domingo, 11 de setembro de 2016

O golpe de mestre de Madoff que transitava entre a magia e a picarategem




O filme “Madoff: A fraude do século”, que  teve o seu roteiro assinado por Ben Robbins , com base no livro “The Madoff Chronicles”,  de Brian Ross, conta em forma de uma minisérie com cerca de oito horas de duração, a ascensão e queda de Bernie Madoff,  uma espécie de consultor financeiro que  enriqueceu  através de um esquema criminoso  que nos Estados Unidos é conhecido como esquema Ponzi, envolvendo uma sofisticada operação fraudulenta de investimento do tipo esquema em pirâmide com  o pagamento de rendimentos anormalmente altos  aos investidores. O filme também mostra  como ele conquistou Wall Street, chegando à presidência da Nasdaq e atraia clientes,  deixando atrás de si um rombo estimado de US$ 65 bilhões.
Oferecendo rendimentos elevados aos investidores, sempre com  taxas superiores a 10% ao ano, Madoff   - interpretado por Richard Dreyfus- fazia desta remuneração uma espécie de segredo, e se considerava metaforicamente um mágico, lembrando que os bons mágicos jamais revelam os seus segredos. Um outro artifício utilizado  para o golpe, era a não cobrança de uma  taxa de gerenciamento dos clientes, alegando que  este bônus estava implícito nas atividades de corretagem nas bolsas de valores.
Especialistas na área financeira e analistas de mercado acreditam que a fraude ganhou corpo a partir da década de 1970 ou 1980, quando Madoff deslanchou e iniciou seu esquema por meio de um hedge fund exclusivo para investidores selecionados, tendo como sede três andares do Lipstick Building,  na Terceira Avenida, em Nova York.  O fundo era operado de forma rudimentar, a partir de uma empresa familiar, que tinha a mulher como vice-presidente e uma central de operações concentrada num pequeno grupo de pessoas com acesso restrito às informações.
Para as pessoas do mercado e clientes mais bem informados,  Madoff declarava  que utilizava estratégias de opções atreladas a compras de índice de bolsa americana, que tem como objetivo limitar potenciais prejuízos, mas que também limitaria os lucros e naturalmente não possibilitariam a elevada remuneração que oferecia aos clientes. Quando pressionado por clientes e jornalistas, declarava fazer uso de opções de venda ou similares para proteção dos investidores, mas admitia nos bastidores da empresa que o segredo do sucesso, o mesmo do esquema Ponzi, era entrar mais recursos do que sair.
Na contramão das suas afirmativas,  Madoff  em realidade não efetuava nenhuma transação no mercado de ações. Em geral, ele  depositava o dinheiro dos clientes em uma conta-corrente com liquidez no banco JPMorgan Chase, em nome de seu hedge fund, que era controlado por uma pequena equipe lotada no 19o andar do prédio, com acesso estritamente controlado por meio de cartões eletrônicos.
Para mostrar que comandava um negócio familiar muito bem estruturado e consolidado – a família também enfrentava os seus conflitos interpessoais, disputas pelo poder na empresa e sérios problemas de saúde-, bem como que a confiança era a base para um relacionamento duradouro,  Madoff enviava extratos mensais simplificados aos investidores mostrando ganhos fictícios que variavam  entre 10 e 15% ao ano.  O fundo também mostrava de certa forma um bom desempenho mesmo em períodos de crises da bolsa, que se acentuaram na segunda metade  dos anos 90 do século passado .
Embora necessitasse continuamente de novos investimentos para manutenção do negócio, Madoff não fazia propaganda do fundo e conseguia novos clientes através dos investidores conhecidos ou interessados que imploravam para fazer parte de seu exclusivo e seleto clube de investidores considerados top de linha.  Para manter o negócio, ele resgatava os recursos para investidores que questionavam a rentabilidade da sua empresa, utilizando  para  isso os recursos depositados na conta-corrente do JP Morgan. 
O negócio começou a desmoronar,  em 1999, quando um pequeno hedge fund concorrente começou a perder clientes para Madoff e solicitou ao analista financeiro, Harry Markopolos, para que descobrisse uma fórmula para conseguir os retornos elevados e sem volatilidade que Madoff estava oferecendo há mais de duas décadas. Ele analisou as informações e concluiu de forma racional que os retornos eram impossíveis e que Madoff era uma fraude, o que foi confirmado depois por uma série de investigações da Comissão de Valores Mobiliários e que resultou na prisão e condenação  de Madoff  após  de quatro décadas de lucros e impunidade. (KLEBER TORRES)

Ficha técnica :

Título : Madoff / Madoff : a fraude do século
Diretor: Raymond De Felitta
Atores: Richard Dreyfuss, Blythe Danner, Tom Lipinski, Danny Deferrari e Peter Scolari
Roteiro : Ben Robbins
95 minutos

Estados Unidos

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