparato
Elenco :Nuno Leal Maia, Christiane Torloni, Zezé Motta, Jece Valadão, Jofre Soares, Xuxa Lopes, Tereza Raquel, Chico Díaz, Wilson Grey, Nildo Parente e Hugo Carvana
Ano : 1984

Duração: 108 minutos 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Hanna K



Em Hanna K o diretor Costa Gravas não atinge a densidade dramática que é uma marca registrada do seu trabalho, mas reconstrói uma história humana de uma advogada judia de origem polonesa e nascida nos Estados Unidos, que depois de separada do marido,opta por viver em Israel na busca de resgatar as suas origens.
Como advogada ela assume a defedesa de Selim Bakri, interpretado por Mohamed Bakri um jovem palestino suspeito de terrorismo. Nesse contexto se situa também o duelo permanente entre israeleneses e palestinos que lutam de todas as formas, inclusive com o uso do terrorismo para reconquistar a sua terra, dividida com os judeus após a segunda Guerra Mundial.
È neste quadro que surge  Selim,  um palestino que cruzou ilegalmente as fronteiras de Israel para retornar à sua terra natal, um pequeno povoado, mas acaba rotineiramente nas barras dos tribunais a cada tentativa de volta ao antigo lar.
Hanna H, interpretada por Jill Claybourgh,  assume a defesa do palestino, contrariando até mesmo a indiferença do seu ex-marido e do próprio amante, um promotor ultranacionalista, que tenta a todo custo separá-la do palestino, inclusive com o apoio da repressão policial.
O filme é polêmico e divide opiniões, embora não aborde politicamente a questão do sionismo e mesmo do anti-semitismo dos palestinos em relação aos judeus, mas tem o foco na defesa do direito a uma pátria para o povo palestino. O tema é ainda atual nos dias de hoje, em função do permanente confronto entre israeleneses e palestinos tendo como pano de fundo a Faixa de Gaza e as terras que circundam o fortificado território israelense protegido por um verdadeiro escudo anti-mísseis.
Costa Gravas é um diretor que sempre enfocou questões  humanas e políticas através da retomada de temas reais, tocando em feridas que muitas pessoas gostariam de ver esquecidas. Em Z, ele retrata a luta pela democracia; em Estado de Sítio, o seqüestro do embaixador americano Dan Mitrione e a guerra dos tupamaros com as forças militares do Uruguai, num regime militar opressor e em Missing, o desaparecimento de um estudante americano na sanguinolenta ditadura chilena.
Como diretor ele iniciou sua carreira em 1964, com o filme policial Compartiment tueurs (Crime do Carro Dormitório), mas só a partir do terceiro filme, Z, é que ele incorpora os  recursos dos filmes do gênero policial e de suspense  dentro de uma temática mais ampla com abrangência política e social, tendo sempre o real como pano de fundo de uma história que nem sempre é de ficção. (Kleber Torres)

Ficha técnica:
Título  Hanna K. (Original)
Dirigido por   Costa-Gavras
Elenco : Gabriel Byrne Jean Yanne,  Jill Clayburgh, Mohammed Bakri
Estreia: 1983 ( Brasil )
Duração: 111 minutos
Gênero: Drama

Países de Origem: Israel

Uma história verdadeira

Uma história verdadeira

          Marie,  a true history (Maria, uma historia verdadeira) é um filme de um gênero muito comum nos Estados Unidos: a reportagem retomada de modo ficcional. Ele reconstrói a história real de uma mulher divorciada, Marie Ragghianti (Sissy Spaceck), e que depois de cursar a faculdade, acaba conseguindo um emprego público numa instituição prisional do Tenesse, e  conquista graças ao esforço pessoal  um  importante  cargo na máquina do judiciário do estado.
Baseado em romance de Peter Maas, Roger Donaldson mostra que ao descobrir que há corrupção na instituição, Marie não se intimida e luta contra uma máfia verdadeira  instalada  no governo, colocando a sua vida em perigo. Mas a contradição entre estar em um importante cargo público e  o exercício efetivo da Justiça emerge, quando Marie, descobre que por trás do governador e de sua assessoria, bem como do próprio judiciário, funciona toda uma máquina corrupta e viciada.
Assim, depois de descobrir uma estreita relação entre criminosos, que compram a sua liberdade condicional através do suborno de autoridades, e o envolvimento  do próprio governador nesta prática, ela  procura o FBI a quem encaminha uma série de denúncias.
Pressionada, ela acaba perdendo o emprego,  mas isso gera um sério conflito judicial, que acaba na morte misteriosa da principal testemunha de defesa de Marie, que passa da condição de acusadora à ré, numa inversão de valores e fatos.
Produzido por Dino de Leurentis, o filme reúne no elenco Jeff Daniels, Sissy Spacek, Keith Szarabalka e Morgan Freeman, e mostra que a mutreta, a corrupção e o jeitinho não são, infelizmente,  apenas brasileiros.(Kleber Torres)

Ficha técnica
Direção: Roger Donaldson
Roteiro: John Briley
Elenco: Fred Dalton Thompson, Jeff Daniels, Keith Szarabajka, Morgan Freeman, Sissy Spacek
Produção: Elliot Schick, Frank Capra Jr
Fotografia: Chris Menges
Trilha Sonora: Francis Lai

Duração: 112 min.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Sol da Meia Noite



Sol da Meia Noite (White Nights) , que reúne o bailarino Mikhail  Baryshnikov, Geraldine Page e Gregory Hines, num filme de pouco balé e muito suspense, que nos revela as nuances do tenso mundo da guerra fria. O drama  se acentua quando um avião americano tem de fazer um pouso de emergência numa base soviética.
Tudo começa quando o bailarino Nikolai Rodchenko (Mikhail Baryshnikov) um russo exilado nos Estados Unido é aprisionado pela KGB quando seu avião sofre uma pane e realiza um pouso forçado em território soviético.
Lá tem contato com um bailarino americano Hines, que desertou do exército na época da Guerra do Vietnã, foi morar em Moscou e está casado com uma russa.
Dirigido por Taylor Hackford, o filme mistura balé com sapateado, e histórias típicas de capa e espada envolvendo a CIA, a KGB e tudo o que comporta o gênero e tem direito o rico mundo da espionagem.Revela também os bastidores de uma guerra latente e não declarada entre duas potencias e dois blocos econômicos e militares.
Mas o final é sempre feliz. Entre mortos e feridos escapam todos, inclusive o suposto espião que nada tinha com a história.

Ficha Técnica:
Título: Sol da Meia Noite / White Nights
Dirigido por   Taylor Hackford
Elenco : Mikhail Baryshnikov,  Galina Pomerantzeva,  Geraldine Page, Gregory Hines, Helen Mirre
Ano: 1985  
Duração: 136 minutos

Países de Origem: Estados Unidos da América