Comparado metaforicamente com o Ted Bandy (Theodore Robert Bundy um notório assassino em série
americano que sequestrou, estuprou e matou 36 mulheres jovens na década de 1970, mas as autoridades acreditam que o número de assassinatos seja
superior a 100 mortes), o que nunca aceitou, o empresário Bernie Madoff, ex-presidente
e fundador da Nasdaq, foi o pivô central
de um rombo de US$ 100 bilhões no mercado financeiro americano, o que provocou
uma espécie de terremoto com dimensões globais. A quebrada pirâmide deixou milionários empobrecidos, provocou mortes
e suicídios.
O filme The
Wizard of Lies (O Mago das Mentiras) parte da premissa de uma
entrevista do Bernie Madoff (Robert de Niro), à jornalista Diana Henriques,
sobre a quebra de um fundo dirigido pelo empresário, que operou por décadas uma
espécie de pirâmide no mercado financeiro. O golpe foi desmascarado pelo
consultor financeiro Henry Marko Polo, ao analisar o gráfico da performance do fundo, que tinha uma direção única, sempre para cima, sem
nenhuma variação uma tendência que fugia à lógica do sistema financeiro e das
bolsas.
Ele apontou as evidências de irregularidades para a SEC (U.S. Securities and Exchange Commission) do
mercado americano, que se omitiu e não investigou a denúncia e nem ao Depository Trust
& Clearing Corporation ( DTCC ) que monitora a
pós-negociação dos serviços financeiros, a compensação e liquidação para os
mercados. Madoff, num rasgo de arrependimento diz no filme que preferiria que o
mundo acabasse, lembrando como exemplo o atentado do 11 de setembro, que deixou
a Wall Strret num alerta vermelho.
A fraude era conhecida do operador de Madoff, que
ocupava um andar na sede da sua empresa, com acesso restrito até aos funcionários e familiares, mas que vinha fazendo água com
frequentes retiradas de clientes com saques crescentes nos seus saldos. Ele
chegou a pedir um aporte de mais de US$ 250 milhões a um investidor que tinha
mais de US$ 300 milhões aplicados no fundo piramidal.
Na entrevista, Madoff diz que chegou a cogitar em
suicídio, porque achava que ele que foi venerado no mercado, e agora, era odiado por todos. Comparou a quebra da sua
empresa com a segunda feira negra de 19 de outubro de 1987, quando as bolsas sofreram
uma queda de 22,6% somente comparável com a quebra da bolsa em 1929. Entre as
suas vitimas estavam uma mulher lembrando que era milionária e ficou pobre, um
outro cliente se suicídou e uma viúva cliente do fundo acreditava que Madoff
iria cuidar de tudo. Mesmo na crise, o financista rejeitou um investimento de
R$ 100 milhões de um cliente potencial, mas pediu ao mesmo US$ 400 milhões,
sabendo segundo o seu operador, que a m* toda já estava no ventilador.
A quebra do fundo encerra um histórico de mais de 20
anos de fraudes contábeis. Em casa, Madoff nervoso, discute com a neta de oito
anos, que lhe fez uma pergunta sobre a Wall Street. Um dos seus filhos descobre
que o seu pai, o homem que lhe orientou e ensinou sobre o certo e o errado, era
um criminoso, dizendo que queria a sua vida de volta.
A mulher Ruth divaga lembrando que Bernie Madoff era a sua vida e a memória de uma vida inteira,
que viu passar confortável e luxuosamente. Madoff, por seu turno, assume ao ser
detido culpa pela fraude de segurança, em companhia de investimento e e-mail, assumindo tudo como culpado em todos
os quesitos.
Como ele se declarou culpado de todos os crimes, não
teve mais direito à presunção de inocência. Como ele tinha condições de fugir e
dinheiro em caixa, sua liberdade foi revogada e Bernie Madoff transferido para
uma prisão de segurança máxima. No presídio,
a mulher conta que na tentativa de recuperar os ativos, os agentes do
governo queriam leiloar até as suas roupas íntimas e que em função das
dificuldades vai morar com uma irmã, que também perdeu tudo investindo com o
seu marido : “estou me sentindo uma idiota”, confessa a mulher ao refletir
sobre o esquema ponzi, que era
a pirâmide engendrada por Madoff.
Em sua casa, após o escândalo, as coisas também não
iam tão bem ao ser perguntada por uma visita se estava tudo bem Ruth Madoff (Michelle Pfeiffer) respondeu laconicamente : “já esteve melhor”. Ela
também teve o atendimento rejeitado pelo cabeleireiro cinco estrelas que
frequentava e confessou ter se arrependido de não ter feito nada na vida:”minha
vida é só arrependimento, arrependimento e arrependimento”, lamentou, Ela
também preservou suas joias, única coisa de valor que a ação do governo não
confiscou.
No filme, que tem o sabor de um documentário, estão incluídos depoimentos
das vítimas e nele, Bernie Madoff divulga
uma carta pedindo perdão aos investidores lesados, mas acaba condenado a 150
anos de prisão, o equivalente a 1.800 meses de cadeia. No tribunal, o público
aplaudiu, mas um investidor deixou uma pergunta pairando no ar: “e o meu
dinheiro?” Um repórter que cobria o caso também questionou o que aconteceria se
Madoff tivesse morrido.
Na ação visando a reparação das perdas e a recuperação dos ativos, ficou
definido o leilão de todos os bens da família e da empresa corretora de valores,
entre os quais uma casa de praia de USn$ 9 milhões, além de uma cobertura em
Manhatthan, no valor de US$ 8 milhões. As ações incluíram uma outra casa de
praia em Palm Beach, de US$ 7,2 milhões, além de um Mercedes Benz, iates,
lanchas e objetos domésticos. Também foram recuperados US$ 1,5 bilhão nas
contas bancárias da empresa fraudadora.
Ruth Madoff foi condenada a devolver US$ 44 milhões os filhos Mark e Andrew outros US$ 127 milhões. Mark pratica suicídio depois de mandar uma mensagem para a mulher. Andrew, que faz tratamento de um câncer acaba morrendo em setembro de 2014, e diz num depoimento pessoal,:que é difícil contar a sua história e da família quando há milhares de vitimas, “já omeu pai morreu para mim”.
Madoff, que não se considerava um sociopata, ficou irritado na prisão quando um jornalista
o comparou e Ted Bundy, “isso acontece porque a mídia me transformou no vilão
da Wall Street.” Já a história do psicopata assassino ao qual foi comprado, também
chegou às telas do cinema no filme Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile (A Irresistível face do Mal), em 2019, no final, os
dois são filmes são sucesso de público e de muita polêmica, mostrando a vida
multifacetada de personagens que pairam acima
do bem e do mal. (Kleber Torres)
Ficha
técnica
Título
: The Wizard of Lies (O Mago das Mentiras)
Direção
: Barry Levinson
Roteiro
: Sam Levinson, John Burnham e Samuel Baum
Elenco : Robert de Niro, Diana
B. Henriques, Nathan Darrow, Alessandro
Nivola, Mechael Kostroff, Kathrine Narducci, Michelle Pfeiffer, Steve Coulter,
David Lipman, Kelly Au Coin e Don Castro Fotografia : Elgil Bryld Música : Evgueni e Sacha Galperini 2017 1 h 33 minutos |
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