Mao Zedong, o Líder Supremo da China, considerado um dos mais
sanguinários ditadores do mundo, comparável a Adolf Hitler e Stálin, que também
integram o rol de personagens históricos da série Evolução da Maldade, transmitida
pelo History Channel e que pode ser acessada pelo Youtube, liderou por um
período de mais de 30 anos, aquela nação oriental com mão de ferro, implantando
um regime de terror e de medo, subjugando seus inimigos à força e reforçando
políticas duras para seus próprios cidadãos, deixando um rastro de 40 milhões
de mortos de fome ou torturados por um regime implacável.
Como um líder para quem a morte de 300 milhões
de pessoas seria um preço justo a pagar para cumprir os seus objetivos pessoais e políticos, Mao Zedong admitia que perder metade do seu povo seria razoável
mostrando o perfil de um homem que exercia a violência absoluta através do
poder. Ele é apontado no quinto episódio de um documentário com 50 minutos de
duração, exibido na primeira temporada da série, como um homem que abusava da violência através do poder, e foi retratado como um autocrata sádico, inescrupuloso
e viciado em brutalidade.
O filme também ajuda a compreender o cenário em
que surgiu um líder despótico, que emergiu depois de 2.000 anos de uma dinastia
imperial absolutista, que impedia
qualquer discussão ou crítica ao governo do país. Como contraponto ao poder
imperial em decadência surgem dois grupos políticos disputando o poder: de um
lado, os nacionalistas que queriam um país capitalista e de outro, os
comunistas, influenciados pela revolução russa, os quais acabaram se
defrontando numa guerra civil sangrenta, que durou mais de duas décadas.
Mao Zedong era filho de um fazendeiro, que descobriu na
política uma chance de chegar ao poder. Em 1917, ele conheceu o manifesto comunista, que explicava
o problema e a crise da China submetida a um império decadente e às pressões
dos países colonialistas. Quatro anos depois, ele considerou o comunismo como
único caminho para uma revolução de
sucesso e se dedicou exclusivamente à política, e em essência ao exercício do
poder.
Em razão desta visão estratégica, em 1922 ele
se juntou ao Partido Comunista da China, com o objetivo precípuo de chegar ao
poder. Em 1924, os nacionalistas assumem o poder na China e Mao Zedong passou a acreditar que a revolução chinesa teria de começar a partir dos camponeses, o que passou
a ser o alicerce de sua ação política por quatro décadas, algo natural para que mirava chegar ao poder.
Nos idos de 1927, aos 34 anos, ele foi indicado para o comando do Exército Vermelho, uma milícia
de segunda classe e sem nenhuma estrutura formal. A sua estratégia era
colocar os camponeses contra os donos das fazendas, marcando o início
de uma guerra civil sangrenta na China, o que agradava ao autor da frase: “todo poder cresce no cano
de uma arma”.
É a partir deste período, que Mao Zedong se torna inebriado pela violência. É aí que ele assume o papel
de comissário político do Partido Comunista Chinês, um instrumento político que permitiria controlar o que as pessoas
pensavam e punir os dissidentes. Em 1931, quando o Japão invade a China e toma a Manchuria um
estado independente, aproveitando o conflito,
os comunistas tentam tirar vantagem sobre os nacionalistas, mas falham
nessa nesse processo.
Em 1935, aos 42 anos, Mao Zedong chega ao topo da escalada política, quando foi nomeado liíder
do Partido Comunista da China,mas, dois anos depois, os comunistas maior são
atacados em dois flancos, de um lado, pelos
nacionalistas comandados por Chiang Kai-shek e
de outro pelos japoneses envolvidos numa guerra expansionista. Como comandante do Exército Vermelho, ele queria construir uma
força submissa a ele e que o levasse poder
no final do conflito.
Assim, ele elimina o princípio da teoria de uma utopia igualitária
e enquanto seus seguidores tinham dificuldades em termos de alimentação, moradia e roupas, ele vestia fardamento de um algodão
especial produzido da China e acumulava mordomias. Como um manipulador nato, Mao usou o poder para esvaziar e eliminar os
seus críticos, usando inclusive da tortura, chagando a mandar quebrar os joelhos de um adversário no banco do
tigre, um instrumento de tortura,
obrigando-o a confessar que era um espião nacionalista.
A partir de então, ficou estabelecido que se a pessoa não pensasse como Mao, seu
caminho seria o da morte. Ele também se aplicou ao expandi o ciclo de terror ao seu redor, mas
cuidando sempre de manter as mãos limpas e assépticas, criando uma rede de
espionagem com tentáculos em todos os lugares.
A série conclui que a violência não é uma parte
acidental do maoísmo, mas a sua própria
essência. Como resultado, em 1945, Mao tem sob seu comando um exército de três
milhões de homens armados por Stalin e disposto a ocupar espaços no campo
militar e político. Cinco anos depois, já no poder, ele dirige um pais
empobrecido e que se recupera de três décadas de guerra, quando deflagra o seu
Grande Salto Adiante, iniciado com a aquisição fábricas prontas dos russos e
que eram pagas com alimentos. Ele também deu um tiro de misericórdia na
propriedade privada.
Neste período, Mao, que já se intitulava como O
Grande Timoneiro, não só eliminou a iniciativa privada, como determinou que o que
era produzido no campo seria absorvido pelo estado, iniciando um período de
coletivização da produção, mas com o estabelecimento de metas elevadas de
produtividade e que dificilmente eram atingidas pelos produtores rurais, que
eram punidos com rigor. Esta política
acabou resultando no colapso da produção de alimentos e instauração de um
período de fome que matou milhões de pessoas nos campos e nas cidades.
No final desta época, Mao lançou uma grande campanha
para erradicação dos pardais, acusados de inviabilizarem a produção de
alimentos, o que acabou gerando um problema ambiental ainda mais grave com o
registro de pragas e doenças, cuja propagação era contida justamente pela aves
extintas que funcionavam como predadores naturais de insetos.
Depois de quase 15 milhões de mortes em consequência
da fome na China, Mao planeja ampliar o Salto Adiante e deflagra a Revolução
Cultural, com um grande expurgo que atingiu lideranças do partido comunista,
professores, médicos e todos os que eram considerados revisionistas burgueses.
A polêmica Revolução Cultural no período de
1966 a 1969, empreendida por Mao teve como figura central sua
companheira Jiang Qing
e a participação dos célebres Guardas Vermelhos, que censuravam e impediam na
marra a publicação de livros, produção de filmes e peças teatrais.
Nesta
fase Mao publicou o Livro Vermelho, que seria a sua versão pessoal de O
Capital, com 400 dos seus pensamentos, considerando que uma revolução não é um
jantar, mas algo muito mais, sério, complicado e violento. A meta era expurgar
os pensamentos burgueses para implantação de um pensamento correto nos padrões
que idealizava do comunismo como ideologia que não admitia nenhum tipo de
contestação.
A
Revolução Cultural começou com propostas vagas, atacando o que Mao considerava
velhas ideias, velha cultura, velhos costumes e velhos hábitos, ou seja, abrangia
sem descer em profundidade a tudo o que o Grande Timoneiro, ou seus
porta-vozes, desaprovavam.
No
Livro Vermelho, Mao considerava que a guerra é uma continuação da política por
outros meios, apropriando-se de um conceito do estrategista militar Carl von. Clausewitz (1780-1831),mas
incorporando o conceito do guerra como a
maior forma de luta revolucionária.
Mao dizia
também no livro, que onde a vassoura não alcança, a poeira não irá desaparecer
sozinha e instigava os jovens a atitudes violentas contra os idosos, e os seus
professores, milhares deles agredidos até a morte. A revolução cultural teve um
saldo estimado de mais de um milhão de mortes sabidas e tornou a China um
deserto cultural, além de ser uma oportunidade para eliminar os inimigos visíveis ou invisíveis do
regime num período marcado pela banalização da morte.
O fato
é que o Grande Timoneiro morreu de uma doença degenerativa que lhe afetou a
fala e os movimento, mas enquanto vivo, mesmo vegetativamente, tinha seus
porta-vozes que o protegiam de tudo e de todos, emanando ordens muitas vezes
desconexas. Muitos chineses acreditam também que,
através de suas políticas, Mao lançou os fundamentos econômicos, tecnológicos e
culturais da China moderna, transformando o país de uma ultrapassada sociedade
agrária em uma potencia global que hoje rivaliza com os Estados Unidos.
(Kleber Torres)
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