quinta-feira, 4 de abril de 2024
O homem que descobriu a dimensão da eternidade através da música
Um gratificante passeio musical e histórico na vida e obra de Afredo da Rocha Viana Fiho, Pixiguinha, que viveu no período de 1897 a 1973, considerado um dos ícones e um dos pais da MPB, assim pode ser definido o filme “Pixinguinha, um homem carinhoso”, dirigido a quatro mãos por Denise Saraceni e Alan Fiterman. O filme também explora as coincidências históricas do seu nascimento em 23 de abril, dia de São Jorge e com relação à sua morte num sábado de Carnaval, no interior da Igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, o que metafóricamente seria o seu primeiro passo para a sua santificação.
O filme narra a vida do menino negro e de família humilde, que descobre a sua vocação musical e inicia uma escalada ao sucesso como compositor, arranjador, maestro, flautista e saxofonista. O roteiro inclui uma viagem à França em companhia dos Oito Batutas, que difundiram no continente europeu o samba e o choro no período de avanço do jazz e do ragtime, primeiro gênero musical autêntico norte-americano, que conquistava com sua sonoridade e ritmo uma dimensão global. A viagem à Europa também marca a descoberta do amor pelo músico brasileiro que nos legou composições como Carinhoso, Glória, Lamentos, Um a Zero e o antológico Urubu.
“Pixinguinha : um homem carinhoso” não só procura traçar a trajetória do artista, interpretado com esmero por Seu Jorge, bem como os seus dramas existenciais, a paixão pela mulher Betti (Taís Araújo), a adoção de um garoto, além das dificuldades de um músico para quitar dívidas com a casa própria ou tendo de se desfazer de um carro para quitar débitos pessoais num período de decadência. O filme trata superficiamente do envolvimento de Pixiguinha com o álcool e sobre os motivos que o levaram a trocar a flauta pelo saxofone.
Um outro destaque fica para a sequência final do fime mostrando o que ocorreu logo após a morte de Pixinguinha, homenageado pela banda de Ipanema, cujos integrantes se concentraram em frente a Igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, onde estava o corpo do artista, cantando Carinhoso. Essa é uma tradição carnavalesca que tem se repetido ao longo dos anos.
A obra retrata as dificuldades de ascensão de um artista negro numa sociedade racialmente dividida e também entre ricos e pobres sem acesso à incusão social, que copiava os ditames e os modelos da Europa e Estados Unidos. Pixiguinha destaca a contribuição da cutura negra à MPB e a integração cutural através da arte, em especia à musica. Cabe destaque a peformances antólogicas do flautista Pixiguinha em Carinhoso, considerada como uma espécie de hino popular brasieiro e que ganhou uma dimensão internacional. Em sintese, “Pixiguinha : um homem carinhoso” resgata o legado musical de um artista imortal, que transitou do samba para o maxixe, o choro, passando pelo jazz e pela bossa nova singrando rumo à eternidade. (Kleber Torres)
Ficha técnica:
Título : Pixinguinha : um homem carinhoso
Direção : Denise Saraceni e Allan Fiterman
Roteiro : Daniela Dias e Denise Saraceni
Elenco: Seu Jorge, Taís Araújo, Miton Gonçalves, Danio Ferreira, Jhama. Tuca Andrade, Pretinho da Serrinha e Ângelo Fávio
Fotografia : Jean Benoit Crepon
Música : Cristovão Barros
Gênero : Musical / Drama
2021
1 hora e 41 minutos
Brasil
Cor
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário