O
Realidade CNN
exibiu a série documental em três capítulos O Carisma Obscuro de Hitler (The
Dark Charisma of Adolf Hitler), que
narra a trajetória de um ex-cabo e mensageiro do exército alemão na Primeira
Guerra Mundial, o que lhe valeu uma condecoração, e que de um pintor frustrado
e depressivo, acabou se metendo na política e acaboi comandando a Alemanha
levando o mundo a uma guerra entre 1939 a 1945, que custou a vida de 60 milhões
a 85 milhões de pessoas. Ele era um jogador que apostava no tudo ou nada e
fazia prevalecer o caos.
O
estranho nesta história é que o líder nazista, considerado um dos maiores vilões da história, ao lado de figuras
como Joseph Stalin, Mao Tse Tung e Genghis
Khan, entre outros personagens matadores no atacado e no varejo. O fato
é que apesar de ser responsável milhões de mortes e de engendrar a ideia da
solução final para extermínio do povo judeu e que lutava pela erradicação do
comunismo, ainda era amado e idolatrado por
seu povo, que mantinha mobilizado com o apoio da propaganda, confiando na sua
palavra e no seu carisma.
Com
um discurso de ódio, essencialmente antissemita
– culpava os judeus pela derrota da Alemanha na I Guerra Mundial e pelos
problemas econômicos do seu país -, racista
e misógino, ele não aceitava conselhos e nem ouvia conselhos, mas convenceu uma
nação inteira a entrar numa guerra sem fronteiras, que deixou a Europa em
ruínas. Ele também usou a tecnologia a seu favor – falando teatralmente em comícios,
usando emissoras de rádio, filmes e percorreu toda a Alemanha de avião na
tentativa de se eleger para a chefia do governo germânico.
A série mostra o líder
nazista como um homem movido essencialmente
pelo ódio, incapaz de estabelecer relacionamentos humanos normais –no filme ele
empurra uma mulher que o afagava e tentava beijá-lo-, o que o tornaria um líder improvável. Ele também era contrário a
reuniões e a debates políticos, mas, no entanto, conseguiu um apoio gigantesco,
ao propor um partido único num país em havia 33 agremiações partidárias de
todos os matizes.
O documentário escrito pelo historiador e documentarista Laurence Rees
para a BBC, fala das raízes do Holocausto, do plano expansionista dos nazistas que
invadiram a Áustria, onde foram recebidos com rosas e flores pela população, uma
ação seguida da ocupação da Tchecoslováquia e da Polônia, onde matou toda a
oficialidade do exército no massacre de Katyn e implantou os primeiros campos
de extermínio de judeus, deflagrando o estopim da Segunda Guerra e que foi
ampliada como um conflito global com a invasão da França e de outros países europeus, até o rompimento
do pacto de não agressão com Stálin, que resultou na invasão da União Soviética, com a abertura simultânea de três frentes de combate, o que contribuiu
para acelerar a derrota dos alemães e de seus aliados do eixo.
O fato é que todos esses
acontecimentos catastróficos do século XX e que marcaram negativamente a história,
podem ser atribuídos a Adolfo Hitler, que foi, sem sombra de dúvida, um criminoso de
guerra sem precedentes em termos histórico. Ele também foi responsável pela
Noite dos Cristais, em novembro de 1938, com a consequente prisão e morte de milhares de judeus,
servindo de embrião para implantação de
campos de concentração.
O aparente carisma de Hitler lhe garantia o apoio em todas as esferas de poder nas forças
armadas, onde os grupos contrários eram aniquilados a ferro e fogo. Como
consequência de um atentado frustrado em que saiu com ferimentos leves, mais de
200 oficiais foram condenados e executados, alguns deles sumariamente e sem
defesa. Apesar das derrotas sofridas ao longo do tempo, depois de uma série de
vitórias consideradas esmagadoras e com as tropas estimuladas por anfetamina do
chocolate Panzer, mesmo ele ainda era capaz de exercer uma grande influência
nas pessoas que encontrava e a quem convencia com seus discursos e afagos, às
vezes pegando demoradamente nas mãos do interlocutor de quem dependia algum
favor ou uma missão.
Rees, mostra com imagens e depoimentos colhidos ao longo mais de duas décadas de pesquisas com pessoas
que conviveram ou foram vitimas do líder nazista, revelando que por trás da natureza
aparentemente atrativa de Hitler, havia
um suposto carisma que o levou aos meandros do poder e aos caminhos da
morte.
Ele foi estimulado talvez pelo psiquiatra que o tratou de uma depressão,
quando o pintor medíocre foi recusado para frequentar uma escola de artes plásticas no começo dos anos 20 do
século passado e daí, derivou suas pulsões para o sucesso no mundo político e militar, como
caminhos naturais para o poder conseguido a qualquer custo, mas que também o
levou, ao seu país e o mundo a um final trágico, num jogo impossível, em que
valia o tudo ou nada, mas cujo epílogo é conhecido, com o custo absurdo e injustificado da perda de milhões de vidas
humanas e incalculáveis prejuízos materiais.(Kleber Torres)
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