sexta-feira, 29 de julho de 2016

A busca misteriosa de uma artista obscura, excêntrica, mas genial





O filme Finding Vivian Maier  (A fotografia oculta de Vivian Meier) revela a vida obscura e anônima de uma artista que  passou a sua vida (1º de fevereiro de 1926/21 de abril de 2009) como uma simples babá – sem filhos, marido,  parentes (há registro de um irmão morto) ou aderentes, mas que nos legou um trabalho de fôlego e cuja descoberta só foi possível através da tenacidade de John Maloof, que passou a investigar os seus passos a partir de um conjunto de fotografias feitas numa Roliflex de lente dupla, adquiridas num leilão e dirigiu e produziu um documentário sobre o assunto,  juntamente com Charles Siskel. Graças a este esforço investigativo, hoje, o nome de Vivian Meier aparece  uma das mais talentosas e perspicazes fotógrafas de rua dos EUA e compete em pé de igualdade com celebridades  do mundo da fotografia como Cartier Bresson, Robert  Frank,  Diane Arbus e Helen Levitt.
 O reconhecimento póstumo se deu graças a descoberta de um verdadeiro tesouro, escondido no apartamento em que Vivian viveu até sua morte, em 2009 e num depósito mantido por pessoas para quem trabalhou:  um acervo de mais de 100 mil negativos  retratando um vasto painel  de vida americana com foco em crianças, velhos, mulheres e pessoas empobrecidas ou marginalizadas.
Seguindo uma série de pistas dispersas nos EUA e na França, o documentário revela os segredos por trás dessas fotos e da própria vida misteriosa de Vivien Maier, que falava com um certo sotaque afrancesado falso (sua mãe era de origem francesa) e pouco revelava da sua vida privada, mas vivendo freneticamente como uma colecionadora compulsiva de tudo: retratos, bilhetes,  cupons, passagens de ônibus, cheques devolvidos do imposto de renda que nunca foram sacados e sapatos, chapéus e roupas exóticas.
O seu rico acervo de mais de 100 mil fotografias ainda em fase de revelação e escaneamento, inclui cerca de 700 rolos de filmes coloridos e mais de dois mil em preto & branco, além de 150 rolos de filme em super oito e em 16 milímetros. Em função da quantidade de material acumulado, John Maloof não apenas dirigiu e produziu o filme, como montou exposições da artista nos Estados Unidos e na Europa, que atraíram um grande público, como também escreveu um livro sobre a obra da artista que em vida nunca ganho um centavo pelo seu trabalho.
Um problema: como a artista ainda não era conhecida o Museu de Arte Moderna recusou incorporar parte do acervo da sua obra, que em contrapartida  atraiu o maior publico que já compareceu a uma mostra fotográfica no Centro Cultural de Chicago. O fato é que por contingências do destino a artista só teve fama depois de morta.
Em vida, ela tirava fotografias obsessivamente de tudo, mas ao mesmo tempo guardava as lembranças como partículas da memória no tempo. Nesta viagem ao mundo mágico da fotografia, ela também produzia autoretratos – selfies ? - , mostrando uma pessoa excêntrica, de hábitos incomuns, que usava chapéu de feltro, cortava os cabelos curtos demais, vestindo roupas pesadas e botas do tipo, com que andava quase marchando com rapidez e num estilo quase marcial.
O próprio Maloof conta que estamos vendo um trabalho que ela nunca viu em vida, pois tirava fotos de tudo e guardava o material em grande parte sem revelação, mas  ao mesmo tempo se mantinha informada de tudo, lendo e colecionando milhares de jornais. O fato é que a arte dela revela o lado bizarro e a incongruência da vida, bem como a falta de encanto dos seres humanos com seus dramas pessoais e dilemas existenciais, mas revelando ao mesmo tempo uma visão afetuosa nos olhares e risos das pessoas, capturando  um pouco das suas almas.
Uma outra entrevistada e de quem Meier foi babá observa que ela tinha um lado obscuro e que nunca foi revelado, vivia em quartos que fechava com cadeado  e perdeu vários empregos pelo seu comportamento estranho, ficando com o tempo cada vez mais reclusa e acumuladora compulsiva de tudo o que lhe caia nas mãos, alegando que carregava a própria vida com ela.
Um outro lado da artista era a sua visão jornalística, usando gravadores cassete  para entrevistas sobre temas recorrentes do seu tempo. Assim, foi também a seu modo e com seu estilo pessoal uma jornalista da sua época, chegando mesmo a tentar reconstruir cinematograficamente um crime em que o pai matou a mulher e a filha. Ela também fez uma longa viagem percorrendo diversos países da Ásia, da América Latina e do Egito, que resultaram em milhares de fotos.
O fato é que o mistério da sua vida é tão ou mais interessante que o do seu próprio trabalho, pois uma amiga com quem conviveu por dez anos acabou admitindo que não sabia nada  sobre ela, revelando uma ponta da fotografia oculta de Vivian Meier, que tinha dois temores recorrentes: os homens, com seus perigos e a morte, chegando por isso a recusar atendimento médico quando teve uma sincope na rua para poder voltar para casa sem mobiliário, mas cheia de entulhos e malas do seu universo em desencanto.  (Kleber Torres)



Ficha Técnica
Título : Finding Vivian Meier / A fotografia oculta de Vivian Meier
Documentário/Documentary
Cor/Color digital 83'
Estados Unidos - 2013
Direção, roteiro e produção:  John Maloof e Charlie Siskel
Fotografia:  John Maloof
Montagem:  Aaron Wickenden
Música/Music:  J. Ralph
Gênero - Documentário
Cor

Estados Unidos - 2013

domingo, 17 de julho de 2016

Um filme muito além da marginalidade, da morte ou da loucura





A decadência, a vida, a loucura  e a morte estão presentes em Ironweed, um filme denso e pesado de Hector Babenco, baseado  roteiro de William Kennedy Albany,  a partir de um livro escrito  em 1938 e tendo como referência a grande depressão que afetou  a economia americana e consequentemente mundial, com a marginalização de milhões de desempregados, afetados pela desagregação familiar, desemprego  e pelo alcoolismo . O elenco conta com a competência  de Jack Nicholson, que interpreta   Francis Phelan, um homem atormentado por fantasmas do passado e nos limites da loucura e de Helen Archer, uma mulher de origem burguesa, que acaba marginalizada até  mesmo pela própria familia que lhe sonega até os direitos à herança.
Os dois interpretam um casal de alcoólatras que vive junto há nove anos,  num mundo de fantasia para sobreviver às lembranças e tragédias do passado à base de álcool e diálogos densos.  Francis convive o drama de ter sido o responsável pela morte do próprio filho recém-nascido, ao deixá-lo cair no chão 22 anos antes, enquanto Helen vive das lembranças de ter sido uma celebridade como  cantora e pianista, que acabou esquecida jogadas nas ruas, com algumas malas com pertences restantes  do tempo de glória e um gramofone .
Ele fala da sua tragédia na relação com as pessoas e com o mundo, resignando-se com a condição de mendigo e tem como parceiro um amigo bêbado, que aparece bem vestido com as roupas que recebeu num hospital depois de diagnosticado com câncer, quando o médico lhe deu mais seis meses de vida indiferente à sua condição, pois bebendo ou não  ele iria morrer de qualquer forma.  O câncer foi a única coisa concreta que o bêbado conseguira em vida.
Enquanto  Francis tenta sem sucesso  voltar à realidade,  assombrado por fantasmas com quem conviveu ao longo da vida, inclusive das lembranças com ex-jogador de beisebol  e conseguir um emprego para dar um pouco de conforto à companheira Helen, já muito doente e enfraquecida, ela reúne as últimas economias, cerca de 12 dólares  e se hospeda num hotel. Ali, ela  acaba morrendo e é encontrada sem vida pelo companheiro, que cansado de tragédias não se abate com a sua morte e retoma o seu mundo de marginalização embarcando sem destino num trem que o levará a qualquer lugar com suas lembranças amargas e restos de passado.
Hector Babenco, trata, o filme com  lentidão  e  a tensão dos dramas humanos dos outlaws sem comida, sem teto e expostos aos rigores do frio, expondo personagens como Francis Phelan, uma espécie de anti-herói  e  vagabundo, que junta algum dinheiro e tenta voltar ao lar que abandonou trazendo um peru de pouco mais de seis quilos. Numa cena antológica Meryl Streep canta um bar uma canção no bar, mas recebe poucos aplausos.
Como resultado filme recebeu duas indicações para o Oscar 1988 (EUA) nas categorias de Melhor Ator (Jack Nicholson) e Melhor Atriz (Meryl Streep) e recebeu indicação para o Globo de Ouro do mesmo ano também  nos Estados Unidos para Jack Nicholson) como melhor ator. Ironweed também competiu no Festival de Moscou em 1989, na Rússia e valeu a indicação de Héctor Babenco, que morreu recentemente, ao prêmio Golden St. George, da New York Film Critics Circle Awards. (KLEBER TORRES)

Ficha Técnica
Ironweed (Estranhos na Mesma Cidade) (PT)
Direção - Hector Babenco
Roteiro -William Kennedy
Elenco   - Jack Nicholson, Meryl Streep, Carroll Baker, Michael O'Keefe
Gênero -              drama
 Estados Unidos
1987
 cor

 143 min 

sábado, 9 de julho de 2016

Quando a loucura da fé prevalece acima da razão e do bom senso





Quando  uma pequena cidade de Timbuktu,  no norte de Mali, passa a controlada em 2012 por extremistas religiosos do Estado Islâmico, que tem como lema em sua bandeira negra “Alá é o único Deus e Maomé o profeta”, muda toda a vida da comunidade plantada no deserto e no epicentro do nada. O filme é uma produção francesa e mauritânesa, começando com uma caça simbólica a um cervo por um grupo de guerrilheiros  jihadistas disprando balas em profusão sem acertar o alvo  e se repete no final do filme numa caçada similar a um motoqueiro, numa sequência em que as imagens se somam num flash-back  das tomadas inciais de caçada.   Numa cena metafórica, também no inicio do filme as  imagens estilizadas de orixás africanos são derrubadas à bala.
Numa outra cena, quando os integrantes do Estado Islamico chegam à vila, um dos seus porta vozes sai pelas ruas com um megafone anunciando as boas novas em que o fumo estava proibido, bem como ouvir música ou dançar,  além disso, as mulheres só poderiam sair as ruas  usando meias e luvas e os homens com as calças dobradas .
Uma cena antológica é de um jogo de futebol sem bola, driblando a censura de uma prática proibida pelos  jihadistas. O grupo paralisa a partida para que um jumento cruze o espaço da grande área e depois  comemora um gol com  a cobrança de um pênalti  sem bola, mostrando que a censura não impede a criatividade e nem a vida. Com a aproximação de terroristas armados numa moto, o grupo também para a partida num campo de terra batida e simula a realização de exercícios físicos e de um metafórico aquecimento para os atletas.
A família do pastor Kidane (Ibrahim Ahmed), que vivia com a mulher, uma filha e um rapaz que adotou,  numa tenda no deserto e afastada do povoado    tem sua rotina alterada quando um pescador mata uma de suas vacas. Antes, na sua tenda ela comenta com a mulher Sadina (Toulou Kiki), sobre a saudade dos velhos tempos, uma vez que todos os vizinhos  fugiram antes da chegada dos jihadistas e conclui que não adianta andar fugindo, até porque tudo vai acabar um dia, mas pede o apoio da mulher para poder lutar e sobreviver às adversidades.
Ao tirar satisfação com o pescador sobre o ocorrido, ele acaba  se envolvendo numa luta corporal e em desvantagem,  saca de um revólver e num gesto de autodefesa,  acaba matando a vitima.  Tal situação o coloca no alvo da facção religiosa, já que cometera um crime julgado pela sharia, a lei islâmica, que prevê a não punição do culpado e o pagamento de uma indenização.
Como ele era dono de oito vacas, inclusive a GPS que morreu atingida por uma seta atirada pelo pescador,  teria  de pagar com 40 vacas, uma missão racionalmente impossível para um pastor pobre e sem renda. A outra alternativa e que lhe foi aplicada pelos juízes foi a da condenação à morte. Kidane sabe que cometeu um crime grave e não teme a pena capital, manifestando apenas saudade de não mais poder ver a mulher, que passa a ser cortejada por um guerrilheiro e a filha.
Kidane admite aos julgadores  em seu depoimento, que não pode fugir do seu destino e diz que a sua vida está nas mãos de Alá, que também lhe deu e concedeu tudo o que tem na vida. No julgamento ele não obtém  o perdão da mãe e nem da família da vitima, assim acaba condenado a uma execução pública diante dos moradores da vila .
O filme também mostra um grupo de terroristas produzindo um vídeo com depoimento forçado de um cantor de rap,  que precisa olhar para a câmera e mostrar o seu arrependimento. Numa outra sequência, um grupo de guardas islâmicos se mobiliza para saber de onde vem uma música e descobre que a canção é uma elegia a Alá, o que é uma contradição para os censores.
Os jihadistas também divulgam outro edito entre a população proibindo as pessoas de ficarem se exibindo em frente às suas casas e condenando o adultério, que é o pecado mais impuro, o qual tem como consequência uma pena de apedrejamento dos culpados até a morte. Mas também punem com 40 chibatas jovens que cantavam numa casa, mas não sabem conviver com uma haitiana que sobreviveu ao terremoto, e enlouquecida, vive com seus animais de estimação, vestindo roupas exóticas e mostrando um comportamento excêntrico.
Depois do julgamento, um  jihadista comenta que eles são responsáveis por todos os atos e que o fazem por serem seguidores do seu Deus e das leis islâmicas, cumpridas sempre ao pé da letra e enquanto os executores se preparam para o fuzilamento de Kidane,  um motoqueiro vestindo uma túnica colorida se dirige à tenda onde vive a família do pastor e traz a sua mulher para assistir ao fuzilamento. Emocionado e num gesto precipitado, o marido corre em direção à companheira, mas o casal abraçado acaba abatido a tiros de AK 47  junto às pessoas que foram assistir a execução.
Os guerrilheiros partem em perseguição ao motoqueiro retomando a caçada que marca dialeticamente o início e o fim do filme,  alcançando-o à bala.  O filme termina com a filha do casal executado chorando e lamentando as mortes, mas revela o tratamento não adequado para seres humanos em função de uma religião e de uma ideologia alucinada termina com um alento, informando na exibição dos caracteres que nenhum animal foi maltratado durante as filmagens, o que se traduz numa esperança e num sofisma que deve agradar, deveras,  aos animais. (KLEBER TORRES)


Timbuktu
Direção: Abderrahmane Sissako
Roteiro: Abderrahmane Sissako e Kessen Tall
Elenco: Ibrahim Ahmed, Talou Kiki, Abel Jafri, Hichem Yacoubi, Fatoumata Diawara
Música : Amin Bouhafa
Fotografia : Sofian el Fani
Gênero Drama
Nacionalidades França, Mauritânia
2014

1 hora e 36 minutos

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Isabela Rossellini uma lição sobre a vida e a liberdade na maturidade







 “Isabella Rossellini, Além do Cinema”  exibido no ‎Arte1Documenta e que em inglês recebeu o título “My Wild Life’, revela a vida da atriz, modelo e cineasta Isabella Rossellini, uma das mulheres mais belas da história do cinema, filha da atriz sueca Ingrid Bergman com o cineasta italiano Roberto Rossellini. No documentário produzido em 2010, ela fala sobre sua própria vida e mergulha numa revisão da sua história pessoal e  obra, abordando questões como ativismo político, casamento, separação, relacionamento com os filhos, bem como sobre o envelhecimento, a maturidade e a sexualidade.
Ela começa narrando sobre a sua infância repleta de viagens e descobertas, bem como a separação dos pais e a vida em um hotel. O filme tem como cenários Roma, Paris e Nova York, bem como uma propriedade rural onde viveu com seu segundo marido David Lynch, de quem está separada há anos, mas os dois continuam amigos e se falam.
A atriz e cineasta também fala do seu casamento com Martin Scorsese, a quem conheceu em Nova York como correspondente internacional de um programa Domingo Diferente, que fazia juntamente com Renzo Arbore e Roberto Benigni, exibido na Itália. Neste trabalho ela também entrevistou celebridades Mahomed Ali, Barbra Streisand  e Woody Allen.
Ela fala de sexo com liberalidade e o colocou inclusive como tema num outro filme com a sua assinatura Green Porno (Pornô Verde), em que personagens como um camarão e uma abelha ou insetos questionam o machismo e  a sexualidade. Também visita a Instituto de Biologia Marinha para ver a reprodução do ouriço do mar e conta que ainda se sente confusa com relação à sexualidade e os tabus culturais de quem nasceu nos anos 50 do século passado:  “para quem a sexualidade era muito complicada”.
Uma parte do filme é dedicada ao pai Roberto Rosellini, que morreu quando ela tinha 24 anos, uma época de transição na sua vida, cuja fase mais difícil foi o período entre os 18 e os 26 anos quando lutava para sair do casulo e conquistar a própria liberdade.
Ela fala ainda do filme “Meu pai tem 100 anos” de Guy Maddin, rodado em 2005, sobre Roberto Rossellinio  onde fala dos três fatores que motivaram a sua vida o medo, o desejo e a necessidade de conhecer. Também fala da relação do pai com  a Nouvelle Vague e seus filmes – Europa 51, Romance na Itália, Roma, Cidade Aberta  e Stronboli -que ficaram esquecidos e sem seguidores, mesmo com enredos trabalhados, com um enquadramento simples e objetivo. O trabalho do cineasta também não foi bem recebido e nem reconhecido pela crítica cinematográfica.
Em Meu pai tem 100 anos há um depoimento de Ingrid Bergmamm falando da sua relação com Rossellini, um homem  forte e que a encorajou para a vida, mas também fala da separação do casal.
Benigni e Arbore têm participação em “Isabella Rossellini – Além do Cinema”, onde falam sobre a carreira da atriz e cineasta, destacando a sua competência e beleza.  Ela conta que vai pouco à Italia, país onde uma mãe solteira não pode adotar uma criança e ela havia adotado um filho, Roberto, de origem africana, o  que seria criminalizado pela lei italiana, que considera um pais machista e onde a mulher se define por quem se casa ou com quem transa.
Mas mesmo assim, ela sente falta do convívio com amigos e familiares italianos, com quem se reúne em restaurantes quando viaja sozinha para Roma, que faz parte do cenário do documentário, dizendo: “sinto falta da beleza, das amizades e dos jantares, afinal estamos aqui para aproveitar a vida”.
Ela também fala do sucesso da filha que tem sido capa e objeto de reportagens de revistas de moda, numa profissão que como a de atriz exige graça, elegância e muita emoção. Também lembra que aos 40 anos fez um filme publicitário que ganhou repercussão ao divulgar um creme contra envelhecimento, uma coisa ligada à sociedade de consumo.
Isabelle Rossellini também fala de uma ponta que fez no filme Questão de tempo, de Vicent Minelli, em 1976, onde contracena como uma jovem noviça, ao lado da mãe Ingrid Bergmann, que fazia o papel de uma condessa que morre. O filme valeu para ela por ter podido passar mais um dia em companhia da mãe hoje falecida.
Ela comenta ainda sobre sua participação no cult movie “Veludo Azul”, de David Lynch, em 1986 e que apesar de ser um filme de certa forma violento, se sentiu confortável, pois usou a experiência de uma agressão que sofrera de um namorado na adolescência para uma das cenas onde contracenou com Kyle MacLachlan e com Dennis Hooper, que faz o papel de um  psicopata enlouquecido.
Conta ainda que a cena em que fica nua numa rua no mesmo filme, foi vista por David Lynch na vida real e que a colocou no filme. Na interpretação, ela conta que assumiu o mesmo gestual de uma menina que teve as roupas e o corpo queimado  por uma bomba napalm na guerra do Vietnã, ficando com os braços abertos e estendidos de forma lateral, uma imagem muda do medo, do desespero e da dor.

Ela fala da separação como um momento difícil. A de Scorsese  ocorreu porque ela descobriu que ele amava mais o cinema do que qualquer outra coisa na vida e a de David Lynch foi de certa forma mais dolorosa, porque a decisão partiu dele, mas hoje, os dois são amigos fraternos. O filme também traz uma lição importante de que a leveza e a liberdade podem ser atingidas na maturidade, quando as pessoas ficam parecidas com as borboletas.(Kleber Torres)

domingo, 3 de julho de 2016

O suspense na lista cinematográfica sobre Orson Welles





Em  1948, Orson Welles (Danny Huston) tenta a sua reinvenção após uma crise com os produtores de  Hollywood e após o  do seu casamento tumultuado com a atriz Rita Hayworth. Nesse contexto, ele embarca  para Roma onde deveria assumir a direção de Black Magic, mas um ator é assassinado no set de filmagens e cineasta  encontra-se com sua bela filha adotiva (Paz Vega) passando a investigar o caso em companhia do seu motorista, um anarquista italiano.
O caso é complicado e envolve  Welles, que havia se notabilizado com a transmissão radiofônica da Guerra dos Mundos, de H.G.Wells, feita pela feita pelo Mercury Theater on the Air e que causou comoção e pânico nos Estados Unidos, bem comona direção do Cidadão Kane, considerado uma obra prima no cinema. Assim, o cineasta acaba envolvido num perigoso jogo político de intriga internacional num cenário de pós-guerra e de realização de uma eleição importante para os destinos da Itália, onde o PC tem forte influência junto ao eleitorado.
A disputa envolvia grupos de direita apoiados pelos Estados Unidos e de esquerda financiados pelos russos, no prenúncio da guerra fria que se acentuou nos anos 60, mas  que também se contrapunham com nacionalistas herdeiros do fascismo, o que resultou numa série de assassinatos e atentados marcando uma escalada de violência na Itália.
O fato é de que além  recepção relativamente indiferente que teve  por parte dos italianos, o cineasta era tratado pelos jornalistas como o senhor Hayworth, Welles teve ainda  que trabalhar com um diretor limitado e   com um ambicioso roteiro medíocre, que segundo ele poderia melhorar muito. Welles confessa ao motorista  que estava trabalhando num filme de segunda e com um diretor de terceira.
Mas prossegue mantendo o compromisso profissional  e, durante as gravações do filme, ocorre o primeiro assassinato da história, o qual passa a investigar com a ajuda de seu motorista,  em busca de uma explicação para a morte  do personagem, que a morrer fala de Nero, o que pode estar ligado ao tráfico de drogas, que a vitima comprava para a mulher viciada em heroína.
A partir daí a partir de uma série de pistas e informações contraditórias, inclusive de familiares da vitima e de um amigo ligado à CIA, o cineasta descobre que existe uma conspiração como pano de fundo do enredo e uma lista de dez nomes, entre os quais  o seu  também está incluído. A questão é saber se ele também estaria ameaçado de morte e o por quê?
O filme que faz parte de uma parte da biografia de Welles, um cineasta que colocou o seu nome em definitivo na história do cinema é inteligente. Nele, um dos personagens, o motorista diz ao analisar o cenário político  e de mudanças do pós-guerra, que “as moscas mudam, mas a merda é sempre a mesma”, e nele aparecem referência  personalidades bem conhecidas da historia cinema, bem como da Cinecittà, que depois da segunda guerra passou a receber e ser abrigo de milhares de refugiados.
O filme também vale pela reconstituição de época e por uma trilha sonora, além de contar com o excelente desempenho de Danny Huston interpretando o imortal Orson Welles, que sofreu forte grande influência de cineastas como Griffith e Eisenstein, mas também foi personagem de outros filmes sobre a sua vida, mas depois desta viagem a Itália, jamais retornou aos Estados Unidos.(Kleber Torres)


Ficha técnica

Titulo : Fade to Black (Um Nome na Lista_
Direção: Oliver Parker
Elenco: Danny Huston, Paz Vega, Christopher Walken, Diego Luna, Anna Galiena, Nathaniel Parker, Violante Placido
Música composta por: Charlie Mole
Roteiro: Oliver Parker com base em um romance de Davide Ferrario
Ano :2006

Gênero:  Thriller/Mistério  1h 44m



O suspense na lista cinematográfica sobre Orson Welles





Em  1948, Orson Welles (Danny Huston) tenta a sua reinvenção após uma crise com os produtores de  Hollywood e após o  do seu casamento tumultuado com a atriz Rita Hayworth. Nesse contexto, ele embarca  para Roma onde deveria assumir a direção de Black Magic, mas um ator é assassinado no set de filmagens e cineasta  encontra-se com sua bela filha adotiva (Paz Vega) passando a investigar o caso em companhia do seu motorista, um anarquista italiano.
O caso é complicado e envolve  Welles, que havia se notabilizado com a transmissão radiofônica da Guerra dos Mundos, de H.G.Wells, feita pela feita pelo Mercury Theater on the Air e que causou comoção e pânico nos Estados Unidos, bem comona direção do Cidadão Kane, considerado uma obra prima no cinema. Assim, o cineasta acaba envolvido num perigoso jogo político de intriga internacional num cenário de pós-guerra e de realização de uma eleição importante para os destinos da Itália, onde o PC tem forte influência junto ao eleitorado.
A disputa envolvia grupos de direita apoiados pelos Estados Unidos e de esquerda financiados pelos russos, no prenúncio da guerra fria que se acentuou nos anos 60, mas  que também se contrapunham com nacionalistas herdeiros do fascismo, o que resultou numa série de assassinatos e atentados marcando uma escalada de violência na Itália.
O fato é de que além  recepção relativamente indiferente que teve  por parte dos italianos, o cineasta era tratado pelos jornalistas como o senhor Hayworth, Welles teve ainda  que trabalhar com um diretor limitado e   com um ambicioso roteiro medíocre, que segundo ele poderia melhorar muito. Welles confessa ao motorista  que estava trabalhando num filme de segunda e com um diretor de terceira.
Mas prossegue mantendo o compromisso profissional  e, durante as gravações do filme, ocorre o primeiro assassinato da história, o qual passa a investigar com a ajuda de seu motorista,  em busca de uma explicação para a morte  do personagem, que a morrer fala de Nero, o que pode estar ligado ao tráfico de drogas, que a vitima comprava para a mulher viciada em heroína.
A partir daí a partir de uma série de pistas e informações contraditórias, inclusive de familiares da vitima e de um amigo ligado à CIA, o cineasta descobre que existe uma conspiração como pano de fundo do enredo e uma lista de dez nomes, entre os quais  o seu  também está incluído. A questão é saber se ele também estaria ameaçado de morte e o por quê?
O filme que faz parte de uma parte da biografia de Welles, um cineasta que colocou o seu nome em definitivo na história do cinema é inteligente. Nele, um dos personagens, o motorista diz ao analisar o cenário político  e de mudanças do pós-guerra, que “as moscas mudam, mas a merda é sempre a mesma”, e nele aparecem referência  personalidades bem conhecidas da historia cinema, bem como da Cinecittà, que depois da segunda guerra passou a receber e ser abrigo de milhares de refugiados.
O filme também vale pela reconstituição de época e por uma trilha sonora, além de contar com o excelente desempenho de Danny Huston interpretando o imortal Orson Welles, que sofreu forte grande influência de cineastas como Griffith e Eisenstein, mas também foi personagem de outros filmes sobre a sua vida, mas depois desta viagem a Itália, jamais retornou aos Estados Unidos.(Kleber Torres)


Ficha técnica

Titulo : Fade to Black (Um Nome na Lista_
Direção :Oliver Parjer
Elenco: Elenco: Danny Huston, Paz Vega, Christopher Walken, Diego Luna, Anna Galiena, Nathaniel Parker, Violante Placido
Música : Charlie Mollie 
Roteiro: Oliver Parker com base em um romance de Davide Ferrario
Ano :2006
Gênero:  Thriller/Mistério 1h 44m