Considerado
uma obra prima de Roman Polansky, o filme Repulsa ao Sexo (1965), conta a
história de uma bela mulher, Carol Ledoux (Catherine Deneuve), que vive um
profundo conflito psicológico por ser muito reprimida sexualmente, o que a
coloca no tênue limite entre a sanidade e a loucura. Os problemas se agravam
quando ela fica sozinha em seu apartamento e entra em uma profunda depressão,
passando a ter alucinações com estupros
recorrentes, cenas de sadismo e de assassinatos.
Carol mostra
uma estranha repugnância ao sexo e aos
homens, o que se manifesta nos pensamentos enquanto trabalha num salão de
beleza de luxo ou mesmo em sua casa, com relação até mesmo ao antagonismo à
escova de dentes do cunhado ou ficando visivelmente nervosa ao ouvir os gemidos
da irmã e do seu parceiro em um quarto contiguo ao seu. Ao perceber as reações
da jovem o namorado da irmã a considera estranha, inclusive quando ela pergunta
à própria irmã se ele iria dormir no apartamento das duas todas as noites.
Em essência
Carol considerava o apartamento um refúgio pessoal, mesmo sabendo que cada um
tem de cuidar da sua vida. Os seus medos
afloram com a cobrança do aluguel pelo senhorio ou nas relações dúbias com um jovem com quem
marcou um encontro e não foi. O seu mundo esquizofrênico aflora quando a irmã
viaja com o namorado e a deixa sozinha tomando conta da casa.
No trabalho,
ela tem manifestações de ausências e acaba sendo mandada para descansar em
casa, onde ouve passos e ruídos
estranhos, mas acaba dormindo, acordando em seguida para tomar um banho. Ela
também seria vitima de um presumível
estupro em casa e acaba acordando no meio da sala, quando o telefone
toca.
De volta
ao emprego, a dona do salão de beleza
faz questão de frisar que “isso é um negócio e você não pode simplesmente sumir
por três dias“. Numa cena seguinte, ela corta o dedo de uma cliente com um
alicate de unha provocando um forte sangramento.
O filme em
preto e branco, com uma excelente fotografia, mantém no seu desenrolar um clima
permanente de suspense e de tensão,
culminando com cenas de sangue e assassinatos. Na trama o namorado dela se
encontra com amigos no bar, enquanto a jovem vê filmes pela televisão em casa.
Carol também
o mata quando ele invade a sua casa, cujas portas fecha com pedaços de madeira
e pregos para evitar a entrada de estranhos. Mesmo assim, depois ela se vê
estuprada por desconhecido e como cena recorrente, volta a despertar quando o
telefone toca no meio da sala.
A bela mulher
também mata o senhorio que veio cobrar o aluguel e reclama ao perceber que o
apartamento parece um chiqueiro. O homem
se propõe a dispensar o aluguel em troca de favores sexuais, mas acaba
morto a navalhadas.
Os crimes são
descobertos quando a irmã volta de viagem com o namorado e acha a casa revirada
e com um forte odor de corpos em decomposição. A casa também é invadida por
vizinhos e curiosos, que veem juntamente com a irmã uma Carol catatônica,
imóvel e completamente estática diante da foto da família deixando transparecer
apenas um olhar vazio em direção ao nada absoluto.(Kleber Torres)
Ficha
técnica:
Título:
Repulsion (Repulsa ao Sexo)
Direção: Roman Polanski
Roteiro: Roman Polanski, Gérard Brach, David Stone
Elenco :Catherine Deneuve (Carole), Ian Hendry
(Michael) e Yvone Furneaux (Helen); John
Fraser (Colin); Patrick Wymark (Landlord)
Música :
Chico Hamilton
Cinematografia:
Gilbert Taylor
1965 ‧ Drama/Thriller ‧ 1h 46m