Uma profunda reflexão sobre a vida com toda a sua complexidade, o amor e a morte, assim pode ser compreendido o filme O Sentido do Fim (The Sense of an Ending), dirigido pelo cineasta indiano Ritesh Batra, que nos conta de forma humana a história de Tony Webster (Jim Broadbent), um homem de mais de 60 anos, que se define como um cavalheiro geriátrico protegido pela sua armadura brilhante, capaz de reconstruir a sua vida na tentativa de apagar as memórias nem sempre agradáveis do passado. Ele, acaba inexoravelmente envolvido por lembranças dos antigos amigos, das paixões do passado e pelo diário e cartas sobre um amigo que já morreu.
O filme
começa com a voz em off de Toni Webster, também interpretado por Billy
Howle, na juventude, o protagonista da história dizendo que “não tenho
interesse nos meus dias de escola, nem tenho saudade deles. Mas me lembro do
sexto ano.”
Tony
também vive uma rotina de diária de acordar às sete da manhã, ouvir um
CD de música erudita, enquanto prepara seu café, um ritual que complementa com
a leitura de jornais, onde publicou uma carta criticando aos motoristas de
Londres. Depois, se dirige à sua loja de venda e conserto de máquinas
fotográficas antigas, resultado de uma paixão da juventude pela fotografia, onde
atende clientes e recebe uma carta que não abre porque tem de atender um outro
compromisso imediato
Neste
dia, ele vai acompanhar afilha para reunião de um grupo de gestantes lésbicas,
que se preparam para a chegada do primeiro filho. Para que não perca esse novo
compromisso, a filha lhe dá um smartphone,
talvez a ultima esperança para fazer ingressar no século XXI um homem não
afeito à redes sociais, à internet e que vive o seu mundo particular.
Construído
a partir de um roteiro de Nick Payne, baseado no romance homônimo de
Julian Barnes, o filme O Sentido do Fim mostra a vida de Tony, inclusive lembrando a
antiga namorada na juventude Verônica Ford (Freya Mavor) estalando os dedos
numa sequencia rápida.
Tudo muda
quando ele recebe uma carta que é parte de um diário sobre fatos da juventude,
e que incluem um colega Adrian Finn (Joe Alwyn), que morre tragicamente.
A carta tem como referência os anos 60 do século passado, incorporando o
período quando Tony conheceu a ex-mulher Margareth Webster (Harriet Walter),
mãe de sua única filha.
A carta
de Sarah Ford (Emily Mortimer), mãe de Verônica inicia lembrando a Tony, que “acho que o certo que fique com você o anexo desta missiva.
Adrian sempre falou bem de você, e talvez você ache que essa é uma lembrança
interessante, embora dolorosa, de algo passado há muito tempo.” Ela conta na
carta, que também deixou algum dinheiro para Tony, para concluir desejando tudo de bom, mesmo do além
do túmulo, destacando que embora possa parecer estranho, os últimos
meses de vida de Adrian foram felizes.
Tony se
dirige ao escritório de advocacia que havia mandado as duas correspondências
para ele, para reclamar que a carta deixada por Sarah Ford fazia menção a um
item anexado e não lhe foi entregue. A
advogada é reticente e diz que o material está com Verônica, interpretada na
idade madura por Charlotte Rampling, executora do testamento e filha de Sarah
Ford.
Verõnica,
que juventude lhe deu a primeira câmera
Leica, ao ser procurada por Tony sobre as cartas e o diário, marca um encontro na Ponte do Milênio, onde
revela que queimou o referido diário. E entrega mais uma carta dele falando da
vingança do tempo e da expectativa que Verônica e Adrian tivessem um filho, depois,
é seguida por ele até a sua casa, onde
diz a Tony que ele veio encerrar um ciclo, mas não está disponível para atendê-lo.
Ao ser
procurada por Tony, que fala de sua relação com Sara e Verônica, bem como sobre diário incinerado, sua
ex-mulher Margareth o acusa de tentar construir
um altar para uma paixão da juventude e que agora as suas atenções deveriam
estar e voltadas para a filha grávida e
o nascimento do neto. Ele pede desculpas e reconhece os erros cometidos.
O filme nos ensina
que quando a vida passa, menos pessoas
sobram ao nosso redor. A outra lição que fica é que entre os ganhos as perdas inerentes da vida, resta a capacidade de
sobrevivência e a resiliência, mas que nos comove quando tentamos às vezes inutilmente
olhar pelo retrovisor.(Kleber Torres)
Ficha
técnica:
Título : O
Sentido do Fim(The Sense of an Ending)
Direção : Ritesh
Batra
Roteiro : Nick Payne baseado no romance homônimo de Julian
Barnes, Tony
Elenco : Jim Broadbent. Billy
Howle, Charlotte Rampling, Freya Mavor Harriet Walter, Michelle Dockery, Emily
Mortimer, Matthew Goode, James Wilby, Edward Holcroft, Joe Alwyn, Jack Loxton,
Peter Wight, Timothy Innes, Hilton McRae, Andrew Buckley e Nick Mohammed
Fotografia ; Christopher Ross
Música ; Max Richter
Inglaterra
2017
Cor, 108
minutos
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