domingo, 19 de agosto de 2018

Uma história que transcende os limites do cangaço






O documentário Zé de Julião muito além do cangaço,  dirigido, roteirizado e produzido por Hermanno Penna, nos conta em 72 minutos, através depoimentos, a história de um dos cabras de Lampião que sobreviveu à chacina de Angico, em 28 de julho de 1938. Ele se tornou um empresário bem sucedido na área construção civil com obras no Rio de Janeiro e em Brasília durante a implantação da capital federal, optando por voltar para Poço Redondo onde acabou assassinado ao se envolver na disputa da prefeitura local.
A história, que  havia  sido  retratada de forma ficcional pelo cineasta em Aos Ventos Que Virão (2014), foi retomada dois anos depois,  num documentário com base em depoimentos de familiares e pessoas com quem Zé  Julão conviveu. Ele nasceu de uma família abastada e ainda jovem aderiu, como a maioria dos rapazes de sua terra Poço Redondo ao cangaço, se tornando a região de origem da maioria dos integrantes do bando de Lampião.
Depois da morte de Lampião e com o esfacelamento do bando, Zé de Julião conseguiu escapar à perseguição das volantes e se transferiu para o Rio de Janeiro onde trabalhou como mestre de obra e depois dono de uma construtora. Capitalizado depois de participar da construção de Brasília, ele retorna a Poço Redoando, e ingressa na política candidatando-se a prefeito, mas ao enfrentar aos poderosos e grandes proprietários acaba assassinado.
Os depoimentos falam  de fraudes numa eleição  para prefeito na qual foi acabou impedido de assumir o cargo do executivo municipal e que acabou resultando na sua morte. O  documentário tem como contraponto notícias de jornais da época, mostrando  os intrincados bastidores de jogo político mortal até para quem lutou no cangaço e enfrentou as volantes, mas tomba enfrentando aos senhores da vida e da morte, que estão acima do bem e do mal. (Kleber Torres)

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