sábado, 16 de janeiro de 2016

Quando o crime compensa e pode ser até premiado









Sim, o crime compensa, pelo menos em Colour Me Kubrick (Totalmente Kubrick), um filme franco-britânico de 2006, estrelado pelo excelente  John Malkovich no papel de Alan Conway, aliás Eddie Alan Jablowsky, um estelionatário que se passava pelo cineasta Stanley Kubrick aplicando golpes continuados em pessoas incautas, que estavam em busca do sucesso e da fama. O fato em comum entre todas as vitimas é que ninguém se arriscava a denunciar ou admitir a fraude para não passar como otário, com medo da repercussão negativa do noticiário, o que  provocaria o seu descrédito diante do público, com danos à própria imagem pessoal.
Considerado uma  comédia dramática dirigida com competência por Brian  Cook, e assinada pelo roteirista Anthony Frewin, conta a história verdadeira de um homem que se passava pelo diretor Stanley Kubrick durante a produção  do seu último filme, De Olhos Bem Fechados (Eyes Wide Shut), ocorridas em Londres no período de 1998 e 1999,  a despeito de saber muito pouco sobre o seu trabalho e não saber quase nada sobre a sua vida pessoal.
O fato é que Conway fingindo ser o recluso diretor Stanley Kubrick, entrava em festas, restaurantes e badalados clubes noturnos da capital inglesa, onde circulava com desenvoltura num crescendo de golpes sucessivos. O caso começou a ser investigado por um jornalista que tentava desmascarar o golpista e chegou a informar ao cinesta e à polícia, que começou a investigar o caso, mas esbarrava na barreira de silêncio das vitimas.
Alcoolatra e homossexual, Conway  conseguia ludibriar motoristas de taxi, integrantes de uma banda de hard-rock, pequenos e médios empresários a quem prometia aval e facilidades de investimentos, além de artistas a que se propunha a promover, mas sempre seguindo a lei máxima de Gérson para levar vantagem em tudo. O estelionatário descobre porém uma saída, alegando não saber quem era, buscando apoio nas asas da psiquiatria e da psicanálise, o que lhe vale citação num estudo em revista especializada de psiquiatria e até internação numa clinica para celebridades, que recebia ricos e famosos.
Cabe salientar ainda, que este foi o primeiro longa dirigido por Brian Cook, que foi diretor assistente de Kubrick em diversas produções, como "Barry Lyndon", "O Iluminado" e "De olhos bem fechados". No filme  ele faz propositadamente  uma série de referências à obra de seu mestre, incluindo trilha sonora de seus filmes mais conhecidos, fechando em chave de ouro  com um final compatível  de um filme com a assinatura de Kubrick.
Conway faleceu apenas poucos meses depois de Kubrick em 1999 e só não continuou a sua farsa porque foi desmascarado numa matéria com ampla repercussão da revista Vanity Fair. Na vida real, ele  assumiu as mentiras num programa de tv chamado The Lying Game, o jogo da mentira?  (Kleber Torres)


Ficha Técnica
Título : Colour Me Kubrick  / Totalmente Kubrick
Direção  - Brian W. Cook 
Roteiro : Anthony Frewin
Elenco -  John Malkovich, Jack Ryan, James Dreyfus, Leslie Phillips, Linda Bassett, Marisa Berenson, Robert Powell, Sam Redford, Tom Allen
Produção: Brian W. Cook, Michael Fitzgerald
Fotografia: Howard Atherton
Trilha Sonora: Bryan Adams
Duração: 86 min.

Origem – Inglaterra e França

Nenhum comentário:

Postar um comentário