Em
29 de dezembro de 1986, aos 54 anos, morria Andrei Arsenyevich Tarkovski, após
uma longa e penosa enfermidade. O cineasta soviético deixou o seu nome inscrito
na história do cinema com uma vasta obra que culmina com o filme
Sacrifício -Sacrificatio–, rodado na Suécia,
e que conquistou simultaneamente todos os prêmios do festival de Cannes, com
uma longa e complicada história em 143 ricos e complexos minutos.
O Sacrifício
nada mais é do que a história de um homem vulgar e fraco, que não é e nem se
propõe a ser um herói, mas um pensador que resolve se sacrificar de modo amplo,
abdicando inclusive do poder e da vida.
O
filme tem a ver com a própria vida do autor, que o dedica ao seu filho e viveu
a experiência de uma longa enfermidade, que acabou lhe custando a vida. Ele faz
uma avialiação críitica meticulosa da condição do homem pós-moderno, da sua
finitude e da sua impotência ou mesmo da sua realidade absurda diante da arte e
da vida com as suas circunstâncias.
Em
síntese, o filme deve também ser visto como uma grande metáfora na busca da
descoberta da essência da própria vida não apenas como um drama existencial e
até sem sentido ou mesmo como uma obra de arte, mesmo finita, o que é possível,
Para
quem não o conhece, Tarkovski nasceu na aldeia de Zavrazhye no Distrito de
Ivanovo em Volga. Seu pai, Arseny Alexandrovich Tarkovsky foi um dos mais
cultuados poetas russos modernos, que lutou no exército soviético durante a
Segunda Guerra e perdeu uma das pernas na frente de combate. Tarkovski ficou
com a mãe, mudando-se com ela e sua irmã Marina para Moscou.
Em
1939, Tarkovski se matriculou na escola 554 de Moscou, que teve de ser evacuada
com a ameaça da invasão nazista. Todas estas passagens e impressões de sua
infância - a evacuação na guerra, sua mãe com seus dois filhos pequenos, a
ausência do pai, e o tempo no hospital, foram registradas no filme
auto-biográfico "O Espelho", de cunho autobiográfico.
Em
1956, Tarkovski dirigiu seu primeiro curta-metragem ainda como aluno da escola
de cinema, The Killers, a partir de um conto de Ernest Hemingway. O
curta-metragem There Will Be No Leave Today e o roteiro Concentrated em 1958 e
1959 sucessivamente completam sua experiência na academia.
Tarkovski
dirigiu apenas sete longas-metragens, bem como três curtas de seu tempo em
VGIK. Ele também escreveu vários roteiros. No palco, dirigiu ainda a peça
Hamlet em Moscou, a ópera Boris Godunov, em Londres, e uma produção de rádio do
conto Turnabout por William Faulkner. Além disso, escreveu Esculpindo o Tempo,
um livro sobre a teoria do cinema.
O
primeiro longa de Tarkovski foi Infância de Ivan, em 1962. seguido de Andrei
Rublev , em 1966, Solaris , em 1972, O Espelho em 1975 e Stalker, em 1979. O documentário Viagem no Tempo foi produzido
na Itália, em 1982, onde também rodou Nostalgia em 1983. Seu último filme, O
Sacrifício, foi produzido na Suécia em 1986. Tarkovski escreveu os roteiros
para todos os seus filmes, muitas vezes
com um co-roteirista, porque acreditava que um diretor que realiza roteiro de
outra pessoa sem estar envolvido da sua elaboração em torna-se um mero ilustrador, o que resultando
em filmes e monótonos e sem sentido. (Kleber Torres)
Ficha
técnica:
Título: Sacrificio (Offret, Sacrificatio)
Direção : Andréi Tarkovski y Michal Leszczyłowski
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