sexta-feira, 25 de março de 2016

O non sense que torna os Relatos Selvagens


Indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro da edição de 2015 e selecionado para o prêmio Palma de Ouro o prêmio do Festival de Cinema de Cannes, Relatos Selvagens (Relatos Salvajes), uma co-produção argentina e espanhola se destaca pelo humor negro e non sense, que se revela pela irracionalidade dos personagens quando colocados diante de situações esdrúxulas e que ocorrem no cotidiano.O filme de 2014 tem a  direção competente e roteiro de Damián Szifron.
Contando seis histórias não complementares entre si e sem nenhuma ligação, o filme Relatos Selvagens mostra o tênue limite entre a razão e a loucura, quando as pessoas  perdem o controle e o ‘time’ das situações cotidianas, motivadas em sua maioria pela aridez  do dia a dia e que acaba se refletindo em explosões de violência, as quais resultam na morte e nos caminhos da loucura ou da insanidade com a simples banalização do mal.
Primeiro aparece a narrativa dos passageiros de um avião, prestes a ser derrubado por um dos tripulantes e que têm um ponto em comum: todos foram colegas, professores, amigos ou tiveram algum tipo de relação direta ou indireta com o piloto, por quem não nutriam nenhuma consideração e respeito. Como vitima ele se vinga matando a todos numa vingança sem palavras.
Depois, o filme narra às circunstâncias de um crime numa lanchonete de beira de estrada, a partir de uma vingança da garçonete e que foi assumida na sua integridade por uma colega de trabalho, aplicando facadas no cliente. Na sequencia aparecem dois motoristas numa estrada, um dirigindo um carro luxuoso e outro num veículo velho, mas que se desentendem, porque o proprietário do carro fora de linha impede a ultrapassagem do motorista de classe media alta, que chama de pobre e recalcado ensejando uma vingança ilógica. Resultado: os dois acabam morrendo queimados e seus carros acidentados destruídos pelo fogo.
O filme também narra a história de um pai de família azarado, que implode uma instituição burocrática do departamento de transito e de uma noite de casamento, marcada por traições conjugais e que acaba numa trama de vingança ou no caminho de uma reconciliação. Há ainda os bastidores de um acidente com vítima fatal, seguido de uma negociação dramática para condenar o jardineiro da família, que nada teve com o sinistro e acaba pagando o pato mediante uma possível indenização.
Em síntese são os cenários, personagens e situações escolhidos pelo diretor para fazer eclodir um clima de violência e sangue, sinalizando para a loucura e as rotinas de um tempo em que cada homem é ele e as suas circunstâncias adstritas ao mundo louco e globalizado que o cerca, mostrando a verdadeira face do abismo que nos separa da lógica, da razão, do bom senso e do humanismo. (Kleber Torres)


Ficha técnica
Título: Relatos Selvagens: (Relatos Salvajes)
 Direção:      Damián Szifron
Produção:     Pedro Almodóvar e Axel Kuschevatzky
Roteiro:        Damián Szifron
Elenco:         Rita Cortese, Ricardo Darín. Nancy Dupláa, Dario Grandinetti, Oscar Martinez, Osmar Núñez , Maria Onetto e Erica Rivas
Gênero: Comédia dramática/ suspense
Música:        Gustavo Santaolalla
Distribuição   Warner Bros.
Argentina/Espanha

2014 •  cor •  122 min 

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