domingo, 29 de maio de 2022

Uma transição radical do terror até a pornochanchada


                              

 

José Mojica Marins não foi apenas o pai do terror no Brasil, que nos legou Zé do Caixão, o Joe Coffin, como é cultuado pelos seus admiradores nos Estados Unidos,  além de obras como  À Meia Noite  Levarei Sua Alma, Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver, O Estranho Mundo de Zé do Caixão e Finis Hominis. entre outros filmes. Ele também  incursionou com sua criatividade e recursos limitadores  no faroeste, dramas, aventura e até no gênero da pornochanchada em A Virgem e o Machão, assinado com o pseudônimo de J,Avelar.

 

O roteiro de Georgina Duarte nos remete a dois médicos que chegam em uma pequena cidade para trabalhar num hospital do interior. Um deles, o machão (Aurélio Tomassini) começa por seduzir a bela camareira do hotel em que se hospedou. Ele também aceita o desafio e suscita apostas milionárias para conquistar e  acabar com a frigidez da prostituta mais famosa da cidade e que estava na casa da madame  Lola (Zélia Hofmann), a bela Maria Sorvete (Nadir Fernandes), que atraia com seu charme gelado aos clientes e indiferente a tudo, chupava picolés no palito (numa metáfora ao sexo oral) durante os seus encontros amorosos.

 

As atividades do  machão, que conseguiu acabar a frigidez de Maria Sorvete tomando ao lado dela sorvete de caixinha, resulta no desaparecimento da prostituta, que deixa a cidade envergonhada. A sequência, também metaforicamente sugestiva do encontro, termina com o picolé de coco da prostituta derretendo na cômoda e gotejando leitoso no chão do quarto, num presumível orgasmo.

 

Já o médico e machão também conquista a atenção das mulheres casadas  da elite da cidade, que resolvem se vingar das traições dos maridos pagando com  a mesma moeda e ao mesmo tempo também atrai as atenções de uma virgem  (Esperança Villanueva), com quem tem um caso, mas ao se recusar a tê-la como esposa num casamento formal, desperta  uma trama que vai desmascará-lo na comunidade.

 

A virgem arma, com o macaco  Tião, que também é personagem do filme, lê jornais e é cheio de esperteza, uma vingança contra o machão visando expor as suas conquistas. O filme marcou a estreia de José Mojica Marins na pornochanchada e foi uma forma do cineasta criativo driblar os rigores da censura, com humor e questionando os valores da sociedade, inclusive com relação à fidelidade conjugal e até mostrando a face atual do empoderamento feminino.(Kleber Torres)

Ficha técnica :

 

Título : A Virgem e o Machão

Diretor : J.Avelar (José Mojica Marins:

Roteiro: Georgina Duarte

 

Elenco : Aurélio Tomassini, Esperança Villanueva, Alex Delamote, Chaguinha, Geraldo Decourt,  Gracinda Fernandes, Lisa Negri, M. Augusto Cervantes, Nadir Fernandes,Rosalvo Caçador, Zélia Hofmann, Vosmarline Siqueira e Toni  Cardi

 

Cinematografista : Eliseo Fernandes

 

Gênero : Pornochanchada

 

Ano : 1974

 

90 minutos

 

Colorido

 

 


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