A morte aparece como tema transversal ao longo do documentário ‘Torquato
Neto - Em todas as horas do fim’, dirigido e roteirizado por Eduardo Ades e Marcus Fernando, sobre a vida trágica do poeta dos ‘Últimos Dias de
Paupéria’, “Torquatália – do lado de dentro” e “Torquatália – geleia geral”,
publicados postumamente, que também atuou no cinema e na música, emplacando cerca
de 40 sucessos como 'Soy Loco Por Ti América', ’Geleia Geral”, ‘Prá dizer adeus’ e ‘Marginália II” , o que o torna um dos expoentes do
Tropicalismo e no jornalismo, assinando a coluna Geleia Geral, na Última Hora. Como
ativista cultural, o artista multimídia piauiense também foi um ativo participante
revolução contracultural que mudou os rumos da cultura brasileira nos anos 1960
e 1970.
O fato é que além de ser um dos pensadores e letristas mais ativos da
Tropicália, Torquato Neto (1944-1972), interpretado pelo ator Jesuíta Barbosa, foi parceiro de primeira hora de Gilberto Gil,
Caetano Veloso, Tom Zé e Jards Macalé, que aparecem no filme dando depoimentos
sobre a sua obra e a trágica vida do artista, que culminou no seu suicídio, aos 28 anos.
Ele viveu pouco, mas teve uma trajetória intensa,
altamente produtiva, inclusive no campo político como crítico do regime militar,
que suspeitava de ter os telefones grampeados e deixando uma obra póstuma
reunida em três volumes. O filme inclui cenas gravadas de músicas para
televisão e filmes com a participação de Torquato Neto, usados como recurso complementares, que se juntaram a
imagens e depoimentos inclusive do seu único filho Thiago. Ele também marcou presença na contracultura brasileira atuando em conjunto com ativistas como Waly Salomão, Ivan Cardoso e
Hélio Oiticica, mas resolvendo dar fim à sua vida ao suicidar-se
no dia seguinte ao seu 28º aniversário em 10 de novembro de 1972.
O filme vale pelo resgate da história da vida de
um dos personagens mais influentes da contracultura brasileira, um dos pais da
Tropicália, cuja morte também previu e ao mesmo recompõe um pedaço perdido e
fragmentário da nossa própria história bem como da MPB, o
que todos agradecem. (Kleber Torres)
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