O homem sempre sonhou com a vida após a morte e a eternidade,
mas pode a tecnologia
garantir a continuidade da vida após a morte? Em 2013, o milionário russo Dmitri Itskov promoveu um
simpósio internacional com neurocientistas, engenheiros, médicos e
especialistas de diversas áreas do conhecimento, inclusive a construção de
robôs, que foram ouvidos sobre a possibilidade de transferência de memórias e
informações cérebro humano para um computador. Ele sonhava nesta interface, com
a possibilidade de uma vida eterna,
tendo como suporte os recursos oferecidos pelo avanço das ciências e da
tecnologia.
Há quem considere isso
perda de tempo, mas o assunto foi tema de um programa, O Imortalista, documentário exibido recentemente no Realidade CNN. O empresário conta que na
infância queria ser um cosmonauta, mas acabou se transformando num magnata da internet e gastou parte da
fortuna acumulada financiando o projeto cibernético para a imortalidade, uma
ideia cujo custo não foi revelado.
Para Dmitri Itskov a imortalidade das lembranças é inútil
para o indivíduo, pois a verdadeira imortalidade está na extensão de sua
jornada nesta vida: “todo o resto é inútil para alguém cujo mundo está morrendo
com ele”. Para o empresário russo, a verdadeira tecnologia da imortalidade
deveria gerar algo para evitar morte garantindo a perpetuidade do ser humano.
A princípio, a ideia seria evitar o envelhecimento, o que
passa pela proposta de reconstruir o corpo, usando peças de reposição e, depois,
pelo controle do corpo robótico, usar o
poder da mente incorporando neste conjunto as características da personalidade
do indivíduo.
Em Osaka, no Japão, o cientista Hiroshi Ishiguro, para quem o
antológico filme Blade Runner é um Idílio, a ciência e a tecnologia abrem a
cada dia novos horizontes para o homem. Ele construiu inicialmente o robô B, um
protótipo montado com câmeras, microfones e sensores, que cumpria tarefas
básica. Agora, ele se dedica à construção
de um androide, Érica, que dialoga e
interage com humanos, com apoio dos recursos da inteligência artificial.
O sonho de Ishiguro é poder um falar um dia sobre a alma de um androide, um projeto que
deve mudar o conceito da morte e a
própria ideia do futuro com a construção de androides com memória e informações
de pessoas reais. A ideia central do projeto seria a réplica robótica de seres
humanos.
O pesquisador Rafael Yuste defende um projeto para mapear o
cérebro humano, uma ideia que não é nova; Ele cita o primeiro neurocientista, Santiago
Ramon Cajal, que estudou no século 19 os neurônios conectados em circuitos
complexos. Hoje, já se sabe que o cérebro
humano reúne 86 bilhões de neurônios integrados num sistema de células interconexas
e de alta complexidade, que funciona como uma espécie de computador.
A reportagem cita o caso de Erick Sarto, que levou um tiro na
juventude e ficou tetraplégico total. Na tentativa de recuperar os movimentos, mesmo
de forma mecânica, ele participa de estudos para ligar o seu cérebro a um braço
robótico conectado a um computador.
O projeto prevê a criação de uma janela para o cérebro de
sarto, a partir de dois conjuntos com 96 elétrodos e 4 milímetros cada um.
Segundo o cientista Charles L. Liu pensamentos e cores são usados no
treinamento para ativar os neurônios e calibrar os computadores para controle de tarefas.
Neste esforço Eric Sarto já conseguiu tomar inclusive uma garrafa de
cerveja com a mente ativando o braço robótico através de cores e pensamentos.
Outro pesquisador, Richard Anderson, do Instituto de
Tecnologia da Califórnia pesquisa a interface do computador com o cérebro humano,
mas a meta final dos estudos tem sido com relação à possibilidade da transferência do pensamento e memórias de uma pessoa para um computador.
Como as informações podem ser copiadas e armazenadas em
computadores, o cientista Randal Koene
considera que se considerado tudo isso, as perspectivas são animadoras e o céu
é o limite, tudo a partir de um conjunto de ações que levem em conta a
estrutura do cérebro, suas funções como algo que entra e sai – inputs e
outputs- , ao lado de dados funcionais e estruturais, o que pode permitir no
final das contas desenvolver um modelo matemático e a criação de chips de
inteligência artificial para implementação do roteiro.
Na pesquisa das borboletas da alma uma metáfora sugerida pelo
pai da neurociência Santiago Ramon Cajal para um mergulho nos pontos recônditos
do cérebro humano, será possível e
viável fazer o upload de uma mente no
computador, uma tarefa impossível nos dias e com a tecnologia atual. Hoje, o
trabalho de mapeamento levaria dois anos para um estudo completo do cérebro de
uma mosca.
Kenneth Hayworth acredita que é possível reunir informações
que podem ser codificadas num sistema binário, compatibilizando estrutura e
função. Ele cita a iniciativa Brain, lançada por Obama, com um custo de US$ 3
bilhões para mapeamento do cérebro humano em dez anos, visando ajudar a descobrir tratamentos para curar ou
prevenir doenças cerebrais atualmente incuráveis, além do Alzheimer, o
Parkinson e a epilepsia, assim como enfrentar traumatismos crânio-encefálicos e
patologias psiquiátricas.
Miguel Nicolelis, da Universidade de Duke. que desenvolve exoesqueletos
computadorizados para pacientes com dificuldades de locomoção, não é tão
otimista com relação à transferência do
cérebro humano para um computador. Ele rejeita a ideia de que o cérebro humano
funcione como uma CPU, o que considera uma metáfora num tempo em que os computadores
ganharam muito poder e são usados cada vez mais nas diversas áreas da atividade
humana.
Para ele, o cérebro humano é mais complexo e está em
permanente mudança, o seu funcionamento seria comparado também como metáfora,
com uma orquestra sinfônica que toca sincronizada, com peças independentes
entre si,o que é inteiramente diferente das peças eletrônicas.
A ideia dos andróides nos remete ao clássico filme Westworld – ninguém tem alma (1973), de
Michael Crichton, onde em que os
robôs em pane acabam entrando em confronto com os seres humanos, colocando a criatura contra o seu criador e
olhe que a lei da robótica elaborada por Isaac Assimov prevê, no seu primeiro parágrafo, que nenhum robô
pode ferir ou permitir que um ser humano sofra algum mal, o problema é que a lei
pode ser desrespeitada e nós temos muitos exemplos no nosso dia a dia. (Kleber
Torres)
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