sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Os magnificos caminhos de Crown e a arte de roubar



Inovador na linguagem, com o uso de telas divididas em multiplas imagens nas mais diversas sequências, o filme Crown, o Magnifico (The Thomas Crown Affair), dirigido em 1968 pelo cineasta Norman Jewinson, a partir de um roteiro assinado por Alan R.Trustman, mostra que o roubo pode ser uma arte e também pode compensar, ganhando inclusive um Oscar. O filme teve um remake em 1999, com o título no  Thomas Crown, a arte do crime, com Pierce Brosnan e Rene Russo
Crown também tem sequências antológicas como a dos seis minutos de um jogo de xadrez, marcado pela sensualidade numa disputa entre o hedonista Thomas Crown (Steve McQueen) e a detetive Vickie Anderson (Faye Dunaway) , que acaba num dos mais longos beijos da história do cinema e de um vôo num planador amarelo.
Thomas Crown é um próspero executivo que comanda um roubo audacioso a um banco, coordenando um grupo de quatro homens, de chapéu, óculos escuros e revólveres com silenciadores, que não se conheciam e que que rendeu dois milhões e seiscentos mil dólares. O dinhero é colocando  em um veículo e transportado pelo motorista, contratado por US$ 50 mil, que o deixa numa  lata de lixo de cemitério, junto a uma lápide que dizia: "abençoados os puros de coração", enquanto os outros ladrões escapavam separadamente pelas ruas centrais de Nova York.
Crown viaja para a Europa e  deposita parte dos recursos roubados num banco suíço, em uma conta com codinome e acesso através de uma senha. Enquanto a polícia realiza investigações sem sucesso sobre o roubo milionário, surge Vickie Anderson, uma investigadora de uma agência de seguros, que deverá receber 10% da quantia recuperada. Vale lembrar que um dos destaques do filme é também a canção original The Windmills of Your Mind, de Michel Legrand.
Depois de analisar uma relação de cinco possiveis suspeitos, que teriam viajado para a Suiça após o roubo,  Vickie considera que cada crime tem uma pesonalidade e uma marca de quem o praticou. Ela tem certeza absolutra de que Crown foi o autor intelectual do roubo e começa a segui-lo ostensivamente a partir de um jogo de polo. 
Entre os dois surge uma forte atração e, mesmo sabendo que ela espera uma falha sua para prendê-lo, Crown, que se preocupa com o que quer ser amanhã, continua a se encontrar a investigadora, numa espécie de jogo entre gato e rato. Nesse interim, a polícia identifica e localiza o motorista envolvido no roubo que é colocado na mesma sala de Crown, mas não o reconhece.
Vickie se aproxima ainda mais do antagonista e amante.  Após um jantar, ela acaba indo ao seu apartamento, onde os dois jogam uma sensual partida de xadrez e ao perceber que seria derrotado pela adversária, Crown joga duro  e a chama para jogar uma outra coisa, que emerge numa fusão de imagens sensuais.
Ele também a leva para a praia e mesmo sabendo que tudo o que ele gastar acima do seu patrimonio seria rastreado pelo fisco americano, Crown planeja um outro roubo igual e uma fuga para um pais tropical cheio de florestas, samba, carnaval e Pão de Açúcar, que coincidentemente é o preferido para fugitivos do cinema e pelos nossos corruptos de plantão. Com o crime consumado, ele deixa um bilhete e o seu Rolls Royce preto para a Vickie e parte em busca de novas aventuras, porque pelo menos no cinema e muitas vezes na vida, o crime também compensa. (Kleber Torres)


Ficha técnica:

Título :  The Thomas Crown Affair (Crown, o Magnífico)
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Alan R.Trustman
Elenco: Steve McQueen, Faye Dunaway, Paul Burke, Jack Weston, Yaphet Kotto, Gordon Pinset, Addison Powel e Bruce Glover
Cinematografista : Heskel Wexler
Música : Michel Legrand
Gênero: Policial, Suspense, Romance
Nacionalidade: EUA
Ano de produção 1968
Cor Colorido

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