Repressão, seria a única palavra capaz de
definir e sintetizar Cobra, o polêmico filme de George Comsta, o mesmo diretor
de Rambo II – A missão, ambos coincidentemente estrelados por Silvester
Stalone. No Brasil, da censura pós 64, a exibição dos dois filmes nos cinemas
chegou a ser vetada pelo Ministro da Justiça, Paulo Brossard, que os considerou
na época como um apelo à violência.
Em realidade Cobra não é um filme que se
insere com força no que chamaríamos de uma estética da violência, pois, de
certa forma ele se parece até um filme infantil se colocado lado a lado e comparado,
com a série de Sexta-Feira 13, até então
com cinco opções sangrentas e hoje com
mais de 10 filhotes no mercado e considerado muito mais chocantes.
No caso mais específico de Cobra, tudo é mais
simplificado e estilizado. O roteiro assinado pelo próprio Stalone, toma por
base uma novela de Paula Gosling, para contar a estória de um policial sui
generis, ligado ao Exército dos Estados Unidos e que realiza investigações
especiais, que se encerram sempre com
longos tiroteios e um rol de mortos e feridos.
Cobra que é o detetive Marion Cobretti
(Stalone), luta contra uma organização terrorista: a Nova Ordem, que tem como
missão promover a eliminação dos mais fracos para garantir no futuro a
sobrevivência dos mais fortes. O mesmo modelo que foi institucionalizado pela
Alemanha nazista de Hitler, com a banalização do mal.
Todo o filme é centrado na luta contra esta tarefa
eugênica, tendo como gancho principal o fato de que o policial toma como missão
proteger uma mulher, Brigitte Nielsen que havia testemunhado uma chacina
promovida pela Nova Ordem e poderia ajudar a incriminar os seus autores.
O roteiro parte de uma história aparentemente
simples e que resultou num filme movimentado, com todos os ingredientes para
prender o espectador, inclusive com uma
pitada ácida de violência, mas
escondendo de certa forma o aspecto ideológico da guerra de um policial contra
o crime, acima da lei e da justiça, muito além do bem e do mal. Marion Cobra
age a partir do conceito de que o crime é uma doença, cuja cura seria possível
com uma cirurgia drástica e obviamente letal, que seria ele próprio.
Assim, para justificar a parte verbal do seu
discurso político, Cobra não perde tempo com conversa fiada e ao jogar gasolina
sobre o chefe da Nova Ordem, o seu principal antagonista, sobre quem não hesita
em lançar um fósforo aceso, ele faz
questão de citar um mandamento constitucional tão comum nos filmes americanos
ao declarar que “você tem todo direito de ficar calado”.
Ficha
Técnica
Título
Original: Cobra
Gênero:
Policial
Tempo
de Duração: 87 minutos
Ano
de Lançamento (EUA): 1986
Direção:
George P. Cosmatos
Roteiro:
Sylvester Stallone, baseado em livro de Paula Gosling
Música: Sylvester
Levay
Elenco: Sylvester
Stallone, Brigitte Nielsen, Rene Santoni, Andrew Robinsonm Brian Thompson e John
Herzfeld
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