O longa metragem Envelhescência
relata, em 84 minutos, a história de seis pessoas idosas que vivem a vida de
maneira plena e nos mostram, através de suas próprias experiências pessoais,
que os hábitos e a rotina após os 60 anos podem ser repletos de atividades e
bom humor para quem tem uma proposta e um projeto de vida. Dirigido por Gabriel
Martinez e com argumento de Ruggero Fiandanese, o filme também nos revela que o
desafio da velhice pode ser enfrentado por quem prática atividades diversas
fazendo as coisas que gosta, com apoio da família e dos amigos, afinal ninguém
deve envelhecer sozinho.
Intercalado com comentários e
observações do médico Alexandre Kalache; da antropóloga Mirian Goldenberg e do
filósofo Mário Sergio Cortella, o filme oferece uma nova perspectiva sobre o
significado do envelhecimento na vida de pessoas comuns, não só através dos
depoimentos dos personagens, como também de seus familiares e amigos como
co-participantes do processo.
Para o médico Alexandre Kalache,
o primeiro
presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil, o mundo vive uma
revolução provocada pelo aumento da longevidade, o que considera a grande
transformação do século XXI. Ele cita que a sua geração – nasceu em 1947 -,
ganhou 32 anos a mais de vida em função de uma série de fatores – alimentação
balanceada, acesso a medicamentos e mais recursos de saúde, melhor qualidade de
vida - tanto que hoje, as pessoas não mais projetam viver 65
anos, mas 90 anos ou mais.
Ele observa ainda, que a velhice
representa o somatório das experiências pessoais de cada um e o mais importante
é preservar a autoestima e ter um projeto de vida, uma vez que não existem
regras definidas e estabelecidas para romper os tabus da velhice.
omo antropóloga Miriam Goldenberg,
fala do conceito de ageless, para pessoas que estão revolucionando a forma de
envelhecer cantando, dançando, amando e inventando novas formas de se
relacionar com as pessoas e com o mundo. Ela vê o tempo como um ativo, um
capital de valor inestimável, que não pode ser desperdiçado e acredita na
possibilidade de se ter uma bela velhice, apesar da crueldade do processo do
envelhecimento, bastando que se tenha um projeto de vida em sintonia com a
realidade.
O filme tem como referência Osvaldo
Silveira, 84 anos, um maitre que divide o seu tempo entre o trabalho e o
esporte, acordando religiosamente às três horas da madrugada e com uma rigorosa
preparação para maratonas.Ele também é um colecionador de títulos.
Outro caso interessante é o Edmea
Correa, 67 anos, que pratica surf
juntamente com o marido de 70 anos. Ela conta que o seu amor pelo surf
começou depois da primeira onda, e se arrepende de não ter começado antes, o
que mudou a sua vida para melhor.
Há ainda o otimismo de Luís Schimer,
76, que continua praticando paraquedismo
há 60 anos e não pretende parar nunca ou o mestre de aikidô, Kenji Ono, ou Keizen
Ono Sensei (nome que lhe foi dado por seu Mestre Reishin Kawai, o introdutor do
Aikido no Brasil), o qual continua em atividade aos 89 anos, depois de ter sido
submetido a uma cirurgia ortopédica em função de uma artrose, sem comprometer o
seu desempenho e nem a capacidade física.
Outro caso citado no documentário que
também está sendo exibido nos Estados Unidos, é o de Edson Gambiaggi, 87 anos,
que se formou em medicina depois de se aposentar, um homem obstinado e que
granjeou o respeito dos familiares e dos colegas de curso. Outro depoimento é o
de Judith Caggiano, 83 anos, que reinventou sua vida quando ficou viúva após 51
anos de casada, cuidando da casa e dos filhos: ela fez tatuagens em todo o
corpo, colocou piercings, anda do moto, vai a bares e fala gíria.
Ao observar que tudo isso é resultado
do avanço na idade média da população e na individualidade das pessoas, o
filósofo Mário Sergio Cortella, diz que
depois de velho, que é uma fase da vida, está a morte, a velha senhora que no
final das contas acaba visitando a cada um de nós. Em tempo o filme tem como
referência musical Envelhecer, de Arnaldo Antunes, para quem “ a coisa mais
moderna que existe nessa vida é envelhecer/ a barba vai descendo e os cabelos
vão caindo pra cabeça aparecer/ os filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo
que agora é pra valer/ os outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer/
não quero morrer pois quero ver como será que deve ser envelhecer/ eu quero é
viver pra ver qual é e dizer venha pra o que vai acontecer. (Kleber Torres)
FICHA TÉCNICA
Direção: Gabriel
Martinez
Argumento: Ruggero
Fiandanese
Edição: Caio
Rodriguez
Fotografia: Daniel
Dias
Operador de câmera:
Raphael Mariano
Música: Marcelo
Fruet
Sound design e
mixagem: Ricardo Camera
Produção: Samarah
Kojima
Elenco: Edson
Gambuggi, Judith Caggiano, Luiz Schirmer, Ono Sensei, Oswaldo Silveira, Edméia
Corrêa, Alexandre Kalache, Mirian Goldenberg, Mário Sergio Cortella
Tempo de duração:
84 minutos
Ano de Lançamento
(Brasil): 2015
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