Il Divo – la spettacolare vita de
Giulio Andreotti é um filme biográfico
que traça a trajetória política do
primeiro-ministro italiano Giulio Andreotti, interpretado por Toni Servillo, um
dos líderes da Democracia Cristã, indicado sete vezes para a presidência do
conselho de ministros e outras 25 para integrar o ministério. Tudo começa
partir de sua última eleição em 1992 e revela as ligações de Andreotti com o
crime organizado inclusive promovendo assassinatos políticos, como o que
resultou na morte do jornalista Mino Pecorelli, em 1979 um dos seus críticos
mais ferozes.
Ele manteve um grupo de seguidores
fieis e sua vinculação com a máfia foi revelada através de depoimentos e denúncias
de diversos mafiosos presos como Tommaso
Buscetta (Gaetano Balisteri), que foi
preso no Brasil em 1983 e cujas informações causaram prejuízos para a Cosa
Nostra na Itália e nos Estados Unidos, onde morreu 17 anos depois.
O filme que tem uma narrativa lenta também
revela um suposto encontro de Andreotti,
que era chamado pelos seus críticos de O Divo, Primeira Letra do Alfabeto,
Corcunda, Raposo, Salamandra, Moloch, Papa Negro, Homem das Trevas e Belzebu, com
o chefe Totó Riina citado nos vários processos do ex-primeiro ministro italiano,
que chegou a ser absolvido em alguns deles por falta de provas.
A
história relata o período compreendido desde a restauração da democracia
italiana no pós-guerra, entre 1946 e
1992, com sua indicação por sete vezes para
a chefia do governo italiano e para composições ministeriais. Giulio Andreotti
aparece como um político hábil, articulado e de comportamento heterodoxo, indo
sempre à Igreja, mas usando práticas escusas para se manter no poder a qualquer
preço até mesmo com o custo de vidas humanas.
Il Divo
revela a ação da loja maçônica P2, que atuava nos bastidores do poder em conjunto
com a Democracia Crista, que teve entre as suas peças chaves Amintore Fanfani,
Giulio Andreotti e Aldo Moro, executado depois de permanecer 55 dias em poder
da Brigada Vermelha e que em cartas escritas no cativeiro, denunciava
as práticas heterodoxas da DC.
Para
exemplificar a sua capacidade de sobrevivência Andreotti conta no filme, que um
médico lhe deu seis meses de vida e ao retornar para nova consulta, quem tinha
falecido foi o médico. No filme, ele sai à noite andando em companhia de
seguranças pelas ruas de Roma para verificar in loco pichações que o
denunciavam por massacres e conspirações. Ele também ia a igreja regularmente durante
a madrugada e foi comparado pelo pároco que o recebeu, com o primeiro ministro
Alcide de Gasperi. “que falava com Deus, enquanto ele falava com os padres,”
justificando ironicamente que fazia assim porque os padres votam.
Ele
também dizia que não acreditava no acaso, mas na vontade de Deus e não se
queixava dos críticos, porque considerava que tinha um senso de humor, mas
tinha também em seu poder um grade arquivo dos aliados e desafetos. Andreotti
destacava ainda que “a ironia é a melhor forma de cura para não morrer, mas as
curas para os que vão morrer são atrozes”.
Isolado e abandonado por aliados que também respondiam a processos por
corrupção, ele se defende no julgamento dizendo que os seus acusadores “não
fazem ideia sobre os delitos que tive cometer para garantir o bem-estar e o
desenvolvimento do país durante muitos anos. Eu fui o poder e vivi a monstruosa
invisível contradição de perpetrar o mal para garantir o bem estar coletivo”,
com um custo de 236 mortos e 817 feridos em diversos incidentes numa estratégia
de tensão a de sobrevivência com o uso
da força, da violência e da intimidação. (Kleber Torres)
Ficha
técnica
Título : Il
Divo – la spettacolare vita de Giulio Andreotti
/ O Divo
Diretor
e Roteirista : Paolo Sorrentino
Elenco :
Toni Servillo, Ana Bonaiuto, Flávio Bucci, Carlo Bucciroso, Piera Degli
Esposti, Paolo Graziosi, Giulio Bosetti, Massimo Popolizio, Giorgio Colangeli, Alberto Cracco, Lorenzo Gioielli e Gaetano
Balistreri
Música :
Teho Teardo
Cinematografia : Luca Bigazzi
120 minutos
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