Selecionado para
representar a Argentina na disputa do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de
2014, o filme Wakolda / O Médico Alemão resgata a questão da influência do
nazismo na América do Sul, um tema já enfocado em filmes como Aleluia Gretchen(1976),
de Sylvio Back e Os Meninos
do Brasil (1978), de Franklin J.
Schaffner, a partir de um romance de Ira Levin, que foi um best-seller.
O filme tem como cenário
a remota Patagônia, e conta a história de uma família que está voltando a
Bariloche para assumir uma hospedaria recebida de herança e acaba conhecendo o
médico alemão Helmut Gregor, interpretado por Alex Brandemühl, codinome usado
por Josef Mengele, que era conhecido nos campos de concentração nazista como o
Anjo da Morte e acaba se tornando o primeiro hóspede da pousada familiar.
O filme mostra o
fugitivo nazista protegido por uma poderosa rede de colaboradores com base na
Argentina –onde monta um laboratório médico e dá continuidade a suas pesquisas genéticas
com seres humanos e animais,- Paraguai e
Brasil. Na pousada, ele mostra um interesse muito particular pela jovem Lilith (Florencia
Bado), que tem um problema de nanismo e é discriminada pelos colegas na escola
onde estudava como anã, a quem trata com hormônios para crescimento.
O tratamento tem o
apoio da mãe da garota, que está grávida e estudou numa escola nazista na Argentina,
a quem Gregor também começa a acompanhar numa
gestação de gêmeos, sua especialidade. O filme mostra a influencia do
nazismo nas escolas argentinas que ensinavam alemão durante o período que
antecede a segunda guerra e a sua continuidade mesmo no período do pós-guerra.
Narra ainda a ação do
Mossad, serviço secreto israelense, que sequestra Adolfo Eichmann, outro
carrasco nazista que também consegue abrigo em território argentino e o condena
a morte em Israel num julgamento acompanhado por Hanna Artendt, que desenvolve
o conceito da banalização do mal.
Mengele escapa ao cerco
dos agentes israelenses mesmo monitorado por uma agente Nora(Elena Roger), que faz
um documentário fotográfico sobre a sua presença na América do Sul e acaba
tendo uma morte misteriosa na Europa, a qual é citada de passagem no final do
filme. O médico alemão tem um interesse todo especial
pelos animais e seres humanos como cobaias de experimentos e anotações meticulosas,
inclusive sobre a família que o hospeda em território argentino.
O grande mérito do
filme está na trama investigativa e
mostra que a Cruz Vermelha e a própria Igreja Católica foram usados para
encobrir os rastros dos nazistas na sua fuga da Europa até o continente sul-americano.
O filme também mostra uma relação que chega aos limites da pedofilia entre
o médico e Lilith, bem como a capacidade do primeiro de se impor e ser seguido
por ela, que é a narradora final de uma história que fica para sempre na sua
memória.
Em Wakolda, o médico
alemão diz que a genética é uma ciência complexa com explicações simples e plausíveis
para os seus resultados e que o importante é procurar o efeito fundamental, ou
seja, encontrar o padrão definitivo para a melhoria da raça e a eugenia, na
construção do superhomem nazista, o que fazia medindo e pesando a tudo que o
interessava, afinal “gosto do que é bonito”. Mengele morreu anônimo em Bertioga,
no Brasil, onde faleceu em 7 de fevereiro de 1979, bafejado pelos ventos tropicais
da impunidade. No seu caso, pelo menos e de certa forma, o crime contra a
humanidade compensou. (Kleber Torres)
Ficha
Técnica
Wakolda / O médico
Alemão
Direção: Lucia Puenzo
Elenco: Alex
Brendemühl, Natalia Oreiro, Diego Peretti, Elena Roger, Guillermo Pfuening,
Florencia Bado
Fotografia: Nicolas
Puenzo
Música: Andrés
Goldstein e Daniel Tarrab
Gênero Drama , Suspense , Histórico
Nacionalidade França , Argentina , Espanha , Noruega
Lançamento: 12 de junho de 2014
Duração: 1h33min
Nenhum comentário:
Postar um comentário