A teoria
do poder unificado, a mesma que se aplica ao caso dos faraós, imperadores e
ditadores, se ajusta em gênero, número e grau a Vice. O filme de 2010, dirigido por Adam McKay, conta de forma
crítica, a trajetória de Dick Cheney (Christian Bale), na juventude um universitário
beberrão, que estudou ciências políticas em Yale e na Universidade de Wyoming e teve problemas como trabalhador numa empresa
de distribuição de energia onde se envolveu em bebedeiras e brigas, para se
transformar no homem mais poderoso do mundo sem precisar chegar à presidência dos
Estados Unidos.
Depois de receber um ultimato da mulher (Amy Adams), que teve
participação e influência decisiva na sua carreira, Cheney se aproximou do Partido Republicano e viu na
política uma grande oportunidade de ascensão social. Assim, ele se integra à
equipe de Donald Rumsfeld (Steve Carell), de quem se torna assessor direto e
começa uma escalada para ocupar diversos cargos chaves no governo americano.
Sua ascensão se deu após a renúncia do ex-presidente Richard
Nixon, um advogado e político norte-americano
eleito como o 37º Presidente dos Estados Unidos, no período de 1969 até 1974,
quando se tornou o primeiro e único a renunciar ao cargo. Os poucos republicanos que não estavam associados ao seu
governo ganham importância no governo de Gerald Ford e, com isso, tanto Cheney
quanto Rumsfeld retornam à esfera de poder do partido, galgando postos chaves
na área da administração federal.
Em 1978, Cheney foi eleito para a Câmara dos
Representantes por Wyoming de 1979 a 1989, sendo reeleito cinco vezes; em 1989 atuou
como líder da minoria na Câmara. Ele foi
escolhido por George H.W. Bush para Secretário de Defesa, permanecendo no
cargo de 1989 a 1993, tendo influenciado e supervisionado a Operação Tempestade
no Deserto.
Com a eleição de Bill Clinton, ele se afastou da
política e se dedicou aos negócios, se tornando presidente e CEO da petrolífera
Halliburton, da qual se afastou no 2000,
para ser candidato à vice-presidência da República, recebendo uma polpuda
indenização.
O fato é que com a decisão de George W.
Bush (Sam Rockwell) em se lançar candidato à presidência, Cheney foi cortejado
para assumir o posto de vice-presidente, mas aceita com uma condição: que tenha amplos poderes dentro do governo.
Nos bastidores do governo, ele tirou de cena figuras
influentes no governo do pai do novo presidente e colocou nos postos chaves de
defesa, economia e política pessoas da sua mais estrita confiança, tendo inclusive influenciado
depois na demissão do amigo e protetor Donald Rumsfeld. Com o atentado de 11 de setembro de 2001 seus poderes foram
ampliados. Ele recebia os e-mails destinados ao presidente e monitorava todos
os seus passos, ações e decisões.
Cheney assumiu o comando do governo enquanto o presidente Bush
estava fora de Washignton no dia do atentado e foi um dos arquitetos da Guerra Global ao Terrorismo e comandou a
invasão do Iraque, que resultou na queda de Sadam Hussein. Também teve papel
decisivo nas ações que envolviam políticas de espionagem sobre a população
americana por parte da NSA e a na aprovação de "técnicas
avançadas de interrogatório" um eufemismo para a prática da tortura em
larga escala.
Cabe um elogio ao trabalho camaleônico da transformação sofrida
pelo ator Christian Bale, que além de engordar cerca de 20 quilos, assumiu ao mesmo
tempo a postura simplória e o jeito de falar do personagem, que também tinha
suas contradições: era, por questões de ordem familiar, defensor do casamento
de pessoas do mesmo sexo, uma coisa impensável para o representante da direita
da direita americana. O filme teve oito indicações ao Oscar de 2019.(Kleber Torres)
Ficha
Técnica:
Título : Vice
Direção e Roteiro: Adam McKay
Elenco: Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockweel, Eddie Marsan, Jessie
Plemons, Jillian Armenant
Trilha Sonora: Nicholas Brittel
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