domingo, 5 de janeiro de 2020

Uma teoria sobre o poder absoluto e imperial




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A teoria do poder unificado,  a mesma que  se aplica ao caso dos faraós, imperadores e ditadores, se ajusta em gênero, número e grau a Vice. O filme de 2010, dirigido por Adam McKay, conta de forma crítica,  a trajetória de Dick Cheney (Christian Bale), na juventude um universitário beberrão, que estudou ciências políticas em Yale e na Universidade de Wyoming  e teve problemas como trabalhador numa empresa de distribuição de energia onde se envolveu em bebedeiras e brigas, para se transformar no homem mais poderoso do mundo sem precisar chegar à presidência dos Estados Unidos.
Depois de receber um ultimato da mulher (Amy Adams), que teve participação e influência decisiva na sua carreira, Cheney se   aproximou do Partido Republicano e viu na política uma grande oportunidade de ascensão social. Assim, ele se integra à equipe de Donald Rumsfeld (Steve Carell), de quem se torna assessor direto e começa uma escalada para ocupar diversos cargos chaves no governo americano.
Sua ascensão se deu após a renúncia do ex-presidente Richard Nixon,  um advogado e político norte-americano eleito como o 37º Presidente dos Estados Unidos, no período de 1969 até 1974, quando se tornou o primeiro e único a renunciar ao cargo. Os poucos republicanos que não estavam associados ao seu governo ganham importância no governo de Gerald Ford e, com isso, tanto Cheney quanto Rumsfeld retornam à esfera de poder do partido, galgando postos chaves na área da administração federal.
Em 1978, Cheney foi eleito para a  Câmara dos Representantes por Wyoming de 1979 a 1989, sendo reeleito cinco vezes; em 1989 atuou como líder da minoria na Câmara. Ele  foi escolhido por George H.W. Bush para Secretário de Defesa, permanecendo no cargo de 1989 a 1993, tendo influenciado e supervisionado a Operação Tempestade no Deserto.
Com a eleição de Bill Clinton, ele se afastou da política e se dedicou aos negócios, se tornando presidente e CEO da petrolífera  Halliburton, da qual se afastou no 2000, para ser candidato à vice-presidência da República, recebendo uma polpuda indenização.
O fato é que com a decisão de George W. Bush (Sam Rockwell) em se lançar candidato à presidência, Cheney foi cortejado para assumir o posto de vice-presidente, mas aceita com uma condição:  que tenha amplos poderes dentro do governo.
Nos bastidores do governo, ele tirou de cena figuras influentes no governo do pai do novo presidente e colocou nos postos chaves de defesa, economia e política pessoas da sua mais estrita  confiança, tendo inclusive influenciado depois na demissão do amigo e protetor Donald Rumsfeld. Com o atentado de 11 de setembro de 2001 seus poderes foram ampliados. Ele recebia os e-mails destinados ao presidente e monitorava todos os seus passos, ações e decisões.
Cheney assumiu o comando do governo enquanto o presidente Bush estava fora de Washignton no dia do atentado e  foi um dos arquitetos da  Guerra Global ao Terrorismo e comandou a invasão do Iraque, que resultou na queda de Sadam Hussein. Também teve papel decisivo nas ações que envolviam políticas de espionagem sobre a população americana por parte da NSA e a na aprovação de "técnicas avançadas de interrogatório" um eufemismo para a prática da tortura em larga escala.
Cabe um elogio ao trabalho camaleônico da transformação sofrida pelo ator Christian Bale, que além de  engordar cerca de 20 quilos, assumiu ao mesmo tempo a postura simplória e o jeito de falar do personagem, que também tinha suas contradições: era, por questões de ordem familiar, defensor do casamento de pessoas do mesmo sexo, uma coisa impensável para o representante da direita da direita americana. O filme teve oito indicações ao Oscar de 2019.(Kleber Torres)

Ficha Técnica:

Título :  Vice
Direção e Roteiro: Adam McKay
Elenco: Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell,  Sam Rockweel, Eddie  Marsan, Jessie Plemons, Jillian Armenant
Trilha Sonora: Nicholas Brittel

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