quinta-feira, 23 de março de 2023
Uma dramédia instigante e anárquica com humor britânico
Anárquica e instigante, assim pode ser definida a dramédia – que uma espécie de drama e comédia - O Duque (The Duke) , filme dirigido com competência pelo experiente Roger Michell, que nos legou Um lugar chamado Notting Hill(1999), Amor para sempre(2004) e Vênus (2006). A obra é baseada na história real do motorista de ônibus sexagenário, Kempton Burton, que executou em 1961, o furto do quadro do Duque de Wellington, pintado por Francisco Goya, o qual estava exposto na Galeria Nacional, em Londres.
O objetivo desta ação criminosa era cobrar do governo inglês melhor política e assistência aos idosos, o que incluía o acesso gratuito à televisão, sem necessidade do TV License.
O filme é instigante e revela Kempton Bunton (Jim, Broadbent), como um homem simples, autodidata, que se rebela com a falta de atenção das autoridades para os idosos e por isso rouba a obra de arte em exposição em um museu britânico. Para devolver o quadro, ele começa a enviar cartas ao governo cobrando melhorias para a população dos idosos no Reino Unido, os textos são analisados por uma especialista que constrói o perfil do criminoso, como pessoa com participação ativa na comunidade e com mais de 50 anos.
Um dos destaques do filme é a interpretação de Jim Broadbent, ganhador de um Oscar, em Iris (2001) e que atuou em Moulin Rouge e em filmes da série Harry Poter, como ArquyimeistreAmbrose e Helen Mirren(Dotrothy Bunton), que também conquistou um Oscar (2007), em A Rainha (The Queen), como Elizabeth II. Mirren interpreta a mulher de Bunton, uma senhora idosa, com os pés no chão e que acompanha com preocupação a trajetória do marido, que também foi preso anteriormente ao roubo por não pagar a taxa de televisão cobrada pelo governo inglês. Na prisão, ele escreveu várias peças teatrais que enviava sem sucesso a editoras e à própria televisão governamental.
Bunton não só escrevia cartas cobrando assistência aos idosos, como acabou demitido de uma padaria comunitária por defender um asiático que era discriminado pelo chefe, citando Mahatma Gandhi. O filme tem dois pontos altos: o julgamento, em que ele se diz inocente das acusações, despertando a participação do público no recinto e acaba sendo absolvido pelos jurados, além do uso de uma cena do Satânico Dr. No (1962) . o primeiro filme de 007, com Sean Connery, que aparece numa cena de O Duque, com o quadro roubado.
Quatro anos depois de absolvido, Kempton Button escreve uma carta à promotoria confessando o roubo e devolvendo a obra, sendo preso por três meses em função do desaparecimento da moldura da tela e escreve mais uma peça teatral. Ele morreu sem ter nenhuma obra publicada e nem encenada nos palcos britânicos, já a TV License , imposto obrigatório cobrado pelo governo inglês para quem tem televisão em casa, somente foi tornada gratuita para idosos com mais de 74 anos e com desconto para pessoas registradas como deficientes visuais, agora, no século XXI.
Ficha técnica
Título : O Duque (The Duke)
Direção : Roger Michell
Roteiro: Richard Bean e Clive Coleman
Elenco : Jim Broadbent, Helen Mirren, Jake Whitehead, Ann Maxwell Martin, Fion Whitehead, Aimeé Kelly, Craig Craney, Simon Hubbard, Machael Adams,
Cinematografia : Mike Elei
Direção de Arte: Adam Tomlinson
Música : George Fenton
Duração : 96 minutos
Reino Unido
2021
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