sábado, 26 de maio de 2018

Um ex-ladrão que escapou do dragão invisível da corrupção





Com locações em São Paulo, Brasília, Belém e Miami, o documentário “Pega Ladrão”,  assinado pelo  jornalista e diretor Otávio Escobar conta a  história do empresário paraense Sila da Conceição, que tem negócios no Brasil e nos Estados Unidos, com investimentos no setor financeiro, na construção civil e numa frota de táxi. 
Ex-batedor de carteiras até o inicio dos anos 80, ele atuou por dez anos como lanceiro  e passou onze meses preso, mas  ao ser solto, como não conseguia emprego no mercado formal de trabalho,  foi a um  banco onde conseguiu  empréstimo para comprar o primeiro carro - um fusca 79 - , táxi que dirigia mesmo sem habilitação, deu inicio à formação de uma frota que hoje opera em Belém e Manaus.
“Prazer, Sila, ex-ladrão”,  desta forma ele apresentou-se ao gerente do banco para pedir a concessão do primeiro empréstimo para a compra do primeiro táxi, sempre liquidando as dívidas antes do prazo, ampliando assim o acesso ao crédito.  Como não tinha referências comerciais, ele conta que apresentou ao gerente os nomes dos diretores dos presídios em que esteve detido e assim começou uma guinada na sua vida, iniciando uma história vitoriosa como empresário bem sucedido e que também foi tema de um livro “Danem-se as normas”, em que  narra a história da sua vida, um rapaz que em meados da década de 1960, trabalhava no mercado Ver-o-Peso, em Belém, onde vendia tapioca para garantir a sobrevivência da mãe e dos irmãos e que depois foi batedor de carteiras em três capitais brasileiras.
O livro e o documentário também falam da vida de Sila como ladrão com ações em Belém, depois em Brasília, que naquele tempo em que era batedor de carteiras não tinha tantos políticos e São Paulo, onde atuou por vários anos e cumpriu pena no Carandiru. Este passado também gerou dificuldades no mundo empresarial e acusações de policiais e jornais sobre o seu envolvimento com atividades ilícitas na sua ascensão no universo empresarial. No filme, ele conta que foi interpelado por um juiz porque tinha uma frota de cem carros, enquanto o magistrado não tinha nenhum ao que respondeu com ironia: “o senhor trabalhou mal”;
Já como empresário bem sucedido, ele participou de  talks shows, onde foi entrevistado por Marília Gabriela e Jô Soares, bem como esteve em eventos empresariais onde falava da sua experiência de sucesso lembrando que “mesmo quando era ladrão, eu já tinha uma filosofia de vida”. Outro segredo que ele ensina é que ninguém morre por trabalhar ou por amar demais.
Ele também atribui o seu sucesso empresarial à disciplina e diz que o segredo está não no que se ganha, mas no que se deixa de gastar.  No documentário está incluída uma reportagem do jornalista Tim Lopes, que foi morto no Rio, por traficantes, em 2002  e que um ano antes havia acompanhado Sila em uma visita à cela em que ficou preso no Carandiru e no hotel em que se hospedava no centro da capital paulista.
Hoje, Sila tem uma das maiores frotas de táxi de Belém e Manaus, e uma empresa de investimentos imobiliários nos Estados Unidos. Ele reside em Miami, onde dirige um Mercedes  pelas ruas e monitora os seus negócios, investindo na cidadania americana, mas questiona métodos vigentes no mundo dos negócios no Brasil, que muitas vezes ferem a própria ética em onde “ser honesto é foda”.

Para um homem que foi ladrão e conviveu com prostitutas, traficantes e assassinos, passando por diversas vezes pela prisão, o sucesso foi  resultado de trabalho honesto, até porque não se pode perder o crédito, e de muito esforço. Ele lamenta que no Brasil  de hoje tudo funcione na base da propina, por isso preferiu trabalhar e viver nos Estados Unidos, que oferece mais segurança e estabilidade para quem trabalha e investe sem ter de enfrentar o dragão invisível da corrupção ou o tradicional jeitinho brasileiro.(Kleber Torres_)

domingo, 13 de maio de 2018

Os caminhos do cinema e da invenção para uma Viagem à Lua








Uma obra prima na história do cinema, assim pode ser considerado o primeiro filme de ficção científica, "Viagem à Lua", lançado em 1902, com direção de Georges Méliès, definido como um dos primeiros mágicos do cinema. A produção assinada por Eric Lange, David Shepard e Serge Bloomberg, com duração de 15 minutos, foi inspirada em dois romances populares de sucesso na época: "Da Terra à Lua", de Júlio Verne, e "Os Primeiros Homens na Lua", de H. G. Wells.

O filme foi pioneiro na abordagem da possibilidade de uma viagem espacial e da existência de seres alienígenas, mas incluiu a utilização de foguetes de design parecido com os dos dias hodiernos, isso sem falar no uso de efeitos especiais e até mesmo com retorno dos astronautas à terra através de um pouso da nave num oceano. “Viagem à lua” também compatibiliza cenas de desenho animado de com a imagem de um foguete encravado  no olho da face visível da Lua com feições humanizadas.

Tudo começa quando o professor Barbenfouillis, interpretado por Georges Méliès, convence seus colegas a participarem de uma viagem de exploração lunar, um sonho atávico, acalentado pelo homem desde os tempos imemoriais. O grupo parte em uma nave parecida com as dos dias atuais que foi disparada por um imenso canhão e aterrissa no olho direito da Lua.

O problema é que o grupo de exploradores – que se vestem como os antigos feiticeiros e alquimistas - acaba enfrentando os seres lunares hostis que os levam ao seu rei para um possível julgamento. Numa virada diante da possível ameaça, terráqueos conseguem escapar quando descobrem que os inimigos explodem e viram fumaça diante de uma arma mortal: um simples toque de um guarda-chuva, evidenciando os primeiros efeitos especiais do cinema.

O filme é mudo, mas tem um fundo musical proporcionado pela Mont Alto Motion Picture Orchestra com participação de Eric Behein, Brian Benison, Antonio Coppola, Frederic Hodger, Robert Israel, Neal Kurz e Eric Le Guaen.  A obra produzida pela Star Film teve sua recuperação quadro a quadro concluída em 2011 pela Lubster Films, com uma versão colorida e uma em preto e branco como a original e termina com os heróis sendo recebidos em festa na terra, uma cena que se repetiu na vida real na segunda metade do século XX. (KLeber Torres)


Ficha técnica

Título : Viagem à Lua (Le Voyage dans la Lune)

Data de lançamento: 1 de setembro de 1902 (França)
Direção: Georges Méliès
Produção:  Eric Lange, David Shepard e Serge Blomberg
Figurino: Jeanne d'Alcy
Roteiro : Georges Méliès, Júlio Verne, H. G. Wells
Elenco: Georges Méliès, François Lallement, Jules-Eugène Legris
Drama/Fantasia/Ficção Científica
16 min

terça-feira, 1 de maio de 2018

Banksy ocupa Nova York com suas polêmicas obras de arte






O documentário Chris Moukarbel que tem como titulo Banksy ocupa Nova York (Banksy Does New York) tem como referência uma série de performances de guerrilha artística do britânico Banksy,  pseudônimo de um artista plástico  pintor de grafites e de telas, ativista político e diretor de cinema, que com  a sua arte de rua satírica e subversiva combina humor negro e grafites com um conjunto de técnicas revolucionárias e inovadoras, durante o mês de outubro de 2013, em Nova Iorque, onde  realizou uma série de performances  pelas ruas e espaços urbanos com interferências criativas  terrenos baldios, prédios decadentes e mesmo na parte inferior de  pontes ou viadutos.
O fato é que todas as suas intervenções foram divulgadas em um site e acabaram atraindo a atenção de moradores  da Big Apple e turistas, que fotografavam e faziam selfies junto às obras de arte. Dentre os happenings  se destacam uma crítica à construção da nova torre no Trade Center, além de uma escultura de um Ronald McDonald mal-humorado, com cara de um Deus grego e usando um enorme sapato vermelho que era engraxado por um jovem humildemente  humano.
Entre as surpresas das performances aparece a de um caminhão carregado de bichos de pelúcia que choravam e gritavam simbolizando animais indo para o abate, enquanto o veiculo era estacionado propositalmente em frente a lojas de comercialização de carne de gado, de frango ou de porco. Num outro evento,  ele colocou numa das ruas de NY um vendedor ambulante comercializando seus quadros que valiam US$ 250 mil no mercado formal pelo equivalente a US 60 ou seja cerca de R$ 210 reais, vendendo no total o equivalente a US$ 420, sendo que um dos compradores adquiriu quatro trabalhos para decorar a sua casa.
A performance atraiu uma verdadeira caçada entre fãs, aspirantes a colecionadores de arte e a polícia que os reprimia apreendendo inclusive uma das peças do artista que trabalhou anonimamente e em parceria com artistas americanos. Um especialista no mercado de arte não só catalogou as peças, como também ajudou aos proprietários das paredes e até mesmo de uma esfinge colocada pelo artista em um terreno baldio na realização de uma exposição em que não foram vendidos nenhum dos trabalhos de Banksy. O fato é que todos queriam um pedaço de sua obra antes que fossem destruídas e as tinham em muitos casos através de fotos ou ajudando na sua preservação.
Em sua essência, o  documentário busca  acompanhar a sequência  das obras de Banksy em Nova York e explora a velocidade da reação do público através do whatsApp e das redes sociais, numa mobilização sem precedentes como numa corrida do ouro ou mesmo na busca do sentido da arte e quem sabe da essência da própria vida, num tempo de metáforas e da instantaneidade.(Kleber Torres)


FIcha Técnica:

Título :  Banksy Does New York (Banksy ocupa Nova York)
Direção; Chris Moukarbel
Gênero : Documentário
Nacionalidade : EUA

Ano: 2017