Tudo começa em 1939, às vésperas da
eclosão da Segunda Guerra Mundial, quando a cantora de cabaret Willie,
interpretada por Hanna Schygulla se apaixona em Zurique, na Suíça, pelo pianista boêmio Robert (Giancarlo
Giannini). Ele é judeu que participa da resistência ao nazismo e a sua família não quer o relacionamento com Willie,
uma alemã loura e de sangue ariano.
O casal se separa quando ao voltar de
uma viagem da Alemanha em companhia de Robert, Willie é impedida de cruzar a
fronteira e retornar à Suíça, de onde
foi expulsa por dívidas, numa ação desencadeada do pai de Robert, o magnata
David Mendelson (Mel Ferrer).
Sem poder voltar à Zurique onde se
apresentava em casas noturnas, Willie é forçada a permanecer em seu país de
origem e se envolve com Henkel
(Karl-Heinz von Hassel), um poderoso oficial da SS, polícia política nazista,
que se torna o seu padrinho e a insere num circuito de apresentações numamovimentado
cabaré.
Ao mesmo tempo em que a II Guerra
Mundial se desenrola, a carreira de Willie começa a deslanchar e com a ajuda de
Henkel, que trabalhava no ministério das comunicações, ela gravar um disco e
uma das canções, Lili Marleen, de Hans Leip, que passa a tocar na Rádio de
Belgrado e se torna extremamente popular entre as tropas alemãs que estão nas
frente de combate. A música passa a ser o hino de seis milhões de soldados alemães mobilizados na África, na
Rússia e na própria Europa ocupada.
Willie fica famosa e se torna uma
celebridade, que dá autografos e passa a receber os privilégios do regime,
inclusive com acesso a Adolph Hitler. Inconformado com o fato de que Willie
tenha se tornado um símbolo do regime nazista, Robert volta à Alemanha para
falar com ela, usando documentos falsos, mas é feito prisioneiro e Lili, cai em
desgraça, entra para a lista negra do regime como suspeita de espionagem e
sabotagem.
Um fato importante no filme, é que nas
sequências das apresentações apoteóticas do Lili Marlene em teatro, há sempre
uma fusão da música com as imagens dos campos de batalha onde morrem e são
mortos os soldados alemães, o que se contrapõe com as flores e ovações do
público à cantora, mesmo quando a Alemanha era submetida a pesados bombardeios
aliados. A música para Paul Joseph Goebbels era sentimentalóide e “não passava
de uma besteira com cheiro de morte”, em função do seu final trágico. O filme
termina com o nazismo derrotado.
Como representante do no cinema
alemão, Rainer Fassbinder conseguir montar um retrato da Alemanha, que se
consolida com Lili Marlene e o Casamento de Maria Brown. Ele retratou em seus
filmes – produzia um a cada cem dias – o drama de todas as classes sociais,
como os burgueses, em Roleta Chinesa; os comerciantes, em O mercador de quatro
estações; o proletariado, em Viagem à felicidade de Mamãe Küster; o lúmpen, em
O amor é mais frio que a morte; os intelectuais, em Satansbraten; os
jornalistas, em As lágrimas Amargas de Petra von Kant, ou os emigrantes, em
Katzelmacher, todos numa linguagem densa e cheias de imagens simbólicas que se
inserem na história do cinema. (Kleber Torres)
Ficha Técnica:
Título : Lili Marleen
/ Lili Marlene
Direção: Rainer Werner Fassbinder
Roteiro: Rainer
Werner Fassbinder, Manfred Purzer eJoshua Sinclair
Elenco : Hanna
Schygulla, Giancarlo Giannini, Mel Ferrer, Karl-Heinz von Hassel, Erik Schumann,
Hark Bohm, Gottfried John, Karin Baal, Christine Kaufmann, Udo Kier e Roger
Fritz
Gênero :drama
Música: Peer Raben
País: Alemanha
1981 • cor • 120 min
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