José
Mojica Marins não foi apenas o pai do terror no Brasil, que nos legou Zé do
Caixão, o Joe Coffin, como é cultuado pelos seus admiradores nos Estados
Unidos, além de obras como À Meia Noite
Levarei Sua Alma, Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, O Estranho Mundo
de Zé do Caixão e Finis Hominis. entre outros filmes. Ele também incursionou com sua criatividade e recursos
limitadores no faroeste, dramas,
aventura e até no gênero da pornochanchada em A Virgem e o Machão, assinado com
o pseudônimo de J,Avelar.
O roteiro
de Georgina Duarte nos remete a dois médicos que chegam em uma pequena cidade para
trabalhar num hospital do interior. Um deles, o machão (Aurélio Tomassini) começa
por seduzir a bela camareira do hotel em que se hospedou. Ele também aceita o
desafio e suscita apostas milionárias para conquistar e acabar com a frigidez da prostituta mais
famosa da cidade e que estava na casa da madame
Lola (Zélia Hofmann), a bela Maria Sorvete (Nadir Fernandes), que atraia
com seu charme gelado aos clientes e indiferente a tudo, chupava picolés no
palito (numa metáfora ao sexo oral) durante os seus encontros amorosos.
As
atividades do machão, que conseguiu
acabar a frigidez de Maria Sorvete tomando ao lado dela sorvete de caixinha,
resulta no desaparecimento da prostituta, que deixa a cidade envergonhada. A
sequência, também metaforicamente sugestiva do encontro, termina com o picolé
de coco da prostituta derretendo na cômoda e gotejando leitoso no chão do
quarto, num presumível orgasmo.
Já o
médico e machão também conquista a atenção das mulheres casadas da elite da cidade, que resolvem se vingar das
traições dos maridos pagando com a mesma
moeda e ao mesmo tempo também atrai as atenções de uma virgem (Esperança Villanueva), com quem tem um caso,
mas ao se recusar a tê-la como esposa num casamento formal, desperta uma trama que vai desmascará-lo na
comunidade.
A virgem arma, com o macaco Tião, que também é personagem do filme, lê jornais e é cheio de esperteza, uma vingança contra o machão visando expor as suas conquistas. O filme marcou a estreia de José Mojica Marins na pornochanchada e foi uma forma do cineasta criativo driblar os rigores da censura, com humor e questionando os valores da sociedade, inclusive com relação à fidelidade conjugal e até mostrando a face atual do empoderamento feminino.(Kleber Torres)
Ficha técnica :
Título : A Virgem e o Machão
Diretor : J.Avelar (José Mojica Marins:
Roteiro: Georgina
Duarte
Elenco :
Aurélio Tomassini, Esperança Villanueva, Alex Delamote, Chaguinha, Geraldo
Decourt, Gracinda Fernandes, Lisa Negri,
M. Augusto Cervantes, Nadir Fernandes,Rosalvo Caçador, Zélia Hofmann,
Vosmarline Siqueira e Toni Cardi
Cinematografista
: Eliseo Fernandes
Gênero :
Pornochanchada
Ano : 1974
90 minutos
Colorido