sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Sacrificatio





Em 29 de dezembro de 1986, aos 54 anos, morria Andrei Arsenyevich Tarkovski, após uma longa e penosa enfermidade. O cineasta soviético deixou o seu nome inscrito na história do cinema com uma vasta obra que culmina com o filme Sacrifício  -Sacrificatio–, rodado na Suécia, e que conquistou simultaneamente todos os prêmios do festival de Cannes, com uma longa e complicada história em 143 ricos e complexos minutos.
O Sacrifício nada mais é do que a história de um homem vulgar e fraco, que não é e nem se propõe a ser um herói, mas um pensador que resolve se sacrificar de modo amplo, abdicando inclusive do poder e da vida.
O filme tem a ver com a própria vida do autor, que o dedica ao seu filho e viveu a experiência de uma longa enfermidade, que acabou lhe custando a vida. Ele faz uma avialiação críitica meticulosa da condição do homem pós-moderno, da sua finitude e da sua impotência ou mesmo da sua realidade absurda diante da arte e da vida com as suas circunstâncias.
Em síntese, o filme deve também ser visto como uma grande metáfora na busca da descoberta da essência da própria vida não apenas como um drama existencial e até sem sentido ou mesmo como uma obra de arte, mesmo finita, o que é possível,
Para quem não o conhece, Tarkovski nasceu na aldeia de Zavrazhye no Distrito de Ivanovo em Volga. Seu pai, Arseny Alexandrovich Tarkovsky foi um dos mais cultuados poetas russos modernos, que lutou no exército soviético durante a Segunda Guerra e perdeu uma das pernas na frente de combate. Tarkovski ficou com a mãe, mudando-se com ela e sua irmã Marina para Moscou.
Em 1939, Tarkovski se matriculou na escola 554 de Moscou, que teve de ser evacuada com a ameaça da invasão nazista. Todas estas passagens e impressões de sua infância - a evacuação na guerra, sua mãe com seus dois filhos pequenos, a ausência do pai, e o tempo no hospital, foram registradas no filme auto-biográfico "O Espelho", de cunho autobiográfico.
Em 1956, Tarkovski dirigiu seu primeiro curta-metragem ainda como aluno da escola de cinema, The Killers, a partir de um conto de Ernest Hemingway. O curta-metragem There Will Be No Leave Today e o roteiro Concentrated em 1958 e 1959 sucessivamente completam sua experiência na academia.
Tarkovski dirigiu apenas sete longas-metragens, bem como três curtas de seu tempo em VGIK. Ele também escreveu vários roteiros. No palco, dirigiu ainda a peça Hamlet em Moscou, a ópera Boris Godunov, em Londres, e uma produção de rádio do conto Turnabout por William Faulkner. Além disso, escreveu Esculpindo o Tempo, um livro sobre a teoria do cinema.
O primeiro longa de Tarkovski foi Infância de Ivan, em 1962. seguido de Andrei Rublev , em 1966, Solaris , em 1972, O Espelho em 1975 e Stalker, em 1979.  O documentário Viagem no Tempo foi produzido na Itália, em 1982, onde também rodou Nostalgia em 1983. Seu último filme, O Sacrifício, foi produzido na Suécia em 1986. Tarkovski escreveu os roteiros para todos os seus filmes, muitas  vezes com um co-roteirista, porque acreditava que um diretor que realiza roteiro de outra pessoa sem estar envolvido da sua elaboração  em torna-se um mero ilustrador, o que resultando em filmes e monótonos e sem sentido. (Kleber Torres)

Ficha técnica:
Título: Sacrificio (Offret, Sacrificatio)
Direção : Andréi Tarkovski y Michal Leszczyłowski

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