Considerado pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema
como um
dos 100 melhores filmes
brasileiros de todos os tempos, Bye Bye Brasil é uma comédia dirigida por Cacá Diegues, que revela
o Brasil do período pós 64, com a ótica escrachada do humor e do non sense,
mostrando um país em mudança com a construção da Transamazônica, descoberta de
riquezas minerais e a integração cultural pela televisão que chega aos rincões
mais distantes com antenas do tipo espinhas de peixe.
O filme nos ensina pelo menos uma coisa fundamental
para o Lorde Cigano, magistralmente interpretado pelo hilário José Wilker,
misto de mágico, vidente, proxeneta e até um bem sucedido homem de negócios,
que enriquece com o contrabando e aspira novos negócios para a sua Caravana
Rolidei que enriquece com um y no fim: “a sacanagem tem de ser bem
administrada.”
Bye Bye Brasil reúne uma troupe
de artistas mambembes formada pelo Lorde Cigano, Salomé(Bety Faria) e Andorinha(José Maria Lima) que cruzam
o país com a Caravana Rolidei, fazendo apresentações na periferia das grandes
cidades ou mesmo nas localidades de pequeno porte e sem acesso à televisão. O
filme tem ainda uma participação especial enriquecedora de Zé da Luz
(Jofre Soares) como dono de um cinema itinerante, outra espécie em extinção
naquele período.
Ao grupo se juntam o sanfoneiro Ciço (Fábio Júnior) e sua mulher,
Dasdô (Zaira Zambelli), com os quais a caravana atravessa a Transamazônica para
chegar até Altamira, então uma cidade em franca expansão, com acesso por via
terrestre, aéreo e por embarcações, e depois até Belém do Pará, onde o casal se
separa do Lorde e de Salomé, fazendo uma opção por Brasília, onde se
estabelecem por conta própria.
O filme
também tem em seu credito uma primorosa seleção musical dos anos 60, reunindo Bye Bye Brasil, de Chico Buarque de
Hollanda e Roberto Menescal; “Toada de Ciço - Forró da Feira, de Dominguinhos; “Pra Cima, Pra Baixo”, com The Fevers ; “Radinho
de Pilha”, de Genival Lacerda); White Christmas de Irving Berlin, interpretada
por Bing Crosby; além de “Para Vigo Me
Voy” de Ernesto Lecuona, Al Stillman, e
Lubon) e “Duerme” de Miguel Prado,
interpretadas por Xavier Cugat.
A viagem musical é complementada ainda
com “Aquarela Amazonense”, de Chico da Silva e Venâncio; “Depois da Chuva”, de
Pinduca e Deuza; “Surucuá” de Pinduca e
Carlos Santos; "Bye Bye Love", de Boudleaux e Felice Bryant, interpretada
pelos The Everly Brothers e terminando com a “Aquarela do Brasil”, de Ari
Barroso, o que nos permite a reconstrução bem humorada de um período da nossa
história e de um país continental com uma vasta riqueza cultural a ser
preservada. (Kleber Torres)
Ficha
técnica:
Título:
Bye Bye Brasil
Direção: Carlos
Diegues
Roteiro: Carlos
Diegues e Leopoldo Serran
Elenco: José
Wilker, Bety Faria, Fábio Júnior, Zaira Zambelli e Jofre Soares
Música: Chico
Buarque, Roberto Menescal e Dominguinhos
Cinematografia: Lauro
Escorel
Direção
de arte: Anísio Medeiros
Género: comédia
Ano :
1979