sábado, 11 de abril de 2015

Lili Marlene




          Tudo começa em 1939, às vésperas da eclosão da Segunda Guerra Mundial, quando a cantora de cabaret Willie, interpretada por Hanna Schygulla se apaixona em Zurique, na Suíça,  pelo pianista boêmio Robert (Giancarlo Giannini). Ele é judeu que participa da resistência ao nazismo e a sua  família não quer o relacionamento com Willie, uma alemã loura e de sangue ariano.
          O casal se separa quando ao voltar de uma viagem da Alemanha em companhia de Robert, Willie é impedida de cruzar a fronteira e retornar à Suíça, de onde  foi expulsa por dívidas, numa ação desencadeada do pai de Robert, o magnata David Mendelson (Mel Ferrer).
          Sem poder voltar à Zurique onde se apresentava em casas noturnas, Willie é forçada a permanecer em seu país de origem e  se envolve com Henkel (Karl-Heinz von Hassel), um poderoso oficial da SS, polícia política nazista, que se torna o seu padrinho e a insere num circuito de apresentações numamovimentado cabaré.
          Ao mesmo tempo em que a II Guerra Mundial se desenrola, a carreira de Willie começa a deslanchar e com a ajuda de Henkel, que trabalhava no ministério das comunicações, ela gravar um disco e uma das canções, Lili Marleen, de Hans Leip, que passa a tocar na Rádio de Belgrado e se torna extremamente popular entre as tropas alemãs que estão nas frente de combate. A música passa a ser o hino de seis milhões de  soldados alemães mobilizados na África, na Rússia e na própria Europa ocupada.
          Willie fica famosa e se torna uma celebridade, que dá autografos e passa a receber os privilégios do regime, inclusive com acesso a Adolph Hitler. Inconformado com o fato de que Willie tenha se tornado um símbolo do regime nazista, Robert volta à Alemanha para falar com ela, usando documentos falsos, mas é feito prisioneiro e Lili, cai em desgraça, entra para a lista negra do regime como suspeita de espionagem e sabotagem.
          Um fato importante no filme, é que nas sequências das apresentações apoteóticas do Lili Marlene em teatro, há sempre uma fusão da música com as imagens dos campos de batalha onde morrem e são mortos os soldados alemães, o que se contrapõe com as flores e ovações do público à cantora, mesmo quando a Alemanha era submetida a pesados bombardeios aliados. A música para Paul Joseph Goebbels era sentimentalóide e “não passava de uma besteira com cheiro de morte”, em função do seu final trágico. O filme termina com o nazismo derrotado.
          Como representante do no cinema alemão, Rainer Fassbinder conseguir montar um retrato da Alemanha, que se consolida com Lili Marlene e o Casamento de Maria Brown. Ele retratou em seus filmes – produzia um a cada cem dias – o drama de todas as classes sociais, como os burgueses, em Roleta Chinesa; os comerciantes, em O mercador de quatro estações; o proletariado, em Viagem à felicidade de Mamãe Küster; o lúmpen, em O amor é mais frio que a morte; os intelectuais, em Satansbraten; os jornalistas, em As lágrimas Amargas de Petra von Kant, ou os emigrantes, em Katzelmacher, todos numa linguagem densa e cheias de imagens simbólicas que se inserem na história do cinema. (Kleber Torres)


Ficha Técnica:
Título : Lili Marleen / Lili Marlene
Direção: Rainer Werner Fassbinder
Roteiro: Rainer Werner Fassbinder, Manfred Purzer eJoshua Sinclair
Elenco : Hanna Schygulla, Giancarlo Giannini, Mel Ferrer, Karl-Heinz von Hassel, Erik Schumann, Hark Bohm, Gottfried John, Karin Baal, Christine Kaufmann, Udo Kier e Roger Fritz
Gênero :drama
Música: Peer Raben
País:  Alemanha

1981 • cor • 120 min 

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