domingo, 25 de outubro de 2020

Covid-19 e o sinal vermelho para o impacto ambiental da ação humana



 

O documentário Coronavírus: alerta ambiental,  que tem como subtítulo “a pandemia e o pangolin”,  numa referência a um dos vetores de transmissão da covid-19 para seres humanos em uma das maiores pandemias da história, reúne um grupo influente de cientistas, ativistas e conservacionistas, como Andrea Crosta, David Quammen, Jane Goodall e Paul Watson  para analisarem o avanço da doença que até agora afetou 42,7 milhões de pessoas, provocando 1,1 milhão de mortes. O filme revela ainda  existência de uma  conexão entre a saúde animal e ambiental e faz uma alerta com relação aos riscos do impacto da ação humana no meio ambiente,  com a crescente devastação de florestas e poluição, pondo em risco a nossa sobrevivência em escala planetária.

 

No início do filme, o ambientalista e especialista em tecnologia de biossegurança Andrea Crosta, que é um dos  fundadores do Earth League Internacional, destaca “nós queríamos saber como tudo começou e ao abrir aquelas caixas (com material de pesquisa) foi como abrir a caixa de pandora e descobrir um pesadelo que virou realidade.” Ele diz que o acaso decidiu que tudo começou em Wuhan, na China.

 

O documentário oferece uma visão ampla e analítica sobre o vírus, que foi identificado num mercado de animais silvestres em Wuhan, mostrando ao mesmo tempo seu impacto social, econômico e político da crise, revelando uma mensagem para a humanidade, porque de alguma forma a pandemia tem uma relação com o comércio ilegal de animais e devastação de florestas. As atividades ilegais são abrangentes e envolvem desde o tráfico de pessoas e animais ao contrabando e ao comércio de drogas, envolvendo ainda a corrupção e lavagem de dinheiro.

 

Em paralelo aos depoimentos de cientistas e ambientalistas, o filme revela imagens violentas, evidenciando que não se pode maltratar a natureza, porque ela de alguma forma vai dar o troco. O filme é um  convite a uma reflexão isenta  e alerta para o fato que 60% das doenças diagnosticadas no mundo são provocadas por zoonoses, ou seja, foram transmitida de animais para seres humanos, daí a necessidade de atenção para os alertas sobre o meio ambiente e a adoção de medidas para prevenir futuras pandemias, com intensificação dos protocolos de distanciamento social, de medidas de higiene e evitando a disseminação de zoonozes.

 

Também  são importantes os depoimentos da primatologista Jane Goodall e do ativista ambiental Paul Watson, que compartilham sua experiência com doenças zoonóticas e opinam sobre a pandemia e sua ligação com o tráfico indiscriminado de animais com o avanço de doenças. Ambos analisam pandemias passadas e destacam as lições a serem aprendidas com a situação atual, conectando a questão da saúde humana com os animais e o meio ambiente.

David Quammen observa que hoje o novo coronavírus já está no topo da lista entre os vírus que infestam o planeta e que têm capacidade de provocar grandes pandemias o que fica evidenciado com a disseminação desta que ocorre agora nos nossos dias e ainda não parou o seu avanço.

 

A ideia do filme é confirmada por um estudo publicado recentemente na revista Nature, resultado  da pesquisa de  uma equipe de cientistas ao analisar pangolins-malaios (Manis javanica) resgatados do tráfico de animais em busca de coronavírus. Eles  constataram a existência de  diversos vírus nos pangolins parecidos com o que está infectando humanos, ou seja, depois de culpado e inocentando, o pangolim voltou a ser um possível hospedeiro intermediário do novo coronavírus.

 

Vale refletir, que pesar das pistas evidenciadas ainda não há provas definitivas para apontar a culpa dos pangolins, que pode ser dividida e compartilhada com os predadores humanos pouco escrupulosos e os negócios escusos que envolvem o tráfico ilegal de animais e porque não de pessoas ou de drogas que têm um elo comum?(Kleber Torres)


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