terça-feira, 12 de maio de 2015

As aventuras e desventuras de Barry Lyndon









          Barry Lyndon (1975), um dos últimos filmes do genial Stanley Kubrick,  conta a história e desventuras de  Redmond Barry (Ryan O'Neal), com todas as experiências boas e ruins, pela qual passaram os personagens durante sua jornada na terra em meados do século XVIII, no reinado de George III, mas que hoje nos nossos dias os torna iguais e meros mortais. O filme é baseado no romance de William Makapeace Thackeray, autor de Vanity Fair, mas o destaque fica  mesmo para o uso dos recursos tecnológicos, não pela aplicação de efeitos especiais como em Odisseia no Espaço, mas de lentes especiais desenvolvidas pela Nasa, que permitiam fotografar com a iluminação natural ou até à luz de velas durante a noite.
          O filme foi didaticamente dividido em duas partes complementares entre si. A primeira, tem como cenário a Irlanda invadida pelo exército francês e o jovem Barry, órfão de pai foi morto num duelo, é um inexperiente camponês que vive com a mãe e se apaixona pela prima Nora Brady (Gay Hamilton), por quem disputa o amor com um capitão  inglês John Quin (Leonard Rossiter), a quem desafia o capitão para um desastrado duelo.
          Induzido a pensar que matou o rival Barry foge e é assaltado por ladrões que o deixam sem dinheiro. Para driblar as dificuldades, ele alista-se no exército e depois decide desertar, mas acaba forçado a se alistar nas tropas da Prússia então aliada do Reino Unido na guerra contra a França. A sua vida muda quando ele salva a vida do capitão prussiano Potzdorf (Hardy Kruger) durante uma batalha e  que o recompensa, indicando-o para espionar  o misterioso Chevalier de Balibari (Patrick Magee), um jogador profissional e que vivia aplicando golpes milionários em figuras da nobreza através do carteado.
          Mesmo como espião,  Barry se alia com Balibari e passa a manter uma vida dupla, de um lado fornecendo informações detalhadas a Potzdorf  sobre a atuação do amigo e sócio, mas evitando por todos os meios oferecer qualquer detalhe que o comprometesse. Os dois acabam expulsos da Prússia e na Bélgica, infiltrado entre a nobreza para ganhar dinheiro com a jogatina junto com o parceiro, Barry conhece a bela  condessa de Lyndon (Marisa Berenson), que é casada com um homem bem velho e influente na corte.
          O casal se apaixona e com a morte do marido, os dois decidem se casar. Ele, naturalmente, por interesse, o que marca o início da segunda parte do filme com a ascensão e queda de Redmond Barry, o qual se assume como Barry Lyndon e aspira chegar à nobreza com auxilio da mulher e dos seus recursos abundantes, que são dilapidados  sem escrúpulos.
          O drama se acentua pelo fato de que a Lady Lyndon tem um filho de seu primeiro casamento, Lord de Wendover (André Morell), que não concorda com a união da mãe com um farsante como Barry. As coisas de complicam ainda mais com o nascimento do filho do casal que passa a receber todas as atenções e carinho. Barry Lyndon passou a viver a vida que sempre sonhou, cercado do luxo, de bajuladores, acompanhado de belas mulheres e muita bebida, dividindo o tempo entre o ócio e os prazeres mundanos.  
          As coisas se complicam em função dos gastos excessivos do padrasto  que acaba desafiado em público por Lord de Wendover, a quem agride como violência e expulsa do palácio onde vivia. A partir daí a vida de Barry começa a se deteriorar, os amigos da nobreza se afastam dele e tudo o que conquistou vai escapando de suas mãos, inclusive com a perda do filho num trágico acidente. E depois de um duelo  com Lord de Wendover, ele termina como começou, pobre e sozinho, sem parte de uma perna perdida num duelo como o seu algoz, contando apenas com sua mãe e uma pensão paga pela ex-mulher.
          O filme foi Indicado a sete Oscar, dentre eles os de Melhor Filme e Melhor Diretor, acabando por conquistar quatro estatuetas: Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia – uma justiça pelo uso dos recursos da tecnologia da Nasa -, Melhor Figurino e Melhor Tema Musical.
          Vale lembrar que o projeto de Stanley Kubrick era  filmar Vanity Fair um outro livro de William Makapeace Thackeray, que  é considerado a sua obra-prima. A proposta foi jogada de lado, porque o diretor  considerou  impossível a transposição do conteúdo do livro para a tela, optando por  adaptar com sucesso a trama sobre Barry Lyndon narrada em 187 minutos e a fotografia de John Alcott .
          O filme não teve sucesso comercial esperado, mas acabou reconhecido como um cultmovie e uma obra prima, que  integra a lista dos 100 melhores filmes da Time Magazine e ocupa a 27ª posição numa pesquisa de críticos realizada em 2002 pela revista de cinema Sight & Sound. (Kleber Torres)
Ficha técnica:
Barry Lyndon
1975 • cor
Direção        Stanley Kubrick
Roteiro         Stanley Kubrick
Elenco - Ryan O'Neal — Barry Lyndon / Redmond Barry; Marisa Berenson — Lady Honoria Lyndon; Patrick Magee — cavaleiro de Balibari; Hardy Krüger — capitão Potzdorf; Steven Berkoff — Lord Ludd; Gay Hamilton — Nora Brady ; Marie Kean — mãe de Barry
Genero :       drama
Duração       187

País:  Reino Unido /  Estados Unidos

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