O documentário Breslin and Hamill: Deadline
Artists (Breslin e
Hamil: as vozes de Nova York), produzida pela HBO Documentary Films e dirigida por Jonathan
Alter, John Block e Steve McCarthy, reúne imagens inéditas e entrevistas com os
dois influentes jornalistas novaiorquinos da década de 60, Pete Hamill e Jimmy
Breslin, considerados pioneiros do New Journalism, um estilo que fundia a produção de notícias
com literatura, em textos de alta qualidade. Os dois escreveram crônicas
e artigos primorosos com seu estilo polêmico para grandes jornais como New
York Herald Tribune, New York Daily News, Newsday e New
York Post.
O fato é que por um período de cinco décadas,
os dois jornalistas de origem irlandesa,
parecidos em essência no estilo e diferentes ao mesmo tempo, contavam em suas
colunas histórias de pessoas comuns, fazendo uma espécie de literatura em tempo real e com prazos
estabelecidos pelo fechamento dos jornais. Os seus textos tratavam de questões como o racismo, a violência urbana e
revelavam a tensão dos conflitos sociais
numa época em que o jornalismo impresso cativava leitores de todos os segmentos
da população.
Mesmo trabalhando para jornais concorrentes e às vezes atuando nas
mesmas redações, os dois não tinham diplomas
universitários, mas se impuseram a partir dos anos 60 na profissão por seu
estilo opinativo, competência e se tornaram grandes amigos, embora se
desafiassem mutuamente e se inspirassem de forma recíproca.
Os dois cobriram assuntos de repercussão internacional como os
assassinatos dos Kennedy; as mortes de Bernhard Goetz, que matou a tiros quatro jovens os quais o abordaram no
metrô, um assunto que foi tema da série de filmes Desejo de Matar, estrelado por Charles Bronson e do Filho de Sam (Son
of Sam). As reportagens falavam de dois
psicopatas que agiam no submundo nova-iorquino. Breslin, no caso de Bernard
Goetz, se expôs no debate contrariando à
opinião pública e à mídia, dizendo que se fosse atacado pelos jovens revidaria, mas não atiraria nas
vítimas pelas costas.
Breslin e Hamill acompanharam também a eclosão da AIDS, e sua disseminação no mundo, bem como
falaram dos casos polêmicos como o do Crown Heights e de uma corredora estuprada e
morta por jovens negros no Central Park, além da cobertura como jornalistas e testemunhas oculares do ataques terroristas de
11 de setembro.
O filme mostra imagens e entrevistas com Hamill e Breslin, jornalista
que morreu em 2017, depois da mulher e de duas filhas, incluindo o depoimento
de pessoas que os conheceram muito bem, como familiares, jornalistas, artistas,
políticos e editores como Tom Wolfe, Guy
Talese, Gail Collins, Gloria Steinem, Spike Lee, Colin Quinn, Robert De Niro,
Shirley MacLaine ou Andrew Cuomo. Michael Rispoli narra os textos elegantes de
Breslin, e Hamill, lê seus próprios trabalhos num filme editado por Geof
Bartz, e Angela Gandini. A direção de fotografia é assinada por Steve McCarthy e a música é de Wendy
Blackstone. Em tempo: em 1988, o New
York Daily News empregava 400 jornalistas e editores, numero que caiu para 45 profissionais em
2018.(Kleber Torres)
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