No momento em que convivemos com a pandemia provocada pelo novo coronavirus (covid-19), vale a pena ver Contágio (Contagion), filme estadunidense dirigido por Steven Soderbergh, com um elenco de primeira linha. O enredo trata da propagação de um vírus transmitido por fômites -objetos inanimados ou substâncias capazes de absorver, reter e transportar organismos contagiantes ou infecciosos de um indivíduo a outro, basta lembrar que uma pessoa toca no rosto em média três mil vezes por dia - e das tentativas de pesquisadores, médicos e trabalhadores de saúde para identificar e conter o avanço de uma doença, que ameaça a estrutura e a própria ordem social, mostrando ao mesmo tempo as buscas da cura através de vacinas, medicamentos, produtos mirabolantes ou mesmo o uso de plasma sanguíneo dos pacientes ja recuperados da virose.
Soderbergh, um cineasta criativo, que trabalha com tramas paralelos e transversais, mostra no filme o avanço da doença a partir do segundo dia e em várias cidades, numa escala global. Ele premia o espectador com a sua causa no final, mostrando no primeiro dia, como surgiu a doença e a transissão do vírus de um morcego para um porco, e depois, para seres humanos, gerando uma pandemia com letalidade de 25%, ou seja, cinco e seis vezes superior à do coronavírus
Tudo começa quando Beth Emhoff (Gwyneth Paltrow) adoece depois de voltar de uma viagem a Hong Kong, com escala em Chicago, onde teve um encontro com um ex-amante. 48 horas depois, ela desmaia na sua casa em Minneapolis, tem convulsões e morre no hospital por uma doença de causa desconhecida. Ao mesmo tempo o filme mostra outras pessoas também acometidas da mesma enfermidade no mundo e muitas delas acabam morrendo até mesmo sem receber sequer atendimento médico.
Ao voltar para casa, Mitch descobre que seu enteado Clark (Griffin Kane) também morreu, possivelmente pelo mesmo motivo. Mitch é isolado num hospital, mas como paciente assintomático, foi considerado imune e assim, retorna para casa em companhia da filha adolescente.
Ao analisarem a eclosão de uma epidemia nos Estados Unidos, representantes do governo temem que a estranha doença, que se parece com uma gripe, seja uma arma, produto de uma possível guerra biológica. A oficial do Serviço de Inteligência Epidêmica, Erin Mears (Kate Winslet) é indicada para investigar o caso. O seu objetivo é rastrear a origem do surto para identificar o paciente zero e o ritmo reprodutivo do vírus.
Como parte do rastreamento de uma epidemia que avança com rapidez e numa intensidade menor que a do coronavírus, em Hong Kong, a epidemiologista da Organização Mundial da Saúde (OMS), Leonora Orantes, busca em conjunto com as autoridades de saúde do país, filmagens onde Beth aparece em um cassino onde ocorreram os primeiros casos da virose, que se propagou por Hong Kong, Tóquio e Londres. O objetivo é identificar o paciente zero. À medida que o novo vírus avança, várias cidades são colocadas em quarentena, e saques e violência eclodem gerando uma forte tensão social.
Alguns cientistas trabalham na produção de uma vacina, processo lento que pode durar até 18 meses. Enquanto isso, outros cientistas identificam que o vírus é transmitido através de superfícies -fômites-, projetando que um em cada 12 habitantes da população mundial será infectada, com uma taxa de mortalidade elevada e que pode em alguns paises chegar a 30%.Para complicar ainda mais a situação Alan Krumwiede (Jude Law) divulga vídeos e diz que se curou do vírus usando um remédio homeopático, o que era uma farsa. Na ficção, a pandemia matou 26 milhões em todo o mundo e 2,5 milhões nos Estados Unidos. Nestes tempos bicudos, qualquer semelhança com mundo real será uma mera coincidência ou uma premonição. (Kleber Torres)
Ficha técnica
Título : Contágio (Contagion)
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Scott Z. Burns
Elenco : Marion Cotillard, Matt Damon, Laurence Fishburn, Jude Law, Gwyneth Paltrow, Elliot Gould, Kate Winslet, Jennifer Ehle, Griffin Kane e SanaaLathan
Cinematografista : Peter Andrews
Lançamento: 9 de setembro de 2011
EUA
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