sábado, 25 de outubro de 2014

O casamento de Maria Braun







A morte precoce e até de certa forma antecipada de Rainer Werner Fassibinder não impediu que ele trilhasse os caminhos da genialidade e uma prova está no filme “O casamento de Maria Braun”. A película é considerada como uma metáfora e ao mesmo tempo uma sátira a partir da análise de que a arte esta embutida no real e na sua própria critica.
O filme reúne no elenco Hanna Schygulla, no papel de Maria Braun, uma mulher que se casa durante a guerra e tem uma convivência de apenas um dia com o marido Hermamn Brauns, interpretado por Kaus Lowitsch, para construir a partir de uma trama simples, uma história que culmina numa tragédia a dois. O filme também revela a inutilidade e o absurdo da guerra, com seu reflexo na vida das pessoas.
Como soldado do exército alemão Hermann Braun é deslocado para a frente  russa de combate. Como ele não retornou após o final da guerra, sua mulher se prostitui, o que seria uma alternativa de sobrevivência num tempo de dificuldades e de fome generalizada num pais devastado pelo pelos bombardeios aliados.
Para sobreviver, Maria passa a freqüentar um bar que tem como principais clientes os soldados americanos da força de ocupação e onde o acesso de alemães do sexo masculino não é sequer permitido. Ela acaba tendo um caso com um soldado americano negro, o qual termina morto pelo seu marido, o qual retorna à Alemanha depois de cair prisioneiro dos russos na frente soviética e não havia morrido como ela imaginava.
O crime afastou o casal mais uma vez. Com Hermann preso e sem condições de manter a família, coube à sua mulher assumir o sustento pessoal e assim, consegue um trabalho com Osvald (Ivan Desny), um empresário a quem com sua experiência de  ex-prostituta, acaba ajudando a superar as dificuldades enfrentadas nos negócios.
Com Osvald, ela também mantém um caso, o que acaba chegando ao conhecimento do seu marido. Ela por seu turno, vai assumindo o comando dos negócios e se transforma numa empresária, adquirindo bens, inclusive uma casa de campo onde passa a viver isolada como uma rica executiva. Hermann  depois de solto da prisão, viaja para o Canadá, onde foi tentar a sua sorte, porque não queria depender da mulher.
Quando ele retorna à Alemanha, encontra em Maria Braun uma mulher emancipada, inteiramente independente e liberada, que para fugir da solidão contrata parceiros sexuais. Osvald  morre de ataque cardíaco e acaba legando sua fortuna para o casal Hermann e Maria , que se reencontra de  forma dúbia e trágica, para a vida e para a morte, pois, não tiveram a sorte e o tempo para serem felizes.
Essa história aparentemente simples e que poderia terminar com um final feliz, ganha força e dramaticidade , porque por atrás de Maria Braun estavam a lucidez e a loucura, embora não haja loucura nenhuma menor que a guerra e a prevalência da morte. Assim, no filme Tanatos brincava com Eros numa sequência ilógica de fatos, numa espécie de jogo de esconde-esconde e que revela profundamente o perfil e contornos da alma humana, onde estavam de plantão e em vigor a falsidade se contrapondo ao amor.
O filme consegue segurar o espectador por 118 minutos sem pieguice e narrando uma história verossimil, que poderia ter acontecido na primeira, na segunda ou numa próxima guerra, afinal nos revela caminhos que são aparentemente convergentes, acima do real ou do irreal e da lógica.  

Ficha técnica:
Titulo: O Casamento de Maria Braun / Die Ehe Der Maria Braun
Direção: Rainer Werner Fassbinder
Elenco: Gisela Uhlen, Gottfried John, Hanna Schygulla, Ivan Desny, Klaus Löwitsch
Género: Drama
ALE, 1978,
Duração: 118 min.

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