Considerado por muitos como um remake diferenciado de Shane (Os Brutos também Amam), um clássico de
1953, dirigido por George Stevens, Pale Rider (O Cavaleiro Solitário) é muito
mais. Ele aparece em realidade como uma releitura mais violenta e dinâmica do
seu referencial cinematográfico, com uma série de coincidências e homenagens –
com cenas apresentando uma grande similaridade inclusive no final do filme - a
um roteiro premiado e que conquistou um Oscar e várias indicações há seis
décadas, uma prova de que na arte nada se cria e tudo se copia, afinal tudo é
permitido nas asas primorosas da invenção.
O Cavaleiro Solitário é um filme estadunidense de 1985, também
do gênero western, dirigido e estrelado por Clint Eastwood. Cabe lembrar que
nesta releitura e recriação, o título é uma referência escatológica ao quarto
cavaleiro do Apocalipse, aquele que cavalga um cavalo pálido (Pale Rider) e se que
chama Morte, fechando um ciclo e construindo uma nova metáfora que se ajusta ao
universo dos filmes de cowboys, marcados pela violência e pela solidão dos seus
protagonistas sempre mostrados como cavaleiros errantes, defendendo a justiça e
a liberdade, combatendo em prol dos fracos e oprimidos.
Diferentemente de Shane, que foi baseado numa história
real, a partir de um confronto entre grande latifundiários que enfrentaram pequenos posseiros, Pale Rider tem como pano
de fundo uma disputa entre mineiros que enfrentam um empresário poderoso,
aético e sem nenhum escrúpulo. O Cavaleiro Solitário foi Filmado em Boulder
Mountains e na área de recreação do Sawtooth National em Idaho.
A história neste caso é centrada no conflito entre um grupo de mineiros pobres,
que enfrentam um poderoso empresário urbano. O conflito se aguça com a chegada
de um forasteiro que chega desarmado e vestido como um pregador religioso de
poucas palavras, com uma batina surrada, que assume a defesa dos mineiros ameaçados
por uma gangue de arruaceiros e pistoleiros de aluguel.
No filme as atitudes e emoções de Eastwood são reveladas em
detalhes através gestos e olhares, a partir de uma série de closes e a crise se agudiza com a chegada de um
delegado contratado para reprimir o pregador e aos mineiros. O estranho
pregador também divide as atenções e a paixão até certo ponto platônicas com a
mulher e a filha de uma das lideranças dos mineiros, com quem passa a morar
durante o período em que esteve na comunidade.
Alguns críticos consideram ainda que o pregador seria um
vingador que teria ressurgido dos mortos, aparecendo como um personagem sobrenatural que volta do túmulo para
confrontar quem o assassinou – o delegado e seus pistoleiros vestindo pesadas
capas-, daí a sua associação com um cavaleiro pálido (Pale Rider) que
representa a morte e vem montado sobre ela, também numa metáfora já destacada.
Com roteiro de Michael Butler. o filme concorreu
vários prêmios e indicações como a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1985
e competiu na premiação de jovens artistas dos Esrados Unidos pela performance excepcional
de uma jovem atriz Sydney Penny, que no final a exemplo do menino de Shane,
pede para que o pregador volte e na certeza que isso não iria acontecer,
enquanto o cavaleiro se afasta, ela agradece, lembrando que todos – inclusive ela
– o amavam. (Kleber Torres)
Ficha técnica
Pale Rider (O Cavaleiro Solitário)
Direção Clint Eastwood
Roteiro: Michael Butler.
Roteiro Michael Butler
Elenco: Clint Eastwood, Michael Moriarty,
Carrie Snodgress
Género western
Estados Unidos
1985 • Cor • 116 min
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