Barry Lyndon (1975), um dos últimos
filmes do genial Stanley Kubrick, conta
a história e desventuras de Redmond
Barry (Ryan O'Neal), com todas as experiências boas e ruins, pela qual passaram
os personagens durante sua jornada na terra em meados do século XVIII, no
reinado de George III, mas que hoje nos nossos dias os torna iguais e meros mortais.
O filme é baseado no romance de William Makapeace Thackeray, autor de Vanity
Fair, mas o destaque fica mesmo para o uso dos recursos tecnológicos, não pela aplicação de efeitos especiais como em Odisseia no Espaço, mas de lentes especiais
desenvolvidas pela Nasa, que permitiam fotografar com a iluminação natural ou
até à luz de velas durante a noite.
O filme foi didaticamente dividido em duas
partes complementares entre si. A primeira, tem como cenário a Irlanda invadida
pelo exército francês e o jovem Barry, órfão de pai foi morto num duelo, é um
inexperiente camponês que vive com a mãe e se apaixona pela prima Nora Brady
(Gay Hamilton), por quem disputa o amor com um capitão inglês John Quin (Leonard Rossiter), a quem desafia
o capitão para um desastrado duelo.
Induzido a pensar que matou o rival Barry
foge e é assaltado por ladrões que o deixam sem dinheiro. Para driblar as
dificuldades, ele alista-se no exército e depois decide desertar, mas acaba forçado
a se alistar nas tropas da Prússia então aliada do Reino Unido na guerra contra
a França. A sua vida muda quando ele salva a vida do capitão prussiano Potzdorf
(Hardy Kruger) durante uma batalha e que
o recompensa, indicando-o para espionar o misterioso Chevalier de Balibari (Patrick
Magee), um jogador profissional e que vivia aplicando golpes milionários em
figuras da nobreza através do carteado.
Mesmo como espião, Barry se alia com Balibari e passa a manter uma
vida dupla, de um lado fornecendo informações detalhadas a Potzdorf sobre a atuação do amigo e sócio, mas evitando
por todos os meios oferecer qualquer detalhe que o comprometesse. Os dois
acabam expulsos da Prússia e na Bélgica, infiltrado entre a nobreza para ganhar
dinheiro com a jogatina junto com o parceiro, Barry conhece a bela condessa de Lyndon (Marisa Berenson), que é
casada com um homem bem velho e influente na corte.
O casal se apaixona e com a morte do
marido, os dois decidem se casar. Ele, naturalmente, por interesse, o que marca
o início da segunda parte do filme com a ascensão e queda de Redmond Barry, o
qual se assume como Barry Lyndon e aspira chegar à nobreza com auxilio da
mulher e dos seus recursos abundantes, que são dilapidados sem escrúpulos.
O drama se acentua pelo fato de que a Lady
Lyndon tem um filho de seu primeiro casamento, Lord de Wendover (André Morell),
que não concorda com a união da mãe com um farsante como Barry. As coisas de
complicam ainda mais com o nascimento do filho do casal que passa a receber
todas as atenções e carinho. Barry Lyndon passou a viver a vida que sempre sonhou,
cercado do luxo, de bajuladores, acompanhado de belas mulheres e muita bebida,
dividindo o tempo entre o ócio e os prazeres mundanos.
As coisas se complicam em função dos
gastos excessivos do padrasto que acaba
desafiado em público por Lord de Wendover, a quem agride como violência e
expulsa do palácio onde vivia. A partir daí a vida de Barry começa a se
deteriorar, os amigos da nobreza se afastam dele e tudo o que conquistou vai
escapando de suas mãos, inclusive com a perda do filho num trágico acidente. E
depois de um duelo com Lord de Wendover,
ele termina como começou, pobre e sozinho, sem parte de uma perna perdida num
duelo como o seu algoz, contando apenas com sua mãe e uma pensão paga pela
ex-mulher.
O filme foi Indicado a sete Oscar,
dentre eles os de Melhor Filme e Melhor Diretor, acabando por conquistar quatro
estatuetas: Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia – uma justiça pelo uso
dos recursos da tecnologia da Nasa -, Melhor Figurino e Melhor Tema Musical.
Vale lembrar que o projeto de Stanley
Kubrick era filmar Vanity Fair um outro livro de William Makapeace Thackeray, que
é considerado a sua obra-prima. A proposta foi jogada de lado, porque o
diretor considerou impossível a transposição do conteúdo do
livro para a tela, optando por adaptar com
sucesso a trama sobre Barry Lyndon narrada em 187 minutos e a fotografia de John
Alcott .
O filme não teve sucesso comercial
esperado, mas acabou reconhecido como um cultmovie e uma obra prima, que integra a lista dos 100 melhores filmes da
Time Magazine e ocupa a 27ª posição numa pesquisa de críticos realizada em 2002
pela revista de cinema Sight & Sound. (Kleber Torres)
Ficha
técnica:
Barry Lyndon
1975 • cor
Direção Stanley Kubrick
Roteiro Stanley Kubrick
Elenco - Ryan O'Neal — Barry Lyndon / Redmond Barry; Marisa Berenson —
Lady Honoria Lyndon; Patrick Magee — cavaleiro de Balibari; Hardy Krüger —
capitão Potzdorf; Steven Berkoff — Lord Ludd; Gay Hamilton — Nora Brady ; Marie
Kean — mãe de Barry
Genero : drama
Duração 187
País: Reino Unido /
Estados Unidos
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