sábado, 13 de fevereiro de 2016

Na arte nada se cria e tudo se copia, afinal tudo é permitido nas asas da invenção





Considerado por muitos como um remake diferenciado de  Shane (Os Brutos também Amam), um clássico de 1953, dirigido por George Stevens, Pale Rider (O Cavaleiro Solitário) é muito mais. Ele aparece em realidade como uma releitura mais violenta e dinâmica do seu referencial cinematográfico, com uma série de coincidências e homenagens – com cenas apresentando uma grande similaridade inclusive no final do filme - a um roteiro premiado e que conquistou um Oscar e várias indicações há seis décadas, uma prova de que na arte nada se cria e tudo se copia, afinal tudo é permitido nas asas primorosas da invenção.
O Cavaleiro Solitário é um filme estadunidense de 1985, também do gênero western, dirigido e estrelado por Clint Eastwood. Cabe lembrar que nesta releitura e recriação, o título é uma referência escatológica ao quarto cavaleiro do Apocalipse, aquele que cavalga um cavalo pálido (Pale Rider) e se que chama Morte, fechando um ciclo e construindo uma nova metáfora que se ajusta ao universo dos filmes de cowboys, marcados pela violência e pela solidão dos seus protagonistas sempre mostrados como cavaleiros errantes, defendendo a justiça e a liberdade, combatendo em prol dos fracos e oprimidos.
Diferentemente de Shane, que foi baseado numa história real, a partir de um confronto entre grande latifundiários que enfrentaram  pequenos posseiros, Pale Rider tem como pano de fundo uma disputa entre mineiros que enfrentam um empresário poderoso, aético e sem nenhum escrúpulo. O Cavaleiro Solitário foi Filmado em Boulder Mountains e na área de recreação do Sawtooth National em Idaho.
A história neste caso é centrada no  conflito entre um grupo de mineiros pobres, que enfrentam um poderoso empresário urbano. O conflito se aguça com a chegada de um forasteiro que chega desarmado e vestido como um pregador religioso de poucas palavras, com uma batina surrada, que assume a defesa dos mineiros ameaçados por uma gangue de arruaceiros e pistoleiros de aluguel.
No filme as atitudes e emoções de Eastwood são reveladas em detalhes através gestos e olhares, a partir de uma série de closes  e a crise se agudiza com a chegada de um delegado contratado para reprimir o pregador e aos mineiros. O estranho pregador também divide as atenções e a paixão até certo ponto platônicas com a mulher e a filha de uma das lideranças dos mineiros, com quem passa a morar durante o período em que esteve na comunidade.
Alguns críticos consideram ainda que o pregador seria um vingador que teria ressurgido dos mortos, aparecendo como um personagem  sobrenatural que volta do túmulo para confrontar quem o assassinou – o delegado e seus pistoleiros vestindo pesadas capas-, daí a sua associação com um cavaleiro pálido (Pale Rider) que representa a morte e vem montado sobre ela, também numa metáfora já destacada.
Com roteiro de Michael Butler. o filme concorreu vários prêmios e indicações como a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1985 e competiu na premiação de jovens artistas dos Esrados Unidos pela performance excepcional de uma jovem atriz Sydney Penny, que no final a exemplo do menino de Shane, pede para que o pregador volte e na certeza que isso não iria acontecer, enquanto o cavaleiro se afasta, ela agradece, lembrando que todos – inclusive ela – o amavam. (Kleber Torres)

Ficha técnica
Pale Rider (O Cavaleiro Solitário)
Direção        Clint Eastwood
Roteiro:      Michael Butler.
Roteiro         Michael Butler
Elenco:         Clint Eastwood, Michael Moriarty, Carrie Snodgress
Género         western
Estados Unidos

1985 •  Cor •  116 min

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