segunda-feira, 25 de maio de 2015

Portal do Irdeb transmite ao vivo o Festival Cinefuturo



O Portal do Irdeb, a partir das 10h de hoje (26), transmite ao vivo o festival CineFuturo – IX Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, um dos mais importantes do país. O evento  acontece entre os dias 26 e 31 de maio em Salvador, no Teatro Castro Alves e na Sala Walter da Silveira e homenageia o cineasta italiano Federico Fellini. Uma grande retrospectiva de seus filmes e a mesa de discussão intitulada ‘Delírio Fellini’ marcam a homenagem. Participam da mesa o diretor polonês Lech Majewski, a professora Mariarosaria Fabris (USP) e o especialista italiano Giacomo Manzoli.
Mantendo a sua marca de não apenas exibir filmes em competitiva, mas também discutir a atividade cinematográfica em um verdadeiro seminário, o CineFuturo 2015 tem uma vasta programação em rede que inclui Mesas, Mostras e Diálogos. Há também um capítulo especial dedicado a William Shakespeare, que é tema de cinco atividades, entre elas a Mostra Shakespeare e uma oficina especial para atores baseada no The Sonnet Project – ação realizada pelo New York Shakespeare Exchange, que reúne nomes importantes dos cenários nacional e internacional.
Dentre os diversos temas que serão discutidos estão a relação do cinema com a pintura, a abrangência do cinema como ferramenta de ativismo político, o cinema em William Shakespeare e o cinema argentino contemporâneo.
Além de uma Competitiva de Curtas selecionados pelo crítico Daniel Queiroz e a mostra de Curtas Premiados EFA (European Film Awards), atividades que promovem um verdadeiro aquecimento nos panoramas local e internacional.
Outro capítulo especial desta nona edição são as performances dos poetas Jorge Salomão e Fernando Noy. Salomão apresenta Eu Não Sou Um Poeta, Sou Um Malabarista!, no dia 26 (terça), por ocasião da abertura do festival, no foyer do Teatro Castro Alves. E o argentino Fernando Noy, no dia seguinte e no mesmo local, mas às 19 horas, mostra seu espetáculo BAHANOY... de todos vocês..., que conta com vídeo-instalação de Gaston Ezcurra.
Coordenado pelo cineasta Walter Lima, autor de obras importantes como Antonio Conselheiro – O Taumaturgo dos Sertões, o CineFuturo acontece desde 2005 e por ele já passaram nomes como Fernando Trueba, Helena Ignez, Miguel Littin, Gustavo Dahl, Jards Macalé, João Moreira Sales, entre outros que puderam viver a atmosfera inconfundível deste festival comprometido com o futuro do cinema. E com o cinema do futuro.

As inscrições para esta edição do festival já estão abertas e podem ser feitas através do sitewww.cinefuturo.com.br. Lembrando que você poderá acompanhar ao vivo através do Portal do IRDEB www.irdeb.ba.gov.br.

domingo, 24 de maio de 2015

Feciba promete sete dias de programação diversificada






Uma programação variada e intensa marca a quinta edição do Festival de Cinema Baiano - Feciba, que será realizado no período de 7 a 13 de junho, no Cine Santa Clara, em Ilhéus. A programação inclui a exibição de filmes de curtas e longas metragens, debates, workshop, mesa redonda e oficinas, que formarão o cenário de encontros entre realizadores, pensadores, comunidade acadêmica e amantes do cinema baiano.
Dialogando com o tema desta edição, “Podemos!”, uma mesa redonda de mesmo nome discutirá sobre as novas formas de produção, distribuição e exibição no Brasil e na Bahia e sobre a construção de um mercado que valorize o papel do trabalhador na área audiovisual. A mesa contará com a presença do Diretor Geral do Instituto de Radiodifusão Educativa do Estado da Bahia - Irdeb -, José Araripe Jr. e do diretor da Diretoria de Audiovisual da Fundação Cultural do Estado da Bahia, Bertrand Duarte e será realizada no dia 13/06, às 14h, no Cine Santa Clara.
A programação também inclui a realização de debates on-line com realizadores, de 8 a 12 de junho, sempre às 14h, um espaço de discussões para o público que acompanha o evento pela internet, através do site do evento
Oficinas
O V FECIBA oferecerá também três oficinas gratuitas de formação e aperfeiçoamento profissional para o mercado audiovisual: Direção de Produção, com Sylvia Abreu, a ser realizada no Auditório Sosígenes Costa, da Casa Jorge Amado, de 08 a 10 de junho, das 08h às 12h; Direção e Preparação de Elenco, com Marina Medeiros, no Auditório do Ilhéus Hotel, de 08 a 10 de junho, das 08h às 12h; e Oficina Básica de Cinema e Linguagem para Crianças, ministrada por Gustavo Brandão e Denise Lara, que acontece no Auditório Fernando Leite da Casa Jorge Amado, nos dias 08 e 09 de junho, das 08h às 12h.
O festival promoverá ainda o Workshop “Discutindo a Lei 13.006/2014 – O Cinema Brasileiro nas Escolas”, ministrado pela Profa. Dra. Inês Teixeira, que será realizado no dia 13 de junho, às 09h, no Cine Santa Clara.

Mostras de Filmes
Com opções para todos os gostos, que passa por produções de ficção, documentário e animação, a programação do V FECIBA será composta por oito mostras de filmes: a Mostra Atualidades, que traz os últimos lançamentos de longa-metragem do cinema baiano; a Mostra Sexualidades, que explora e discute a temática de gênero do cinema nacional e regional; a Mostra Infanto-Juvenil, que destinada a crianças, tem a importante missão de potencializar formação de público para o audiovisual; a  Mostra Bahia Adentro, composta por curtas baianos produzidos em diversas partes do estado; a Mostra Bahia Afora, que visa abrir espaço às produções de outros estados brasileiros; a Mostra Retrospectiva, que revisita a história do cinema do estado, com a exibição dos filmes “Abrigo Nuclear”, de Roberto Pires, “Totalmente demais”, de Edgar Navarro e “Samba Riachão”, de Jorge Alfredo.
A Mostra Homenagem, que abre a programação do FECIBA no dia 07/06, às 19h, e nesta edição é dedicada ao cineasta Guido Araújo, exibindo os curtas “Maragogipinho”, “Feira da Banana”, “A morte das velas do Recôncavo”, “Por exemplo: Caxundé”, “Festa de São João no interior da Bahia”, “Raso da Catarina: Reserva Ecológica” e “Lambada em Porto Seguro”. A curadoria dos filmes dessas mostras ficou a cargo do cineasta e produtor executivo do FECIBA, Edson Bastos.
Já a Mostra Competitiva de Curtas, que trará a projeção de 14 curtas baianos divididos em três programas, teve como curadores o trio formado por Victor Aziz, Henrique Filho e Clarissa Rebouças. Além da categoria Voto Popular, que premiará o filme vencedor com o troféu FECIBA e com o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), a Mostra terá ainda um júri especializado para votar nas categorias técnicas: Direção, Roteiro, Direção de Arte, Montagem, Desenho de Som, Trilha Sonora, Direção de Fotografia, Ator, Atriz, e Melhor Filme, cujo vencedor, além do troféu, receberá também um prêmio de R$ 2.000,00 (dois mil reais).
Confira abaixo a programação completa do V FECIBA:
DOMINGO – 07/06

Local: Cine Santa Clara
18:30 – Cerimônia de Abertura
19:00 – Mostra Homenagem Guido Araújo
Exibição dos curtas “Maragogipinho”, “Feira da Banana”, “A morte das velas do Recôncavo”, “Por exemplo: Caxundé”, “Festa de São João no interior da Bahia”, “Raso da Catarina: Reserva Ecológica” e “Lambada em Porto Seguro”

SEGUNDA – 08/06

Local: Auditório Sosígenes Costa – Casa Jorge Amado
08h – Oficina de Direção de Produção com Sylvia Abreu

Local: Auditório do Ilhéus Hotel
08h – Oficina de Direção e Preparação de Elenco com Marina Medeiros

Local: Auditório Fernando Leite – Casa Jorge Amado
08h – Oficina Básica de Cinema e Linguagem para Crianças, com Gustavo Brandão e Denise Lara

Local: Cine Santa Clara
10h – Mostra Infanto-Juvenil
Exibição dos curtas: “O filme de Carlinhos”, de Henrique Filho; “Patrício”, de Daniel Leite Almeida; “Viver”, de Roberto Filho; “Dom Casmurro”, de Renata Lima e Juliana Midlej;  “O Monstro e a Floresta” de GIF (Wayner Tristão).
14h – Debate On-line
15:30 – Mostra Atualidades
Exibição do filme: “O imaginário de Juraci Dórea”, de Tuna Espinheira
17h – Mostra Bahia Adentro
Exibição dos curtas: “As Máscaras de Nilo”, de Murilo Deolino e Lorena Sales; “Flor de Barro” de Vonaldo Mota e Luciana Sacramento, “Hoje é dia de Caruru”, de Ary Rosa e Glenda Nicácio”, “Escravos e Santos”, de Márcio Momó de Abreu, “Rascunho de Ouro”, de Tcharly Brilia; “As Cruzes e os Credos”, de Camele Queiroz e Fabrício Ramos.
19:30 – Mostra Bahia Afora
Exibição do filme: “A história da Eternidade”, de Camilo Cavalcante

TERÇA – 09/06

Local: Auditório Sosígenes Costa – Casa Jorge Amado
08h – Oficina de Direção de Produção com Sylvia Abreu

Local: Auditório do Ilhéus Hotel
08h – Oficina de Direção e Preparação de Elenco com Marina Medeiros

Local: Auditório Fernando Leite – Casa Jorge Amado
08h – Oficina Básica de Cinema e Linguagem para Crianças, com Gustavo Brandão e Denise Lara

Local: Cine Santa Clara
10h – Mostra Infanto-Juvenil
Exibição dos curtas: “O filme de Carlinhos”, de Henrique Filho; “Patrício”, de Daniel Leite Almeida; “Viver”, de Roberto Filho; “Dom Casmurro”, de Renata Lima e Juliana Midlej;  “O Monstro e a Floresta” de GIF (Wayner Tristão).
14h – Debate On-line
15:30 – Mostra Sexualidades
Exibição dos curtas: “Atrás dos Olhos”, de André Araújo e Fábio Fernandes; “Um simples Olhar”, de Marcos Carvalho; “Eu, Travesti?”, de Leandro Rodrigues; “Paraquedas”, de Letícia Vasconcelos; “O Corpo é meu”, de Luciana Oliveira”; “O Babado de Toinha”, de Julia Aguiar, André de Oliveira e Cauê Rocha
17:30 – Mostra Bahia Afora
Exibição do filme: “Doce Amianto” de Guto Parente e Uirá dos Reis
19:30 – Mostra Atualidades
Exibição do filme: “Rabeca”, de Caetano Dias

QUARTA – 10/06

Local: Auditório Sosígenes Costa – Casa Jorge Amado
08h – Oficina de Direção de Produção com Sylvia Abreu

Local: Auditório do Ilhéus Hotel
08h – Oficina de Direção e Preparação de Elenco com Marina Medeiros

Local: Cine Santa Clara
10h – Mostra Competitiva de Curtas – Programa 01
Exibição dos curtas: “Balú”, de Paula Gomes; “Carranca”, de Wallace Nogueira e Marcelo Matos de Oliveira; “Mãe D’água”, de Lamonier Angelo, “Menino da Gamboa”, de Pedro Perazzo e Rodrigo Luna; “O Boi Roubado”, de Ricardo Sena.
14h – Debate On-line
15:30 – Mostra Retrospectiva
Exibição do filme: “Samba Riachão”, de Jorge Alfredo
17:30 – Mostra Competitiva de Curtas – Programa 01
Reexibição dos curtas: “Balú”, de Paula Gomes; “Carranca”, de Wallace Nogueira e Marcelo Matos de Oliveira; “Mãe D’água”, de Lamonier Angelo, “Menino da Gamboa”, de Pedro Perazzo e Rodrigo Luna; “O Boi Roubado”, de Ricardo Sena.
19:30 – Mostra Bahia Afora
Exibição do filme: “Branco Sai, Preto Fica”, de Adirley Queirós

QUINTA – 11/06

Local: Cine Santa Clara
10h – Mostra Competitiva de Curtas – Programa 02
Exibição dos curtas: “Caminho de Pedra”, de Marcos Carvalho; “Materno”, de Alequine Sampaio e Ruy Dutra; “Noite de Baile”, de Artur Dias; “SeteOito”, de Luciana Lemos; “Tereza”, de Rezia Lopes.
14h – Debate On-line
15:30 – Mostra Atualidades
Exibição do filme: “Guitarra Baiana”, de Daniel Talento
17:30 – Mostra Competitiva de Curtas – Programa 02
Reexibição dos curtas: “Caminho de Pedra”, de Marcos Carvalho; “Materno”, de Alequine Sampaio e Ruy Dutra; “Noite de Baile”, de Artur Dias; “SeteOito”, de Luciana Lemos; “Tereza”, de Rezia Lopes.
19:30 – Mostra Atualidades
Exibição do filme: “Revoada”, de José Umberto

SEXTA – 12/05

Local: Cine Santa Clara
10h – Mostra Competitiva de Curtas – Programa 03
Exibição dos curtas: “10/5/2012”, de Álvaro Andrade; “Antiok”, de Dario Vetere; “Com Fome no Fim do Mundo”, de Marcus Curvelo; “Muros”, de Camele Queiroz e Fabricio Ramos.
14h – Debate On-line
15:30 – Mostra Retrospectiva
Exibição do filme: “Abrigo Nuclear”, de Roberto Pires
17:30 – Mostra Competitiva de Curtas – Programa 03
Reexibição dos curtas: “10/5/2012”, de Álvaro Andrade; “Antiok”, de Dario Vetere; “Com Fome no Fim do Mundo”, de Marcus Curvelo; “Muros”, de Camele Queiroz e Fabricio Ramos.
19:30 – Mostra Atualidades
Exibição do filme: “A doce flauta da Liberdade”, de George Neri

SÁBADO – 13/06

Local: Cine Santa Clara
09h – Workshop “Discutindo a Lei 13.006/2014 – O Cinema Brasileiro nas Escolas”, com a Profa. Dra. Inês Teixeira
14h – Mesa Redonda “Podemos!”, com Bertrand Duarte, Gleiciara Ramos, José Araripe Jr., Ramon Coutinho e Victor Aziz
19h – Cerimônia de Encerramento e Premiação da Mostra Competitiva de Curtas
20h – Mostra Retrospectiva

Exibição do filme: “Talento Demais”, de Edgard Navarro

sábado, 16 de maio de 2015

O anjo embriagado de Akira Kurosawa

        



        
  Uma ampla reflexão sobre mundo do pós guerra, com a derrota do Japão pelos Estados Unidos e a conseqüente americanização da sociedade nipônica, o que se observa nos nomes em inglês de entidades de atendimento social e até de bares como o Bolero, onde se dança música gringa – dos green coats ou casacos verdes dos soldados ianques -, o filme Yoidore tenshi (酔いどれ天使), que em português recebeu o titulo de O anjo embriagado, aparece como uma grande metáfora de tudo. Escrito  e dirigido por Akira Kurosawa, em 1948, o filme também aparece como uma metáfora de um grande lamaçal – seria o pais ou o mundo - que contamina as pessoas e compromete a sua saúde.
          Estrelado por Takashi Shimura, um médico alcoólatra e consumidor de saquê que trata sem anestesia a um jovem mafioso ligado à yakuza  Matsunaga (Toshiro Mifune) depois de uma briga com uma gang rival. O médico  suspeita  que ele esta  tuberculoso, e além de pedir um exame raio-x tenta  convencê-lo  a começar um tratamento à base de repouso e superalimentação.
          Os dois se tornam amigos até que o chefe do mafioso prisão e tenta reunir seu grupo novamente, promovendo festas e bebedeiras, o que deixa Matsunaga ainda mais fraco e cada vez mais debililitado. O paciente para de seguir o tratamento orientado pelo amigo, que ameaça até de morte, enquanto o mafioso vem sendo preterido e abandonado pelos amigos e ex-aliados, que o isolam
          Para Kurosawa este foi o primeiro filme que pode dirigir sem a tutela oficial do governo, dando assim vazão a um projeto pessoal para  retratar a sociedade japonesa  no pós guerra e ao mesmo tempo fazendo uma reflexão sobre a violência e as suas conseqüências, afinal mudar as pessoas com uma abordagem razoável, é o melhor remédio para a vida. O filme também retrata em preto e branco os bastidores do  submundo do crime e da própria sociedade japonesa mostrando a força da máfia num país em crise, empobrecido  e que teve de fazer muitos sacrifícios inúteis, como justifica um dos seus personagens.
          O filme também realça um  protagonista como  uma espécie de anti-heroi e um bad-boy, que tenta a conquista e o domínio machista das mulheres. Ele marca o início de uma rica parceria do cineasta com Toshirō Mifune, então um egresso  do exército  imperial nipônico, que interpretou o homem emagrecido pela tuberculose. Kurosawa consegue fundir a ação característica de um filme de gangsteres no estilo dos filmes noir americanos tendo como pano de fundo a luta pela sobrevivência e a liberdade, num país que conviveu na primeira metade do século 20 com um aumento dos casos de tuberculose e enfrentou problemas com o fim  de uma guerra sangrenta e com muitas perdas humanas.
          Num determinado momento em que discute com o paciente o médico diz: “o homem doente e a criança não têm honra”, numa alusão ao código de honra da yakuza, que tem como anteparo a lenda dos samurais, mas que é desprezado pelos mafiosos que jogam uns trocados para o ex-sócio e investem na expectativa da sua morte em função de uma doença debilitante.
          O anjo embriagado termina numa luta ente Matsunaga, debilitado pela doença e um mafioso covarde, que quase entrega os pontos quando percebeu o adversário armado com uma faca. Como o filme era em p & b, Kurozawa os faz rolar sobre uma tinta cor branca durante uma  luta no hall da entrada de um apartamento dando uma maior dramaticidade e movimentação à própria sequência. 
          Mas, Matsunaga acaba ferido mortalmente e agoniza numa varanda,  o que simboliza a sua saída  definitiva  do mundo do  crime e ao mesmo tempo a sua libertação. O  filme termina com o médico reassumindo a sua vida e o seu trabalho, junto a uma jovem estudante que se prepara para atuar na área de saúde e uma mulher que se afasta do crime e do lamaçal. O  filme também tem uma cena interessante e primitiva de um efeito especial onírico, em que Matsunaga era perseguido pela sua própria sombra ou alter-ego. (Kleber Torres - do livro Princípio das Ideias)

Ficha técnica
Direção: Akira Kurosawa
Roteiro: Akira Kurosawa e Keinosuke Uegusa
Elenco: Takashi Shimura, Toshirô Mifune e Reisaburo Yamamoto
Gênero – drama/suspense
Música: Fumio Hayasaka
País   Japão

98 minutos

terça-feira, 12 de maio de 2015

As aventuras e desventuras de Barry Lyndon









          Barry Lyndon (1975), um dos últimos filmes do genial Stanley Kubrick,  conta a história e desventuras de  Redmond Barry (Ryan O'Neal), com todas as experiências boas e ruins, pela qual passaram os personagens durante sua jornada na terra em meados do século XVIII, no reinado de George III, mas que hoje nos nossos dias os torna iguais e meros mortais. O filme é baseado no romance de William Makapeace Thackeray, autor de Vanity Fair, mas o destaque fica  mesmo para o uso dos recursos tecnológicos, não pela aplicação de efeitos especiais como em Odisseia no Espaço, mas de lentes especiais desenvolvidas pela Nasa, que permitiam fotografar com a iluminação natural ou até à luz de velas durante a noite.
          O filme foi didaticamente dividido em duas partes complementares entre si. A primeira, tem como cenário a Irlanda invadida pelo exército francês e o jovem Barry, órfão de pai foi morto num duelo, é um inexperiente camponês que vive com a mãe e se apaixona pela prima Nora Brady (Gay Hamilton), por quem disputa o amor com um capitão  inglês John Quin (Leonard Rossiter), a quem desafia o capitão para um desastrado duelo.
          Induzido a pensar que matou o rival Barry foge e é assaltado por ladrões que o deixam sem dinheiro. Para driblar as dificuldades, ele alista-se no exército e depois decide desertar, mas acaba forçado a se alistar nas tropas da Prússia então aliada do Reino Unido na guerra contra a França. A sua vida muda quando ele salva a vida do capitão prussiano Potzdorf (Hardy Kruger) durante uma batalha e  que o recompensa, indicando-o para espionar  o misterioso Chevalier de Balibari (Patrick Magee), um jogador profissional e que vivia aplicando golpes milionários em figuras da nobreza através do carteado.
          Mesmo como espião,  Barry se alia com Balibari e passa a manter uma vida dupla, de um lado fornecendo informações detalhadas a Potzdorf  sobre a atuação do amigo e sócio, mas evitando por todos os meios oferecer qualquer detalhe que o comprometesse. Os dois acabam expulsos da Prússia e na Bélgica, infiltrado entre a nobreza para ganhar dinheiro com a jogatina junto com o parceiro, Barry conhece a bela  condessa de Lyndon (Marisa Berenson), que é casada com um homem bem velho e influente na corte.
          O casal se apaixona e com a morte do marido, os dois decidem se casar. Ele, naturalmente, por interesse, o que marca o início da segunda parte do filme com a ascensão e queda de Redmond Barry, o qual se assume como Barry Lyndon e aspira chegar à nobreza com auxilio da mulher e dos seus recursos abundantes, que são dilapidados  sem escrúpulos.
          O drama se acentua pelo fato de que a Lady Lyndon tem um filho de seu primeiro casamento, Lord de Wendover (André Morell), que não concorda com a união da mãe com um farsante como Barry. As coisas de complicam ainda mais com o nascimento do filho do casal que passa a receber todas as atenções e carinho. Barry Lyndon passou a viver a vida que sempre sonhou, cercado do luxo, de bajuladores, acompanhado de belas mulheres e muita bebida, dividindo o tempo entre o ócio e os prazeres mundanos.  
          As coisas se complicam em função dos gastos excessivos do padrasto  que acaba desafiado em público por Lord de Wendover, a quem agride como violência e expulsa do palácio onde vivia. A partir daí a vida de Barry começa a se deteriorar, os amigos da nobreza se afastam dele e tudo o que conquistou vai escapando de suas mãos, inclusive com a perda do filho num trágico acidente. E depois de um duelo  com Lord de Wendover, ele termina como começou, pobre e sozinho, sem parte de uma perna perdida num duelo como o seu algoz, contando apenas com sua mãe e uma pensão paga pela ex-mulher.
          O filme foi Indicado a sete Oscar, dentre eles os de Melhor Filme e Melhor Diretor, acabando por conquistar quatro estatuetas: Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia – uma justiça pelo uso dos recursos da tecnologia da Nasa -, Melhor Figurino e Melhor Tema Musical.
          Vale lembrar que o projeto de Stanley Kubrick era  filmar Vanity Fair um outro livro de William Makapeace Thackeray, que  é considerado a sua obra-prima. A proposta foi jogada de lado, porque o diretor  considerou  impossível a transposição do conteúdo do livro para a tela, optando por  adaptar com sucesso a trama sobre Barry Lyndon narrada em 187 minutos e a fotografia de John Alcott .
          O filme não teve sucesso comercial esperado, mas acabou reconhecido como um cultmovie e uma obra prima, que  integra a lista dos 100 melhores filmes da Time Magazine e ocupa a 27ª posição numa pesquisa de críticos realizada em 2002 pela revista de cinema Sight & Sound. (Kleber Torres)
Ficha técnica:
Barry Lyndon
1975 • cor
Direção        Stanley Kubrick
Roteiro         Stanley Kubrick
Elenco - Ryan O'Neal — Barry Lyndon / Redmond Barry; Marisa Berenson — Lady Honoria Lyndon; Patrick Magee — cavaleiro de Balibari; Hardy Krüger — capitão Potzdorf; Steven Berkoff — Lord Ludd; Gay Hamilton — Nora Brady ; Marie Kean — mãe de Barry
Genero :       drama
Duração       187

País:  Reino Unido /  Estados Unidos