terça-feira, 22 de agosto de 2017

Sexo x Loucura sem drogas e sem rock’n roll








Considerado uma obra prima de Roman Polansky, o filme Repulsa ao Sexo (1965), conta a história de uma bela mulher, Carol Ledoux (Catherine Deneuve), que vive um profundo conflito psicológico por ser muito reprimida sexualmente, o que a coloca no tênue limite entre a sanidade e a loucura. Os problemas se agravam quando ela fica sozinha em seu apartamento e entra em uma profunda depressão, passando a ter  alucinações com estupros recorrentes, cenas de sadismo e de assassinatos.
Carol mostra uma estranha repugnância ao sexo e  aos homens, o que se manifesta nos pensamentos enquanto trabalha num salão de beleza de luxo ou mesmo em sua casa, com relação até mesmo ao antagonismo à escova de dentes do cunhado ou ficando visivelmente nervosa ao ouvir os gemidos da irmã e do seu parceiro em um quarto contiguo ao seu. Ao perceber as reações da jovem o namorado da irmã a considera estranha, inclusive quando ela pergunta à própria irmã se ele iria dormir no apartamento das duas todas as noites.
Em essência Carol considerava  o apartamento  um refúgio pessoal, mesmo sabendo que cada um tem de cuidar da sua vida.  Os seus medos afloram com a cobrança do aluguel pelo senhorio ou  nas relações dúbias com um jovem com quem marcou um encontro e não foi. O seu mundo esquizofrênico aflora quando a irmã viaja com o namorado e a deixa sozinha tomando conta da casa.
No trabalho, ela tem manifestações de ausências e acaba sendo mandada para descansar em casa,  onde ouve passos e ruídos estranhos, mas acaba dormindo, acordando em seguida para tomar um banho. Ela também seria vitima de um presumível  estupro em casa e acaba acordando no meio da sala, quando o telefone toca.
De volta ao  emprego, a dona do salão de beleza faz questão de frisar que “isso é um negócio e você não pode simplesmente sumir por três dias“. Numa cena seguinte, ela corta o dedo de uma cliente com um alicate de unha provocando um forte sangramento.
O filme em preto e branco, com uma excelente fotografia, mantém no seu desenrolar um clima permanente de suspense e de  tensão, culminando com cenas de sangue e assassinatos. Na trama o namorado dela se encontra com amigos no bar, enquanto a jovem vê filmes pela televisão em casa.
Carol também o mata quando ele invade a sua casa, cujas portas fecha com pedaços de madeira e pregos para evitar a entrada de estranhos. Mesmo assim, depois ela se vê estuprada por desconhecido e como cena recorrente, volta a despertar quando o telefone toca no meio da sala.
A bela mulher também mata o senhorio que veio cobrar o aluguel e reclama ao perceber que o apartamento parece um chiqueiro. O homem  se propõe a dispensar o aluguel em troca de favores sexuais, mas acaba morto a navalhadas.
Os crimes são descobertos quando a irmã volta de viagem com o namorado e acha a casa revirada e com um forte odor de corpos em decomposição. A casa também é invadida por vizinhos e curiosos, que veem juntamente com a irmã uma Carol catatônica, imóvel e completamente estática diante da foto da família deixando transparecer apenas um olhar vazio em direção ao nada absoluto.(Kleber Torres)


Ficha técnica:
Título: Repulsion (Repulsa ao Sexo)
Direção: Roman Polanski
Roteiro: Roman Polanski, Gérard Brach, David Stone
Elenco :Catherine Deneuve (Carole), Ian Hendry (Michael) e  Yvone Furneaux (Helen); John Fraser (Colin); Patrick Wymark (Landlord)
Música : Chico Hamilton
Cinematografia: Gilbert Taylor

 1965 Drama/Thriller 1h 46m

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