O filme “Madoff: A fraude do século”, que teve o seu roteiro assinado por Ben Robbins ,
com base no livro “The Madoff Chronicles”,
de Brian Ross, conta em forma de uma minisérie com cerca de oito horas
de duração, a ascensão e queda de Bernie Madoff, uma espécie de consultor financeiro que enriqueceu através de um esquema criminoso que nos Estados Unidos é conhecido como
esquema Ponzi, envolvendo uma sofisticada operação fraudulenta de investimento
do tipo esquema em pirâmide com o
pagamento de rendimentos anormalmente altos aos investidores. O filme também mostra como ele conquistou Wall Street, chegando à presidência
da Nasdaq e atraia clientes, deixando atrás
de si um rombo estimado de US$ 65 bilhões.
Oferecendo rendimentos elevados aos investidores, sempre com taxas superiores a 10% ao ano, Madoff -
interpretado por Richard Dreyfus- fazia desta remuneração uma espécie de
segredo, e se considerava metaforicamente um mágico, lembrando que os bons mágicos
jamais revelam os seus segredos. Um outro artifício utilizado para o golpe, era a não cobrança de uma taxa de gerenciamento dos clientes, alegando que
este bônus estava implícito nas
atividades de corretagem nas bolsas de valores.
Especialistas na área financeira e analistas de mercado
acreditam que a fraude ganhou corpo a partir da década de 1970 ou 1980, quando Madoff
deslanchou e iniciou seu esquema por meio de um hedge fund exclusivo para
investidores selecionados, tendo como sede três andares do Lipstick Building, na Terceira Avenida, em Nova York. O fundo era operado de forma rudimentar, a partir
de uma empresa familiar, que tinha a mulher como vice-presidente e uma central
de operações concentrada num pequeno grupo de pessoas com acesso restrito às
informações.
Para as pessoas do mercado e clientes mais bem informados, Madoff declarava que utilizava estratégias de opções atreladas
a compras de índice de bolsa americana, que tem como objetivo limitar
potenciais prejuízos, mas que também limitaria os lucros e naturalmente não
possibilitariam a elevada remuneração que oferecia aos clientes. Quando
pressionado por clientes e jornalistas, declarava fazer uso de opções de venda ou
similares para proteção dos investidores, mas admitia nos bastidores da empresa
que o segredo do sucesso, o mesmo do esquema Ponzi, era entrar mais recursos do
que sair.
Na contramão das suas afirmativas, Madoff em realidade não efetuava nenhuma transação no
mercado de ações. Em geral, ele depositava o dinheiro dos clientes em uma
conta-corrente com liquidez no banco JPMorgan Chase, em nome de seu hedge fund,
que era controlado por uma pequena equipe lotada no 19o andar do prédio, com
acesso estritamente controlado por meio de cartões eletrônicos.
Para mostrar que comandava um negócio familiar muito bem
estruturado e consolidado – a família também enfrentava os seus conflitos
interpessoais, disputas pelo poder na empresa e sérios problemas de saúde-, bem
como que a confiança era a base para um relacionamento duradouro, Madoff enviava extratos mensais simplificados aos
investidores mostrando ganhos fictícios que variavam entre 10 e 15% ao ano. O fundo também mostrava de certa forma um bom
desempenho mesmo em períodos de crises da bolsa, que se acentuaram na segunda
metade dos anos 90 do século passado .
Embora necessitasse continuamente de novos investimentos
para manutenção do negócio, Madoff não fazia propaganda do fundo e conseguia
novos clientes através dos investidores conhecidos ou interessados que
imploravam para fazer parte de seu exclusivo e seleto clube de investidores
considerados top de linha. Para manter o
negócio, ele resgatava os recursos para investidores que questionavam a
rentabilidade da sua empresa, utilizando
para isso os recursos depositados
na conta-corrente do JP Morgan.
O negócio começou a desmoronar, em 1999, quando um pequeno hedge fund
concorrente começou a perder clientes para Madoff e solicitou ao analista
financeiro, Harry Markopolos, para que descobrisse uma fórmula para conseguir
os retornos elevados e sem volatilidade que Madoff estava oferecendo há mais de
duas décadas. Ele analisou as informações e concluiu de forma racional que os
retornos eram impossíveis e que Madoff era uma fraude, o que foi confirmado
depois por uma série de investigações da Comissão de Valores Mobiliários e que
resultou na prisão e condenação de
Madoff após de quatro décadas de lucros e impunidade. (KLEBER TORRES)
Ficha técnica :
Título : Madoff / Madoff : a fraude do século
Diretor:
Raymond De Felitta
Atores:
Richard Dreyfuss, Blythe Danner, Tom Lipinski, Danny Deferrari e Peter Scolari
Roteiro : Ben Robbins
95 minutos
Estados Unidos
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