Com locações em São Paulo, Brasília,
Belém e Miami, o documentário “Pega Ladrão”,
assinado pelo jornalista e
diretor Otávio Escobar conta a história
do empresário paraense Sila da Conceição, que tem negócios no Brasil e nos
Estados Unidos, com investimentos no setor financeiro, na construção civil e
numa frota de táxi.
Ex-batedor de carteiras até o inicio
dos anos 80, ele atuou por dez anos como lanceiro e passou onze meses preso, mas ao ser solto, como não conseguia emprego no
mercado formal de trabalho, foi a
um banco onde conseguiu empréstimo para comprar o primeiro carro - um
fusca 79 - , táxi que dirigia mesmo sem habilitação, deu inicio à formação de
uma frota que hoje opera em Belém e Manaus.
“Prazer, Sila, ex-ladrão”, desta forma ele apresentou-se ao gerente do
banco para pedir a concessão do primeiro empréstimo para a compra do primeiro
táxi, sempre liquidando as dívidas antes do prazo, ampliando assim o acesso ao
crédito. Como não tinha referências
comerciais, ele conta que apresentou ao gerente os nomes dos diretores dos
presídios em que esteve detido e assim começou uma guinada na sua vida,
iniciando uma história vitoriosa como empresário bem sucedido e que também foi
tema de um livro “Danem-se as normas”, em que
narra a história da sua vida, um rapaz que em meados da década de 1960,
trabalhava no mercado Ver-o-Peso, em Belém, onde vendia tapioca para garantir a
sobrevivência da mãe e dos irmãos e que depois foi batedor de carteiras em três
capitais brasileiras.
O livro e o documentário também falam
da vida de Sila como ladrão com ações em Belém, depois em Brasília, que naquele
tempo em que era batedor de carteiras não tinha tantos políticos e São Paulo,
onde atuou por vários anos e cumpriu pena no Carandiru. Este passado também
gerou dificuldades no mundo empresarial e acusações de policiais e jornais
sobre o seu envolvimento com atividades ilícitas na sua ascensão no universo
empresarial. No filme, ele conta que foi interpelado por um juiz porque tinha
uma frota de cem carros, enquanto o magistrado não tinha nenhum ao que
respondeu com ironia: “o senhor trabalhou mal”;
Já como empresário bem sucedido, ele
participou de talks shows, onde foi
entrevistado por Marília Gabriela e Jô Soares, bem como esteve em eventos
empresariais onde falava da sua experiência de sucesso lembrando que “mesmo
quando era ladrão, eu já tinha uma filosofia de vida”. Outro segredo que ele
ensina é que ninguém morre por trabalhar ou por amar demais.
Ele também atribui o seu sucesso
empresarial à disciplina e diz que o segredo está não no que se ganha, mas no
que se deixa de gastar. No documentário
está incluída uma reportagem do jornalista Tim Lopes, que foi morto no Rio, por
traficantes, em 2002 e que um ano antes
havia acompanhado Sila em uma visita à cela em que ficou preso no Carandiru e
no hotel em que se hospedava no centro da capital paulista.
Hoje, Sila tem uma das maiores frotas
de táxi de Belém e Manaus, e uma empresa de investimentos imobiliários nos
Estados Unidos. Ele reside em Miami, onde dirige um Mercedes pelas ruas e monitora os seus negócios,
investindo na cidadania americana, mas questiona métodos vigentes no mundo dos
negócios no Brasil, que muitas vezes ferem a própria ética em onde “ser honesto
é foda”.
Para um homem que foi ladrão e conviveu com
prostitutas, traficantes e assassinos, passando por diversas vezes pela prisão,
o sucesso foi resultado de trabalho
honesto, até porque não se pode perder o crédito, e de muito esforço. Ele
lamenta que no Brasil de hoje tudo
funcione na base da propina, por isso preferiu trabalhar e viver nos Estados
Unidos, que oferece mais segurança e estabilidade para quem trabalha e investe
sem ter de enfrentar o dragão invisível da corrupção ou o tradicional jeitinho
brasileiro.(Kleber Torres_)
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