O documentário Coronavírus: alerta ambiental, que tem como subtítulo “a pandemia e o pangolin”, numa
referência a um dos vetores de transmissão da covid-19 para seres humanos em uma
das maiores pandemias da história, reúne um grupo influente de cientistas,
ativistas e conservacionistas, como Andrea Crosta, David Quammen, Jane Goodall
e Paul Watson para analisarem o avanço
da doença que até agora afetou 42,7 milhões de pessoas, provocando 1,1 milhão
de mortes. O filme revela ainda existência
de uma conexão entre a saúde animal e
ambiental e faz uma alerta com relação aos riscos do impacto da ação humana no
meio ambiente, com a crescente
devastação de florestas e poluição, pondo em risco a nossa sobrevivência em
escala planetária.
No início do filme, o ambientalista e
especialista em tecnologia de biossegurança Andrea Crosta, que é um dos fundadores do Earth League Internacional, destaca
“nós queríamos saber como tudo começou e ao abrir aquelas caixas (com material
de pesquisa) foi como abrir a caixa de pandora e descobrir um pesadelo que
virou realidade.” Ele diz que o acaso decidiu que tudo começou em Wuhan, na
China.
O documentário oferece uma visão ampla
e analítica sobre o vírus, que foi identificado num mercado de animais
silvestres em Wuhan, mostrando ao mesmo tempo seu impacto social, econômico e político
da crise, revelando uma mensagem para a humanidade, porque de alguma forma a
pandemia tem uma relação com o comércio ilegal de animais e devastação de
florestas. As atividades ilegais são abrangentes e envolvem desde o tráfico de
pessoas e animais ao contrabando e ao comércio de drogas, envolvendo ainda a corrupção
e lavagem de dinheiro.
Em paralelo aos depoimentos de cientistas
e ambientalistas, o filme revela imagens violentas, evidenciando que não se
pode maltratar a natureza, porque ela de alguma forma vai dar o troco. O filme
é um convite a uma reflexão isenta e alerta para o fato que 60% das doenças
diagnosticadas no mundo são provocadas por zoonoses, ou seja, foram transmitida
de animais para seres humanos, daí a necessidade de atenção para os alertas sobre
o meio ambiente e a adoção de medidas para prevenir futuras pandemias, com
intensificação dos protocolos de distanciamento social, de medidas de higiene e
evitando a disseminação de zoonozes.
Também são importantes os depoimentos da primatologista
Jane Goodall e do ativista ambiental Paul Watson, que compartilham sua experiência
com doenças zoonóticas e opinam sobre a pandemia e sua ligação com o tráfico
indiscriminado de animais com o avanço de doenças. Ambos analisam pandemias
passadas e destacam as lições a serem aprendidas com a situação atual,
conectando a questão da saúde humana com os animais e o meio ambiente.
David Quammen observa que hoje o novo coronavírus já está no topo da
lista entre os vírus que infestam o planeta e que têm capacidade de provocar
grandes pandemias o que fica evidenciado com a disseminação desta que ocorre
agora nos nossos dias e ainda não parou o seu avanço.
A ideia do
filme é confirmada por um estudo publicado recentemente na
revista Nature, resultado da pesquisa
de uma equipe de cientistas ao analisar pangolins-malaios (Manis
javanica) resgatados do tráfico de animais em busca de coronavírus. Eles
constataram a existência de diversos vírus nos pangolins parecidos com o
que está infectando humanos, ou seja, depois de culpado e inocentando, o
pangolim voltou a ser um possível hospedeiro intermediário do novo coronavírus.
Vale refletir,
que pesar das pistas evidenciadas ainda não há provas definitivas para apontar
a culpa dos pangolins, que pode ser dividida e compartilhada com os predadores
humanos pouco escrupulosos e os negócios escusos que envolvem o tráfico ilegal
de animais e porque não de pessoas ou de drogas que têm um elo comum?(Kleber
Torres)