A questão do fim da privacidade em um mundo cada vez mais tecnologizado
é o tema central do filme O Círculo, sobre uma organização dirigida por Eamon
Bailey (Tom Hanks), um empresário sem escrúpulos e acusado de violar a Lei
Antitruste, que limita o poder monopolístico em setores da economia. A empresa
tem como principal produto o SeeChange,
uma pequena câmera digital que permite aos usuários compartilharem detalhes de
suas vidas com o mundo e em tempo real, colocando a cheque a sua privacidade e
a sua vida particular.
Tudo começa com Mae (Emma Watson), uma universitária com
futuro promissor, que realiza o sonho de trabalhar naquela que é considerada
maior empresa de tecnologia do mundo, O Círculo. Mas ela vê sua vida mudar
completamente de ponta a cabeça ao ser
contratada pelo grupo econômico, o qual
passa a monitorar e documentar sua vida em tempo integral, sempre com
cobranças crescentes e exigindo inclusive de sua maior participação em eventos
noturnos e nos finais de semana.
Para a empresa, a participação dos colaboradores é
importante para sua integração no grupo e maior motivação para o trabalho,
melhorando o rendimento pessoal do profissional a ela vinculado. Mae também é
convidada para uma avaliação médica com uma especialista em esclerose múltipla
e que também gostaria de coletar dados sobre o seu pai, que estava doente. A
jovem se envolve no projeto True You (você é verdade) bancado pela empresa, em
que tudo é gravado, visto, transmitido e analisado, com isso cada passo e
respiração da pessoa monitorada acaba armazenada pelo Círculo.
As coisas se complicam quando seu namorado é ameaçado de
morte, mas Mae não deixa a empresa, que mantém um rígido sistema de vigilância com
o argumento de que ”nós nos importamos com as pessoas que são importantes para
nós”. Ela conclui que segredos são mentiras que tornam os crimes possíveis e
promete levar uma câmera do SeeChange para onde fosse, com isso, em três
semanas ganhou milhões de seguidores e
visibilidade na rede mundial de computadores se transformando numa celebridade,
mas como o circulo vicioso, ele precisa ser inteiro, para isso o ideal seria
colocar todas as informações da pessoa no sistema agregando até titulo de
eleitor, carteira de motorista e registro civil.
A empresa no seu conceito de poder considerava que em
função do seu suporte tecnológico, o
governo precisava mais dela, do que ela das atenções governamentais e em sua
expansão 22 nações operavam eleições através do Círculo, que pelo sistema de
soul search, também tem contribuições na área da saúde ou segurança, podendo
localizar uma pessoa desaparecida ou fugida em 20 minutos através de um complexo
sistema de reconhecimento facial. Um exemplo de eficiência, foi o caso de uma
mulher na Inglaterra, que foi presa depois de matar os três filhos e que ao
fugir da cadeia foi localizada em apenas 10 minutos e 21 segundos.
O que Mae não imaginava, no entanto, é que toda essa
exposição teria um preço, não só para ela, mas também para todos ao seu redor.
Assim, para tentar consertar o erro, sai
da casa dos pais e volta para o Circulo na tentativa de consertar o sistema a
partir do seu bojo, atuando no contrafluxo dentro de uma organização que investia
continuamente na melhoria dos serviços, porque afinal, tudo é negócio e
informação é poder, o que pode dar
lucro.
Alegando que não queria viver desconectada, Mae tenta o
contragolpe contra o sistema ao propor uma conexão ininterrupta, que começasse
desde a empresa, com a transparência das ações dos seus líderes, através da
exposição de suas vidas e rotinas. O próprio Eamon Bailey descobre ao ficar exposto
que, “estamos ferrados”, porque, não tinha mais segredos e a privacidade acabou e lamenta
tragicamente: “nós não vivemos mais na sombras e as luzes se apagam”, apontando
que na hora de mudança, ela tem de ser imediata até porque o futuro não espera
e o feitiço acaba virando, às vezes, contra o feiticeiro.(Kleber Torres)
Ficha
técnica:
Título
: O Círculo
Diretor
: James Ponsoldt
Roteiro:
James Ponsoldt e Dave Eggers
Elenco
: Emma Watson, Tom Hanks, John Boyega, Katen Gila, Ellar Coltrane, Patton
Oswalt e Glenne Headly
Cinematografista: Matthew Libalique
2017
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