terça-feira, 29 de abril de 2025
Assassinato de aluguel um negócio imoral que gera três mil mortes por ano
Anualmente ocorrem mais de três mil mortes no mundo provocadas por assassinos de aluguel, mas não há sinais que isto vai parar e pouco se sabe sobre estes profissionais que atuam acima do bem e do mal, sem restrições éticas ou morais. Este é o tema do episódio inicial da primeira temporada de Mercado Ilegal, uma série de programas de jornalismo investigativo apresentada por Mariana Von Zeller, explorando o funcionamento dos mercados ilegais no submundo mundial.
Na sua pesquisa a jornalista ouviu sicários de Los Angeles, do México, passando pelo Brasil, Colômbia, Amsterdã e da África do Sul revelando um fenômeno global sem limites de fronteiras geográficas. No caso sulafricano, são estimadas nos últimos sete anos cerca de mil execuções por encomenda, o que torna o problema uma verdadeira epidemia agravada por um circuito de impunidade envolvendo a disputa entre grupos rivais, que lutam pelo domínio do mercado de táxis e vans de aluguel, responsável metade dos assassinatos de mando que ocorrem naquele país.
A jornalista ouviu um grupo de três pistoleiros. Um destes profissionais declara sem hesitação que este é um negócio como outro qualquer e em função das encomendas alguém tem que morrer. O grupo de entrevistados incluiu um profissional de nível superior, que assume mais de 30 homicídios, considerando que matar é uma rotina e os preços podem ser contratados a partir de R$ 400,00.
Há outro sicário que tenta analisar as raízes sociais do problema associando o crime de mando à pobreza, mas, em compensação não se arrepende do que faz. Em Amsterdã. Mariana Von Zeller vai muito além de uma simples exposição de casos isolados abordando integrantes de uma família de assassinos de aluguel e traficantes. Um deles alega que faz o que tinha de ser feito e sem hesitações ou restrições de caráter ético e moral destaca que esta seria uma questão de sobrevivência num mundo cão, onde outros profissionais estão igualmente disponíveis no mercado.
A narrativa é densa e investiga minuciosamente o universo clandestino onde esses indivíduos operam, demonstrando como eles se inserem em uma complexa e interligada economia paralela, na qual a violência é transformada em uma mercadoria. Esse tratamento revela que, apesar do estigma e da condenação social, tais práticas emergem de contextos culturais, políticos e econômicos específicos que facilitam a proliferação desses mercados ilegais .
A jornalista adota uma perspectiva que não se limita à apresentação de nomes e fatos, mas que busca compreender a lógica interna dessas redes criminosas. Dessa forma, ela explora os mecanismos organizacionais que regem a atuação dos assassinos de aluguel, destacando que eles operam dentro de um sistema muito mais amplo—onde o contrabando, a extorsão, o roubo e o tráfico se entrelaçam de forma intrincada gerando uma rede de poder. Essa visão sistêmica é essencial para perceber que os assassinos, longe de serem agentes isolados, fazem parte de um fluxo contínuo de transações ilícitas que refletem desequilíbrios socioeconômicos profundos e a fragilidade de certas estruturas repressivas e judiciais, o que revela a omissão dos governantes em relação ao problema.
A série que aborda temas variados sobre mercados ilegais nos convida a pensar criticamente sobre a forma como a sociedade é impactada por essas atividades, muitas delas envolvendo somas bilionárias, ampliando a compreensão do funcionamento dos submundos criminosos, mas também evidenciando a necessidade de abordagens integradas—que combinem segurança pública, políticas sociais e práticas de prevenção—para mitigar a influência desses mercados na vida da própria sociedade e das nações. Van Zeller só não incluiu na sua reportagem a história de Júlio Santana, um brasileiro nato, pai de família exemplar e caridoso, responsável de 492 mortes, que foi imortalizado num livro e no filme “O nome da morte”, ele só foi preso por homicídio uma única vez e solto logo em seguida depois de pagar propina aos policiais sendo protegido pelo signo da impunidade(Kleber Torres).
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário