sábado, 11 de julho de 2020

O pai inventivo da ficção científica e que previu o futuro


 

Apresentado e dirigido pelo cineasta  Ridley Scott,  que também nos brindou com filmes como  Allien, o 8° passageiro(1979), Blade Runner(1982), Prometheus(2012), Perdido em Marte(2015) e Allien, Covenant(2017), a série de documentários Prophets of Science Fiction(Profetas da Ficção Científica), apresenta em oito episódios exibidos pelo canal Science os ícones de um gênero que nos leva e antecipa de forma criativa uma visão do futuro. Um dos documentários é dedicado a Júlio Verne(1828/1925), considerado o pai da ficção científica, autor de mais de 100 livros traduzidos em 148 idiomas.

A série nos brinda com filmes de quase uma hora de duração sobre Mary Shelly (transplantes), Philip K. Dick (realidade virtual), H. G. Wells (viagens no tempo), Arthur C. Clarke (telecomunicações via satélite), Isaac Asimov (leis da robótica), Júlio Verne (viagens espaciais e uso da energia nuclear em submarinos), Robert Heinlein (política) e George Lucas (uso da força e do poder).

O documentário sobre Júlio Verne, por exemplo, nos leva ao mundo criativo do escritor de 20.000 léguas submarinas, um submersível nuclear comandado pelo capitão Nemo, que nos guia por caminhos abissais e cheios de aventuras. Mas Verne é muito maior e previu também armas elétricas como o taser, aparelho de choque defesa pessoal e as até mesmo viagens espaciais, com aventuras ficcionais na Lua e em Marte.

Ele também escreveu Ilhas Misteriosa e sobre o uso da água como combustível através de células de hidrogênio para movimentar veículos, bem com o romance Robur, o Conquistador, personagem  que construiu uma máquina voadora mais pesada que o ar,  um dirigível e usa o veículo para sequestrar o presidente e o secretário do Weldon-Institute como retaliação pela forma como o receberam. O livro foi publicado em 1886, ou seja, alguns anos antes dos primeiros voos de aviões em 1903.

Ele pode também ser considerado precursor do Steampunk,  também conhecido como Vapor Punk ou Tecnavapor, um subgênero da ficção científica, ou ficção especulativa, que ganhou fama no final dos anos 1980 e início dos anos 1990 do século passado, uma forma considerada pós-moderna do gênero iniciado por Verne um século antes.

O escritor que é um dos mais criativos e mais vendidos ao longo do tempo, previu a primeira guerra mundial em um dos seus romances, com o uso de aviões e das máquinas de guerra, como tanques, o que o levou a questionar o seu lugar na literatura e  a destruir todo o seu trabalho inacabado, um conjunto de anotações que acumulou ao longo do tempo em que acompanhava e pesquisava o avanço da ciência nas diversas áreas como astronomia, física e química.

Mas mesmo assim, ele nos legou Paris no Século XX,   escrito em 1863,  o seu último livro publicado postumamente em 1989, quando o manuscrito foi encontrado por um bisneto do escritor, nos revelando uma sociedade materialista, cheia de arranha-céus, influenciada por cientistas e inventores vivendo em um mundo conectado por fax, telégrafos e internet além de outros aparatos tecnológicos como a televisão.

Paris no século XX nos remete a uma cidade dos anos 60 e é considerado um livro “noir”, com conteúdo depressivo e que o editor aconselhou o escritor a não publicá-lo na época, pois fugia à fórmula de sucesso dos livros já escritos, que falavam de aventuras extraordinárias e de grandes invenções. Verne, envelhecido e doente, seguiu seu conselho, mas, felizmente para nós,  guardou o manuscrito num cofre e que foi encontrado quase um século depois por um dos seus descendentes.(Kleber Torres)


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