O
documentário Cidades Fantasmas conta a dramática história de quatro cidades que
antes foram dinâmicas, com vida própria e que abrigaram populações com diversas
atividades econômicas, mas hoje estão abandonadas e devoradas pelo
tempo. As causas são variadas e incluem desde catástrofes naturais, como
no caso do vulcão que arrasou Armero, na
Colômbia; motivações econômicas, como em Fordlândia, no Brasil e Humberstone, no Chile vítima do esgotamento
da exploração de salitre ou ainda erros ambientais como Epecuén, na Argentina,
que acabou inundada com a canalização de um lago.
Dirigido pelo
cineasta Tyrrel Spencer e com roteiro assinado por Carolina Silvestrin,
Guilherme Soares Zavella e André Luiz Garcia, o documentário começa com a
câmera passeando por um cemitério e depois por ruas de casas abandonadas
seguido da narrativa de um homem que
volta à terra onde estão enterrados seus mortos e suas lembranças.
A cidade é
Humbertone, no Chile, um outrora dinâmico centro de produção de sal e que foi
economicamente inviabilizada com a paralisação da extração mineral, revelando
que todo o princípio tem um fim e a impossibilidade de se sobreviver numa área
desértica, numa terra tão seca e vazia. Os entrevistados falam do aspecto
econômico e também dos acidentes graves com a ocorrência de explosões
retardadas. Mostra ainda a desocupação em massa da população e a migração dos
desempregados para outros centros urbanos.
O segundo
caso é o da Fordlândia, um mega projeto da Ford, para exploração de seringais
visando a produção de borracha na Amazônia e que resultou num monumental
insucesso em função de pragas e doenças que dizimaram as plantações. Com o
abandono do empreendimento pelos americanos, a área foi transformada num centro
de criação de gado de raça e num centro programas de melhoramento genético dos
bovinos.
Brasileiros
que trabalharam ou que hoje vivem na área narram a saga dos empregados nativos que ocupavam cargos
subalternos, uma vez que todo o comando operacional de americanos que moravam
em separado numa vila, onde havia uma casa reservada para a família Ford.
Também estão
incluídos depoimentos dramáticos dos sobreviventes de Armero, na Colômbia,
depois de uma erupção do Nevada Ruiz que matou há mais de três décadas 20 mil
pessoas, uma tragédia que poderia ser
evitada se o governo retirasse a tempo as milhares de vítimas que acabaram
sucumbindo num rio larva vulcânica. Como se não bastasse a tragédia, as casas
que não foram devastadas acabaram roubadas e vandalizadas.
Por fim os
erros técnicos em Ypecuén são criticados por pessoas que perderam suas casas em
função de uma obra de canalização de um lago, depois de uma estiagem prolongada.
A cidade era um promissor centro de turismo e estava num estágio de
desenvolvimento acelerado, mas acabou submersa.(Kleber Torres)
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