domingo, 24 de setembro de 2023
Uma incursão antológica de Frank Zappa e do Ensamble Modern na música concreta
Reverenciado como um dos maiores músicos e compositores do século XX, Frank Zappa, que morreu aos 53 anos, foi um artista multimídia, que se celebrizou como compositor, cantor, guitarrista, produtor e multi-instrumentista premiado. Ele nos legou 60 álbuns que transitam no universo do rock (progressivo, tradicional, pauleira e cômico), jazz, música eletrônica, com incursões na música concreta e na música clássica, que culminaram em 1992, com o Frank Zappa & Ensemble Modern apresentando o antológico O Tubarão Amarelo (The Yellow Shark), que atraiu um grande público no Alte Open, em Frankfurt, Viena e Berlim, resultando num documentário dirigido por Egbert Van Hees e num állbum.
Como um artista criativo e de viés experimentalista, Zappa liderou Mothers of Invention uma banda que o acompanhou em grande parte da sua trajetória bem sucedida e irreverente, com quem participou de concertos e gravações antológicas. O grupo tinha sua própria dinâmica e uma estrutura variável, que mudava com frequência a sua composição básica, um fato natural para um artista contestador, que questionava a sociedade de consumo e a própria indústria musical.
Já a experiência para a produção e gravação do Tubarão Amarelo teve a participação do Ensemble Modern, uma orquestra formada por estudantes, os quais se definiam como "Ensemble modern der jungen Deutschen Philharmonie" e que se uniram com o objetivo de promover a execução e difusão da música contemporânea. A orquestra tem sua base em Frankfurt, na Alemanha, mas o grupo reúne 20 músicos de diversos países e que ainda hoje fazem turnês pelo mundo.
Seus contatos com Zappa começaram em 1991, quando eles pensaram em executar uma obra orquestral do artista americano para o Festival de Frankfurt. Inicialmente, Zappa mostrou pouco entusiasmo por essa ideia, mas aceitou o desafio abrindo as portas para colaboração em novos trabalhos na área experimental.
O CD "Yellow shark" com 19 músicas, reúne a maior parte do material dos três concertos realizados pelo grupo nas apresentações em Frankfurt, Viena e Berlim, com tudo gravado ao vivo e a participação do regente Peter Rundel. Os eventos resultaram num documentário antológico dirigido por Egbert Van Hees, com duração de 90 minutos.
A obra reuniu composições experimentais que marcaram toda a carreira de Zappa, um artista iconoclasta e que transitava com facilidade no universo da música experimental e clássica. Os trabalhos mais antigos da obra datam do final dos anos cinquenta e sessenta, que apareceram inicialmente em "Uncle meat" (1969) em versões de Mothers of Invention.
Já o "Tango B-bop" aparece em “Roxy and elsewhere”, de 1974, emergindo em uma versão para orquestra de câmara. Mas a maior parte das composições apresentadas foram dos anos oitenta, como música de câmara composta para execução por um pequeno grupo de instrumentos ou vozes. Neste conjunto se inclui a introdução um dificil trabalho atonal que assinalou abertura concerto
Cale lembrar ainda que outras três composições foram feitas especificamente para o concerto que foi estruturado em uma introdução, seguida de variações sobre a respiração do cachorro, de arne de cão, além da indignação com Valdez, de tempo de praia II, de III (revisado em 1992). Outro destaque ficou para o surrealista A menina no vestido de magnésio complementado pelo Tango Be-bop com nova roupagem.
O Yellow Shark inclui também o contestador Coleta de alimentos na América pós-industrial, que o próprio Zappa definiu no show como uma obra de m* sobre a alimentação numa sociedade de consumo, seguido de Rute está dormindo e mesmo de nenhuma das opções acima (1992).
O concerto é complementado por Amnerika, além de Tarde do Pentágono, de Questi cazzi di piccione, do tempo na praia III e do anárquico Bem-vindo aos Estados Unidos, sobre o tratamento dispensado aos imigrantes que desejam ingressar no sonho americano. A relação inclui Libra para um marron, Exercício , Fique branquinho (Get Whitey) e Spot Tornedo sobre o ponto ideal do tornedor, que fecha o ciclo de uma obra icônica e que marcou marcou a trajetória de um artista multimidiático que foi o único a ser incluído no Hall da Fama do Jazz e do Rock and Roll e deixou seu nome gravado nos anais da música. (Kleber Torres)
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