segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A síntese da repressão e da violência de chapa branca





Repressão, seria a única palavra capaz de definir e sintetizar Cobra, o polêmico filme de George Comsta, o mesmo diretor de Rambo II – A missão, ambos coincidentemente estrelados por Silvester Stalone. No Brasil, da censura pós 64, a exibição dos dois filmes nos cinemas chegou a ser vetada pelo Ministro da Justiça, Paulo Brossard, que os considerou na época como um apelo à violência.

Em realidade Cobra não é um filme que se insere com força no que chamaríamos de uma estética da violência, pois, de certa forma ele se parece até um filme infantil se colocado lado a lado e comparado, com a série de  Sexta-Feira 13, até então com cinco  opções sangrentas e hoje com mais de 10 filhotes no mercado e considerado muito mais chocantes.

No caso mais específico de Cobra, tudo é mais simplificado e estilizado. O roteiro assinado pelo próprio Stalone, toma por base uma novela de Paula Gosling, para contar a estória de um policial sui generis, ligado ao Exército dos Estados Unidos e que realiza investigações especiais, que se encerram sempre  com longos tiroteios e um rol de mortos e feridos.

Cobra que é o detetive Marion Cobretti (Stalone), luta contra uma organização terrorista: a Nova Ordem, que tem como missão promover a eliminação dos mais fracos para garantir no futuro a sobrevivência dos mais fortes. O mesmo modelo que foi institucionalizado pela Alemanha nazista de Hitler, com a banalização do mal.

Todo o filme é centrado na luta contra esta tarefa eugênica, tendo como gancho principal o fato de que o policial toma como missão proteger uma mulher, Brigitte Nielsen que havia testemunhado uma chacina promovida pela Nova Ordem e poderia ajudar a incriminar os seus autores.

O roteiro parte de uma história aparentemente simples e que resultou num filme movimentado, com todos os ingredientes para prender o espectador, inclusive com  uma pitada ácida de violência,  mas escondendo de certa forma o aspecto ideológico da guerra de um policial contra o crime, acima da lei e da justiça, muito além do bem e do mal. Marion Cobra age a partir do conceito de que o crime é uma doença, cuja cura seria possível com uma cirurgia drástica e obviamente letal, que seria ele próprio.

Assim, para justificar a parte verbal do seu discurso político, Cobra não perde tempo com conversa fiada e ao jogar gasolina sobre o chefe da Nova Ordem, o seu principal antagonista, sobre quem não hesita em lançar um  fósforo aceso, ele faz questão de citar um mandamento constitucional tão comum nos filmes americanos ao declarar que “você tem todo direito de ficar calado”.


Ficha Técnica
Título Original: Cobra
Gênero: Policial
Tempo de Duração: 87 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1986
Direção: George P. Cosmatos
Roteiro: Sylvester Stallone, baseado em livro de Paula Gosling
Música: Sylvester Levay

Elenco: Sylvester Stallone, Brigitte Nielsen, Rene Santoni, Andrew Robinsonm Brian Thompson e John Herzfeld

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