segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Blade Runner e o questionamento sobre o que é ser humano ou não


Considerado um clássico entre os filmes de ficção científica, Blade Runner – O Caçador de Andróides (1982), que ganhou recentemente uma sequência com Blade Runner 2049, apresenta em sua estrutura diferentes níveis dramáticos e narrativos com uma abordagem ampla sobre filosofia, religião, meio ambiente, bioética, discutindo as implicações morais do desenvolvimento da inteligência artificial e a questão domínio da engenharia genética para a produção de andróides. O filme, que tem o seu referencial num futuro distópico, mostra as contradições de uma sociedade rica com alta tecnologia e cenários iluminados, que convive ao mesmo tempo com a pobreza, superpopulação e a violência nos bairros sujos da periferia, ampliando o debate sobre o que é humano ou não. O filme também revela a prevalência dos grandes grupos econômicos, um fenômeno do mundo globalizado e que oferecem trabalho e opções seguras para quem quer viver fora do planeta em colônias interplanetárias, mostrando ao mesmo tempo a ação repressiva da policia com o seu aparato de segurança, como fator de controle social. Blade Runner centra na discussão sobre o afinal que é humano ou não numa sociedade futurística em que as pessoas competem com replicantes, misto de máquinas e seres biológicos, usados em atividades de alto risco, mas que são reconhecidos a partir de um teste de empatia com cerca de 30 perguntas focadas também na relação com seres humanos e animais. Outra abordagem está na questão de se Rick Deckard (Harrison Ford) é um humano ou um replicante em função do seu comportamento bizarro, o que permite releituras diversas sobre um personagem, que tem o brilho dourado das pupilas dilatadas dos olhos dos replicantes, um tema enfocado na nova versão de 2049. Esse fato é insinuado também numa sequência em que o ex-policial manifesta sua gratidão a Rachel, que o havia salvo eliminando um dos seus oponentes (Leon) e a prometer não caçá-la, mesmo sabendo que vão mandar alguém no seu lugar. Blade Runner também faz alusões ao costume dos replicantes em colecionar fotografias material usado para argumentar uma construção de uma possível história de vida comparada à dos humanos que têm pai, mãe e um histórico familiar e privam relações sociais na escola, no trabalho e em tudo o mais. Tudo começa em novembro de 2019, em Los Angeles, onde o ex-policial Rick Deckard, que era um experiente Blade Runner, ou seja, caçador de andróides para eliminação, é submetido a uma detenção coercitiva pelo agente Gaff (Edward James Olmos) que o apresenta ao capitão Bryant que o convoca para uma nova missão: eliminar quatro bonecos que voltaram à terra ilegalmente depois de uma rebelião em que morreram 23 pessoas. O ponto em comum entre eles é que todos foram criados pela Tyrell, uma corporação que trabalhava com biotecnologia e havia desenvolvido o protótipo Nexus-6, máquinas (?) sem compaixão e empatia – caracteristicas dos psicopatas - , mas com vida útil limitada a apenas quatro anos e muito parecidos fisicamente com os humanos. O grupo teria voltado à Terra para tentar prolongar suas vidas indo em busca dos seus criadores. No dialogo com o ex-policial o capitão deixa claro para Deckart que ele não tem opções: porque se não for policial, vira gentalha, passando a integrar a ralé e o grupo de pessoas marginalizadas sem referencias na sociedade. Na busca de pistas deste grupo de replicantes, Deckard assiste a uma gravação de vídeo de um Blade Runner aplicando um teste "Voight-Kampff", uma espécie de polígrafo capaz identificar replicantes diferenciando-os dos seres humanos, com base em um conjunto de respostas a uma série de perguntas interrelacionadas entre si. O replicante Leon (Brion James)Leon atira no policial ao ser interrogado sobre sua mãe. A missão de Deckard é exterminar quatro bonecos replicantes, um grupo integrado por Leon, Roy Batty (Rutger Hauer), Zhora (Joanna Cassidy) , e Pris (Daryl Hannah), dando inicio a uma verdadeira caçada e que se transforma numa espécie de jogo entre gato e rato de final imprevisível. A investigação começa na sede da Tyrell Corporation para que o ex-policial pudesse verificar o que funciona no teste com os novos protótipos mais avançados. Na empresa, ele descobre que o cientista Eldon Tyrell (Joe Turkel) tem uma bela assistente, Rachael (Sean Young) uma replicante sensual de ultima geração, com falsas memórias implantadas em seu cérebro, que acredita ser um ser humano. Ela é submetida a um teste demorado, e neste tempo os replicantes fugitivos iniciam sua busca por Tyrell para forçá-lo a prolongar suas vidas com prazo de validade curto e prestes a se esgotar. A caçada envolve sequências violentas e movimentadas. Deckard encontra uma foto de Zhora e uma escama de cobra sintética, no quarto de hotel onde Leon se hospedou e a localiza clube de strip-tease, onde a replicante trabalha. Deckard mata Zhora e em seguida é informado por Bryant que também precisa apagar Rachael, que replicante que desapareceu da Tyrell Corporation e cujo criador a considerava mais humana que os humanos. Na sua caçada Deckard percebe a presença Rachael numa multidão, mas acaba atacado por Leon, mas replicante o salva matando ao agressor, usando a pistola que Deckard deixou cair durante a briga com o boneco. No apartamento de Sebastian, Roy diz a Pris que os outros teplicantes foram eliminados. O dois, julgando-se entre amigos, Sebastian revela aos replicantes que sofre uma doença degenerativa que provoca o envelhecimento prematuro das suas células, encurtando o seu ciclo de vida e apressando a sua morte. Sebastian leva Roy até o apartamento de Tyrell, onde o replicante pede a prorrogação do seu ciclo vital, uma missão considerada impossível para o seu seu criador, que teme o risco de mutações genéticas num novo processo rejuvenescedor. Isso provoca a ira da criatura contra o criador e Roy o mata depois de beijá-lo, dizendo que ele fez o melhor que pode fazer. O replicante também mata Sebastian e tem o confronto final com Deckart, que havia suprimido Pris. Roy que considera viver com medo como uma grande experiência de vida, quebra os dedos do ex-policial que voltou à ativa e o persegue quando Deckart, com os dedos da mão direita quebrados tenta escapar saltando para o telhado do prédio ao lado do de Sebastian e acaba suspenso entre os edifícios. O surpreendente é que Roy fez o salto com facilidade, e ao invés de matar o antagonista, o salva lembrando antes que em sua curta existência fez coisas que os seres humanos nunca viram ou imaginaram. Ele começa a morrer lembrando que suas memórias serão perdidas como lágrimas na chuva e querendo a resposta para saber quem é e para onde vai, uma coisa também típica dos seres humanos. Em seguida, Deckart foge com Rachael e sente que estão sendo seguidos porque encontra o origami de um unicórnio marca registrada da onipresença de Gadd. Mas neste caso, o futuro dos dois fugitivos como o nosso, a Deus pertence e o filme teve continuidade elogiada pela critica. (Kleber Torres) FICHA TÉCNICA: Titulo: Blade Runner Diretor : Ridley Scott Roteiro: Hampton Farcher. David Weeb Prople Elenco : Harrison Ford (Rick Deckard), Rutger Hauer (Roy Batty), Sean Young (Racheal), Eduard James Olmos (Gaff), M. Emmet Walsh (Capitão Bryant) Darril Hannah (Pris), William Sanderson (J.F.Sebastian), Brian James (Leon) Música : Vangelis Fotografia : Jordan Cronenweth Ano : 1982 1 hora e 47 minutos

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