sábado, 25 de junho de 2016

Os muitos caminhos para a busca da felicidade e da realização pessoal




O filme Hector and  the Search for Happiness (Hector e a Procura da Felicidade)  nos ensina duas coisas importantes: a primeira, de que todos nos temos a obrigação de ser felizes e em segundo lugar, nos mostra que um dos caminhos mais acessíveis é através da descoberta do amor e da importância do outro nas nossas vidas. O  filme,  que tem uma proposta inteligente, às vezes se mostra ingênuo para o mundo complexo e conturbado em que vivemos, marcado pela corrupção, violência  e pela mentira em escala global,  e é resultado de uma produção germano-canadense-britânica dirigida por Peter Chelsom e com roteiro de Tinker Lindsay e Maria von Heland, tendo como referência o romance Le Voyage d'Hector ou la Recherche du bonheur de François Lelord.
O roteiro é simples e tem o gosto de uma comédia em que  psiquiatra Hector (Simon Pegg) entediado com a rotina da sua vida e com problemas de seus pacientes, a quem cobrava um preço justo e não reajustado pelas consultas há vários anos, resolve se reinventar frustrado por não conseguir ajudar seus pacientes e nem a si próprio a encontrarem a felicidade.  Assim, com o incentivo da namorada  Clara (Rosamund Pike), ele inicia uma viagem ao redor do mundo,  passando por Londres, Xangai, pelo Tibete, com uma incursão no interior de um país africano e sem nenhuma infraestrutura e por fim em  Los Angeles, onde vai busca de novas experiências fazendo anotações e desenho num caderno de viagem.  
Em todo este percurso marcado por aventuras e peripécias , Hector questiona ao longo tempo as pessoas e sobre o que as faz feliz, mas se dá conta que precisa questionar-se a si mesmo diante da vida e mesmo de um mundo às vezes hostil e muito mais cheio de perigos.
O filme  começa com um pequeno avião  antigo de acrobacia  e lugares  apenas para um piloto e um passageiro. O piloto é o Hector e no banco de  trás, o do carona, vai um cachorro que cai durante um looping.  Misteriosamente, em seu lugar aparece um grandalhão que tenta matá-lo apertando o seu pescoço.  Hector acorda de repente, assustado com o pesadelo, depertado por Clara, que  aparece no quarto com as mãos em direção ao companheiro  dizendo:  “Bom dia, querido. Hora de levantar e brilhar”, revelando que tudo não passava de um pesadelo e colocando  suspense no ar sobre a relação do casal.
Os dois residiam num belo apartamento às margens do Tâmisa, em Londres, onde tudo parecia ocorrer de forma perfeita, com a mulher cuidando dos detalhes da casa, da gravata do namorado e até da chave esquecida na cômoda. Mas nem isso e nem a sua clientela não o deixam realizado e ele começa a se questionar sobre se eles são felizes ou ainda o que os motiva.
Tudo muda quando Hector participa de uma  festa da empresa onde Clara  trabalhava  e que estava promovendo uma comemoração  num bar para festejar o sucesso de uma campanha publicitária bem sucedida a partir de uma idéia de Clara para um novo tranquilizante . É neste cenário que ele encontra uma mulher de 60 anos presumíveis e que fala sobre a felicidade e a realização pessoal duas preocupações do psicanalista, que prepara as malas e  embarca para  Xangai, hoje uma cidade cosmopolita e que se transformou num dos maiores centros mundiais de consumo.
Na viagem,  onde é deslocado da classe executiva para a primeira classe, ele conhece um banqueiro Edward, que o hospeda em um hotel de luxo e com quem participa de um lauto banquete, descobrindo a felicidade que o dinheiro pode de certa forma comprar. O próprio empresário ao ser questionado sobre a essência da felicidade diz: “quando se trabalha tanto  quanto eu não se tem tempo para fazer este tipo de pergunta, porque ou você faz alguma coisa ou simplesmente se aposenta”. Ele se define como um viciado, um divorciado e para ele o mundo que se dane, pois precisava ganhar mais 20 milhões de dólares.
Ele também conhece a felicidade na China através de uma mulher a quem encontra de forma casual e com quem dorme num hotel de luxo, mas descobre no dia seguinte que ela era apenas uma garota de programa, que estaria a serviço do banqueiro Edward para agradá-lo. Daí ele parte para o Tibete e depois para o distante e pobre continente africano, mostrando o contraponto da riqueza de Xangai e de Londres, onde convive com a violência e a pobreza.
O diretor Peter Chelsom desenvolve com competência o desenrolar do enredo, mostrando como contraponto, que Hector vai anotando cada passo da viagem numa agenda que ganhou de Clara, bem como mostrando   as conclusões a que vai chegando sobre o que é a felicidade e os caminhos para o seu alcance.
A agenda aberta, com desenhos e anotações pessoais  se transforma no filme numa janela para uma série de animações aberta de forma criativa para o espectador. Numa das anotações Hector observa que muitas pessoas acham que a felicidade se restringe de forma simplista a ser rico ou importante importante.
Hector anota também na sua agenda que “algumas vezes a felicidade é não saber de toda  a história inteira” ou  que ela pode ser a arte de amar a mais de uma mulher ao mesmo tempo,   e ainda  que a “a felicidade é saber como celebrar” e  até mesmo saber ouvir, como declara um paciente em estado gravíssimo que ele ajuda e a quem escuta longamente, no vôo entre a África e Los Angeles, onde visita o  professor Coreman, um cientista que desenvolveu uma máquina capaz de mostrar em cores as sensações e para quem “nós deveríamos nos preocupar não tanto com a busca da felicidade, mas com a felicidade da busca”, revelando o outro lado dialético da mesma questão.
Quanto ao amor e a felicidade, um personagem considera que a pessoa tem todas as cartas na mão e que o importante seria saber se a pessoa a quem se ama a  deixa feliz ou bem triste. Para uma mulher entrevistada por Hector, a felicidade pode estar na própria casa, na família, e até mesmo em levar uma vida normal e com saúde, mas ficam outras conclusões a mais: “felicidade é você ser amado pelo que você é” ou “está em sentir-se completamente vivo”.(KLEBER TORRES)

Ficha técnica:

Título:  Hector and the Search for Happiness (Hector e a Procura da Felicidade)
Direção:              Peter Chelsom
Elenco:   Simon Pegg, Barry Atsma,  Chad Willett, Ming Zhao, Christopher Plummer e Deborah Rosan
Argumento         Peter Chelsom, Tinker Lindsay e Maria von Heland  baseado no livro Le Voyage d'Hector ou la Recherche du bonheur de François Lelord
Música: Dan Mangan e Jesse Zubot
Direção de arte: Michael Diner
Figurino: Guy Speranza
Fotografia : Kolja Brandt
Edição: Claus Wehlisch
Gênero : Comédia
Uma produção da Alemanha, Canadá e  Reino Unido
Ano: 2014  
cor

 120 minutos

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