sábado, 13 de junho de 2020

Uma estética de violência e caos durante um surto virótico

 

 

Em tempos de pandemia provocada pelo novo coronavírus, o filme Mayhem (Um dia de caos), dirigido por  Joe Lynch e rodado em 2017, nos leva a uma reflexão sobre o caos e a violência desmedida. Tudo tem como base a ocorrência de um surto virótico temporário no edifício sede de uma empresa de prestação de serviços jurídicos na área corporativa, onde o  advogado Derek Cho (Steven Yeun) acaba injustamente demitido depois de uma armação  preparada pelo seu chefe (Steven Brand), um profissional sem escrúpulos, usuário de cocaína e um homem de métodos deveras heterodoxos na consecução dos seus objetivos.

No mesmo momento em que Derek Cho está deixando a sede da empresa, levando a caixa com os seus teréns e escoltado por seguranças,  um vírus capaz de fazer as pessoas externarem seus impulsos mais selvagens e manifestarem seus planos recônditos infesta o edifício. Enquanto ele está retido  no prédio em quarentena,  é forçado a lutar ferozmente com unhas e dentes não só pelo emprego, mas também pela sua vida.

Nesta luta, ele enfrenta e estraçalha literalmente  jagunços a serviço do chefe todo poderoso no porão do edifício e depois, se associa com uma colega de escritório Melanie Cross (Samara Weaving) numa vingança que envolve a tomada cartões de prepostos hierárquicos dos níveis dois e três da empresa para poder ter acesso ao seguro aos andares superiores do prédio onde funciona a sua diretoria executiva.

Para alcançar o escritório  do chefe no topo do edifício, onde o mesmo se reúne com assessores  submissos ocupando cargos em função de uma obediência cega, são registradas lutas à base de socos ingleses e ponta pés em profusão. Também são registradas mortes com serras elétricas portáteis ou com o suporte máquinas pneumáticas grampeadoras de pregos, numa sequência cabível nos filmes do mestre Quentin Tarantino.

Mas o que é importante no caso de ´”Um dia de caos” não é a necessidade de um isolamento social para conter a virose – o que é feito com o cerco do edifício  pela polícia em conjunto com autoridades sanitárias com suas capas protetoras e máscaras parecendo astronautas -, mas a lição do personagem central de que a custa de sangue, suor e muitos gritos, pode-se conquistar postos numa empresa ou livrar-se de um chefe autoritário depois de provocar uma gama de mortes em série e imprevistas, além do mais, fica implícito que para se conseguir a realização de desejos é preciso muito esforço, foco nos objetivos e definição das metas a serem atingidas, o que pode ser possível na base do vale tudo ou fazendo vigorar o Leviatã, ou seja, dando amplitude à luta hobbesiana de todos contra todos.   (Kleber Torres)

 

 

 

Ficha técnica:

 

Título: Um dia de caos (Mayhen)

Direção: Joe Lynch

Roteiro: Matias Caruso

Elenco : Samara Weaving, Steven Yeun, Dallas Roberts, Steven Brand

Música : Steve Moore

Gênero : Ação e Terror

Origem: Estados Unidos

86 minutos

2017


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