domingo, 1 de janeiro de 2017

Humor escrachado que brinca com o sexo e a religião







Rodado há exatos 30 anos, Urubus e Papagaios é uma comédia picante, que foge aos padrões da chanchada e mergulha de certa forma até no realismo fantástico com gags e situações hilariantes. Tudo  começa quando aos 60 anos, o desembargador aposentado Fausto (Nelson Dantas) volta à pequena cidade natal, onde passa a viver em companhia da jovem esposa Inês (Louise Cardoso), com pouco mais de 20 anos e uma mulher considerada liberada, que começa a fazer seguidoras na comunidade, entre elas a concubina do prefeito.
O casal incomoda os padrões conservadores da população dividida entre governistas e seus opositores de esquerda, mas ao mesmo tempo provoca alterações no comportamento dos habitantes. O desembargador se aproxima de uma galera de jovens, que se sentem atraídos pela sua bela e sensual mulher, a qual passa a ser o objeto de desejo coletivo.
Em função do amor tórrido entre o desembargador e  Inês, o desempenho sexual do casal passa a ser seguido com atenção pelos moradores, que tem como termômetro os momentos de êxtase dos dois, quando as luzes do quarto ficam vermelhas e se refletem sobre os olhares dos moradores da pequena cidade.
Enquanto isso os maridos deixam as mulheres de lado e passam a frequentar a casa de Eni (Cláudia Jimenez), que tem como referência real o luxuoso da homônima na saída de Bauru, também muito famosa no século passado e que era em realidade frequentado por empresários e políticos de projeção nacional. O bordel acabou fechando por causa da concorrência das amadoras contra as prostitutas classe A;
A questão é que em função da idade e de problemas de saúde, o desembargador que havia deixado a pequena cidade há 30 anos, assume uma postura contestadora participando de bebedeiras com os jovens e com a sua morte, um dos rapazes de aproxima da viúva que  lhe concede alguns favores sexuais, o que provoca uma mudança radical na situação sexual da população.
Depois de uma tempestade, o túmulo do desembargador que foi pichado com palavras como corno e chifrudo, aparece com rachaduras e no seu epicentro emerge um mastro peniano, que atrai a atenção da população. Ao mesmo tempo as vaginas das mulheres da cidade ficaram impenetráveis, o que preocupou aos médicos e mobilizou até a igreja chamada para dar uma mãozinha na solução do problema.
O padre local realizou sem sucesso um exorcismo e depois de muita luta para derrubada do imenso mastro coberto com uma lona amarela, convocou a sua principal beata, uma mulher pia que pelas suas confissões sempre teve um comportamento exemplar para ajudar também sem sucesso na erradicação do mal. Ela não era tão pura quanto dizia nas suas confissões.
Mas as coisas só voltaram mesmo  ao normal depois de um encontro entre a viúva e o espírito do falecido, cujo mastro acaba recolhido e assim o mundo daquela população voltou ao normal. Um filme para quem gosta da rir e sabe que até a safanagem tem de ser bem administrada, mais ainda com muito humor para não virar esta esculhambação generalizada que conhecemos.(Kleber Torres)


Ficha técnica completa

Título: Urubus e Papagaios (Original)
Ano produção:        1987
Direção:       José Joffily
Roteiro: Joaquim Vaz de Carvalho, Jorge Durán e José Joffily
Elenco: Cláudia Jimenez, Dora Pellegrino, Felipe Camargo, Louise Cardoso, Maria Alice Vergueiro, Nelson Dantas
Duração:      90 minutos

Gênero: Comédia Nacional

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