domingo, 21 de outubro de 2018

O humor como opção diante da polarização de uma eleição




Num ano de eleições polarizadas em que a  corrupção aparece como pano de  fundo para o debate eleitoral, se misturando com temas como homofobia, tortura,  fake news,  manipulação da informação nas redes  sociais, lava jato, além de uma série infinita de boatos e  até um atentado a faca contra um candidato à presidência da República, nada como uma comédia para esfriar os ânimos mais exaltados.  Neste caso, a opção seria O Candidato Honesto (2014), dirigido por Roberto Santuci, em que João Ernesto Praxedes, interpretado por  Leandro Hassum, vive um político corrupto, candidato à presidência da República e que faz mil e uma armações para se eleger.
O filme é inspirado em O Mentiroso, de Tom Shadyaco. Tudo começa quando o ex-sindicalista João Ernesto Praxedes, um ex-motorista de ônibus que perde um mamilo num acidente  rodoviário  - qualquer semelhança com pessoas conhecidas pode não ser mera coincidência – se tornando um  político demagogo e corrupto candidato à presidência.
Ele chega ao segundo turno  das eleições, liderando as pesquisas de opinião, quando sua avó, pouco antes de falecer, lhe faz um último pedido para que seja honesto e o homem mais  verdadeiro que puder, deixando de mentir: “vai ser  o homem mais honesto do Brasil, nem que eu tenha de falar com Deus” rogou a velha no seu leito de morte.
É aí que começam os problemas João Ernesto, que passa a criticar a mulher feia e de gosto duvidoso. Ele também tem coragem para romper o relacionamento com uma amante e se recusa a compor com um grupo de deputados religiosos que lhe oferecem dinheiro em troca de um possível ministério no novo governo de “coalisão”. Um dos seus interlocutores acha que ali tem coisa ruim, pois nunca vira político rejeitar dinheiro e começa a esboçar um exorcismo inútil.
Neste processo regenerativo João Ernesto encontra uma aliada, uma jornalista e o filme, apesar do humor escrachado e até certo ponto rasteiro, tem no final um cunho moralista, quando o candidato participa de um debate na televisão num apelo para a correção dos rumos na gestão dos recursos públicos.
Há quem considere também que o filme não se aprofunda na crítica aos políticos corruptos, mas, mesmo assim dá  mostras de uma realidade que conhecemos e que sempre permeou  ao longo do tempo a política brasileira em que imperou a teoria do rouba mas faz e do Robin Hood que tira do governo para dar uma migalha aos pobres e dividir parte do roubo com os seus apaniguados. O filme tem uma segunda edição que vale a pena assistir.(Kleber Torres)

FICHA TÉCNICA
O Candidato Honesto
Direção:       Roberto Santucci
Roteiro:        Paulo Cursino
Elenco:         Leandro Hassum, Flávia Garrafa, Luiza Valdetaro, Victor Leal,
Júlia Rabello e Flavio Galvão
Gênero:        Comédia
Cinematografia:      Nonato Estrela
Edição:         Leo Clark
Lançamento : 2014