Qual o limite ficção e realidade é o tema de In the Mouth of
Madness (À Beira da Loucura ),
um filme de terror por dirigido por
John Carpenter e que mergulha no roteiro de Michael de Luca no universo abismal
e caótico de H.P.Lovercraft, um escritor americano
que revolucionou o gênero de terror, atribuindo-lhe elementos fantásticos
típicos dos gêneros de fantasia e ficção científica.
A
história começa quando um investigador, John Trent (Sam Neill) é contratado
para localizar Sutter Cane ( Jürgen Prochnow), um escritor de livros de terror
que, após terminar seu último livro, desapareceu misteriosamente e sem deixar
rastros. Mesmo desconfiando que isso não passa de uma jogada publicitária de
marketing para divulgação do livro alavancando as vendas, ele aceita o trabalho
de investigação.
Sem
pistas definidas, ele começa a ler os livros do escritor desaparecido, buscando
identificar um local onde o Cane possa
estar escondido, o que o leva à loucura. O problema é os livros de terror de
Cane são essencialmente violentos e, após sua leitura, os leitores começam a
agir de modo bizarro, provocando incidentes e mortes.
No
início do filme, as cenas se concentram
num paciente, Trent internado num manicômio e que nega ser louco, pede um
cigarro ao psiquiatra e depois, numa outra sequência manifesta sinais de já admitir
a prevalência da loucura. Como investigador, ele procurava ao mesmo tempo seguir a rota de pagamentos
ao escritor, Sytter Cane considerado o profeta louco das palavras impressa,
cuja ficção se tornou uma espécie de religião, um processo que culmina com a
publicação do livro The Mouse of Madness, que dá titulo ao filme.
O
problema é que em paralelo ao sumiço do escritor, cuja obra em seu conjunto tem
um valor estimado de U$S 1 bilhão, o seu
agente literário fica louco e acaba contido à bala, o que coloca em xeque a
ideia de um golpe publicitário para divulgação do novo best-seller. Também fica
evidenciado para o investigador John Trent é que um ano antes do
desaparecimento de Cane o seu trabalho havia se tornado cada vez mais estranho
e bizarro, considerando que ele refletia não a ficção, mas a própria realidade,
o que é um dos temas centrais do filme que tem um desenho noir.
O
detetive, que parece um cético, acredita que o efeito dos livros no comportamento dos
leitores e do próprio agente literário seria fruto de uma espécie de histeria
coletiva. Mas, o desenrolar do filme é marcado ainda por noticias sobre uma
escalada de violência e mesmo da morte de policiais, enquanto o detetive Trent
começa a devorar os livros do escritor descobrindo
criaturas sinistras que vivem na escuridão ou gente que enlouquece e vira
monstro.
Trent
também sonha vendo um policial que ia
lhe bater virar monstro, além de ver mortos vivos e corpos sangrando. No filme
não há violência explicita, mas sugerida por cortes providenciais. Assim,
enquanto o detetive continua devorando
os livros de Cane, ele romonta a sua capa, construindo um mapa em que colocando
Hobb’s End, um lugar imaginário e cenário do romance In the
Mouse of Madness na Nova Inglaterra (New England).
A
editora Linda Styles(Julie Carmen) propõe que o detetive a acompanhe até a Nova
Inglaterra. Na viagem em um carro que passeia entre nuvens, eles passam por um
estranho garoto de bicicleta e depois Styles atropela um velho que viajava na
direção inversa à sua e que acaba morrendo.
Mas em Hobb’s End, onde chegam, tudo é insólito: as ruas estão vazias, há uma
casa de antiguidades e num hotel, uma velha senhora seria a personagem do
romance de Cane e que teria matado o marido, os hospeda. Na viagem, Trent e Styles também conversam
sobre a relação entre realidade/ficção e sanidade/insanidade, mas quais os
limites da razão e do bom senso?
Na
cidade e no seu entorno, as cenas de violência se seguem em sequências diversas
em que aparecem cães rottweiler agressivos, crianças violentas e homens armados
que também procuram por Cane, abrigado numa espécie de catedral gótica. Em essência
tudo parece indicar que o fim do mundo se iniciava em Hobbs End.
Styles
deixa o detetive no hotel e tenta
escapar do labirinto de Hobb’a End sonzinha, mas o dono de um bar onde vai lhe
diz que a cidade não é para turistas, depois, ela vai a uma Igreja onde uma
criança a chama de mãe e em seguida encontra Cane protegido pelos cachorros. Ao voltar ao hotel a editora vê o quadro do
hotel mudar de forma e descobre que a realidade é relativa e o que aparentemente
é não existia.
Trent
também tenta deixar a cidade cuja população parece enlouquecida e encontra Sutter
Cane que pede para que ele o deixasse porque seria bom para o livro e que
levasse os seus originais para o editor. O detive destrói os originais e
apresenta o seu relato ao CEO da editora, Charlton Heston, que le informa sobre
a publicação já editada e o filme que está chegando aos cinemas;
Mas À
Beira da Loucura prossegue com cenas estranhas e neste ínterim a cidade convive
com nova onda de violência e de crimes, numa escalada sem precedentes e o filme
termina com o hospício destruído e com os móveis quebrados, com Trent ganhando
as ruas, enquanto no prenúncio de uma espécie de apocalipse uma voz numa emissora de radio
informa que vai continuar a transitir
enquanto puder aguentar. Um cinema
abandonado e em meio ao cenário caótico ostenta cartazes e a exibição do In the
Mouse of Madness, mostrando o caos e a boca escancarada da loucura.
Ficha Técnica
Titulo : À Beira da Loucura (In the
Mouse of Madness)
Direção : John Carpenter
Roteiro : Michael de Luca
Elenco: Sam Neil, Jurgen Prochnow, David Warner, Charlton Heston, Julie Carmen
Gênero : Terror
Origem : EUA
Ano : 1995
95 minutos
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