Sim, o crime compensa, pelo menos em Colour Me Kubrick (Totalmente
Kubrick), um filme franco-britânico de 2006, estrelado pelo excelente John Malkovich no papel de Alan Conway, aliás
Eddie Alan Jablowsky, um estelionatário que se passava pelo cineasta Stanley
Kubrick aplicando golpes continuados em pessoas incautas, que estavam em busca
do sucesso e da fama. O fato em comum entre todas as vitimas é que ninguém se
arriscava a denunciar ou admitir a fraude para não passar como otário, com medo
da repercussão negativa do noticiário, o que provocaria o seu descrédito diante do público,
com danos à própria imagem pessoal.
Considerado uma comédia dramática dirigida com competência por
Brian Cook, e assinada pelo roteirista Anthony
Frewin, conta a história verdadeira de um homem que se passava pelo diretor Stanley
Kubrick durante a produção do seu último
filme, De Olhos Bem Fechados (Eyes Wide Shut), ocorridas em Londres no período
de 1998 e 1999, a despeito de saber
muito pouco sobre o seu trabalho e não saber quase nada sobre a sua vida
pessoal.
O fato é que Conway fingindo ser o recluso diretor Stanley
Kubrick, entrava em festas, restaurantes e badalados clubes noturnos da capital
inglesa, onde circulava com desenvoltura num crescendo de golpes sucessivos. O
caso começou a ser investigado por um jornalista que tentava desmascarar o
golpista e chegou a informar ao cinesta e à polícia, que começou a investigar o
caso, mas esbarrava na barreira de silêncio das vitimas.
Alcoolatra e homossexual, Conway conseguia ludibriar motoristas de taxi,
integrantes de uma banda de hard-rock, pequenos e médios empresários a quem
prometia aval e facilidades de investimentos, além de artistas a que se
propunha a promover, mas sempre seguindo a lei máxima de Gérson para levar
vantagem em tudo. O estelionatário descobre porém uma saída, alegando não saber
quem era, buscando apoio nas asas da psiquiatria e da psicanálise, o que lhe
vale citação num estudo em revista especializada de psiquiatria e até
internação numa clinica para celebridades, que recebia ricos e famosos.
Cabe salientar ainda, que este foi o primeiro longa
dirigido por Brian Cook, que foi diretor assistente de Kubrick em diversas
produções, como "Barry Lyndon", "O Iluminado" e "De
olhos bem fechados". No filme ele
faz propositadamente uma série de
referências à obra de seu mestre, incluindo trilha sonora de seus filmes mais
conhecidos, fechando em chave de ouro com um final compatível de um filme com a assinatura de Kubrick.
Conway faleceu apenas poucos meses depois de Kubrick em
1999 e só não continuou a sua farsa porque foi desmascarado numa matéria com
ampla repercussão da revista Vanity Fair. Na vida real, ele assumiu as mentiras num programa de tv chamado
The Lying Game, o jogo da mentira? (Kleber Torres)
Ficha Técnica
Título : Colour Me Kubrick / Totalmente Kubrick
Direção - Brian W. Cook
Roteiro : Anthony Frewin
Elenco - John Malkovich, Jack Ryan, James Dreyfus, Leslie
Phillips, Linda Bassett, Marisa Berenson, Robert Powell, Sam Redford, Tom Allen
Produção: Brian W.
Cook, Michael Fitzgerald
Fotografia: Howard
Atherton
Trilha Sonora: Bryan
Adams
Duração: 86 min.
Origem – Inglaterra e França
Ano - 2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário